Lulinha guerra e amor
Edmundo Siqueira 18/04/2023 21:21 - Atualizado em 18/04/2023 21:24
RICARDO STUCKERT/PR
A posição histórica do Brasil em relação aos conflitos armados em outros países é de neutralidade. Não apenas por questões essencialmente militares, mas também por interesses comerciais. Não faz bem a uma nação em desenvolvimento tomar posição em conflitos que não lhe dizem respeito — se não bastasse a irracionalidade que qualquer guerra sempre significa.

No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia existe uma questão de fronteira e território muito específica que afeta uma quantidade enorme de países e pessoas que não estavam preocupadas com isso até a decisão russa de invasão. Não foi uma guerra declarada entre nações rivais. Foi uma invasão; uma tentativa de predominância pela força, de reconquista e de domínio.

Essa é a percepção explícita da ampla maioria dos países, em especial a União Europeia e Estados Unidos. Mas não parece ser a de Lula.

Em um país presidencialista como o Brasil, o que o chefe de Estado fala tem muito peso. “O presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra” — disse Lula em entrevista nos Emirados Árabes, no domingo (16).

Nesta terça (18), Lula tentou se redimir e disse que “condena a violação da integridade territorial da Ucrânia”. Mas o estrago já estava feito. Afinal, qual o interesse do presidente do Brasil em estremecer relações diplomáticas? Existem correntes do PT ou de assessoria presidencial que influenciam nas posições de Lula nessas questões?

Os EUA como inimigo

Não é raro encontrar pessoas na esquerda mais radical que afirmam ser a operação “Lava-Jato” obra dos EUA. Há duas hipóteses que auxiliam nas teorias conspiratórias: a primeira diz respeito aos vazamentos do ex-funcionário da CIA, Edward Snowden, que comprovaram ações de espionagem dos Estados Unidos contra o Brasil, na época, no celular da presidente Dilma Rousseff e em questões relacionadas à Petrobrás. O segundo fato foram os cursos aplicados no Brasil contra lavagem de dinheiro, financiados pelos americanos.

Interesses comerciais muitas vezes escusos e busca por um controle mundial por parte dos EUA não são exatamente uma novidade. E espionagem não é uma exclusividade americana. Países investem em espionagem internacional por interesses diversos. Em fevereiro deste ano, um balão de coleta de informações controlado pela China foi abatido nos EUA, por exemplo.

Na questão da lavagem de dinheiro, os EUA precisam ter uma participação ativa, pois é um campo onde o terrorismo atua, tendo o país norte americano como principal alvo.

Criticar o imperialismo americano não pode passar pela defesa de uma “nova ordem mundial” com a China no comando. Não é razoável a ideia de trocar um imperialismo por outro. Assim como não é aceitável que ditaduras latino americanas como Venezuela e Nicarágua não sejam chamadas pelo nome.

A questão é que o Brasil precisa de seus arranjos comerciais internacionais, e tem na China e nos EUA seus principais parceiros. Quando o presidente, sem qualquer motivo lógico aparente, decide marcar posição em um conflito bélico com implicações mundiais, coloca o Brasil em um lado da história. E ela prova que o lado do invasor quase sempre é o lado errado.

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