A arte sacra é uma expressão artística profundamente entrelaçada com crenças religiosas e práticas espirituais. Ela é projetada para inspirar, levar a mente para uma compreensão mais profunda dos mistérios da fé e para guiar a alma em direção ao divino e à espiritualidade. A arte sacra não é meramente para entretenimento e nunca foi, ela visa algo mais acima, inspirar o coração, a mente e a alma.

O artista sacro Henrique Resende, que está pintando a Igreja Nossa Senhora Aparecida atualmente, em São Fidélis, no norte do estado do Rio de Janeiro, conta que já tinha se dedicado à arte desde o passado. “Embora eu já me dedicasse integralmente à arte e de, naquela época, já ter pintado algumas igrejas, a arte sacra surgiu verdadeiramente e de maneira avassaladora quando pintei a parede do Altar do Santuário Nossa Senhora Mãe do Infinito Amor, em Itaperuna. Ali ficou muito claro para mim a condução do Espírito Santo na realização da obra e a presença muito forte da Virgem Santíssima em minha vida. Daquele momento em diante eu não parei mais com a arte sacra, trabalhando de maneira ininterrupta”, disse Henrique.

O conceito de arte sacra, como muitas pessoas pensam, é ela ser igual à arte religiosa. Porém, embora se aproximem bastante, há algumas diferenças entre elas.

A arte religiosa, por exemplo, são manifestações que geralmente estão fora dos lugares onde são praticados rituais, como “O batismo de Cristo”, que foi pintado por Andrea del Verrocchio, que hoje está localizado na Galleria degli Uffizi, em Florença, na Itália.

“Na minha opinião, a arte sacra é a mais potente das artes. Penso que o objetivo de toda arte não deveria ser outro além da glória de Deus e a renovação da alma. A natureza da arte é espiritual e não visual como grande parte dos artistas de hoje, equivocadamente”, acredita Henrique Resende.

Já as artes sacras estão localizadas onde são realizadas celebrações religiosas. Com isso, estão intimamente relacionadas aos rituais. Elas envolvem as sensações de religiosidade e fé dos fiéis, mediados por um ambiente sagrado, conhecido como “espaço litúrgico”.

Henrique Resende ainda conta um pouco de sua inspiração: "A minha inspiração é poder tocar as almas e evangelizar através da pintura. Quando eu era adolescente, durante uma Missa na Igreja Matriz de São José de Leonissa (Itaocara), olhei para o teto e pedi a Deus que me desse uma igreja pra pintar. Imaginei anjos voando ali". Deus foi muito bom: me deu não só aquela Igreja que foi minha primeira pintura sacra anos depois como umas vinte outras Igrejas".

A arte sacra cristã foi tendo um grande aumento, principalmente na Europa e em países colonizados, como o Brasil, por exemplo. Atualmente, temos grandes templos vitrais e esculturas dos mais diversos estilos, sejam eles neoclássicos, góticos e outros. Além desse mundo cristão, já existiam diversas outras manifestações artísticas com esses tipos de artes, como as indígenas.

A Igreja Católica sempre ensinou, sobretudo a arte sacra, têm em vista, “por natureza, exprimir de alguma forma nas obras humanas a beleza infinita de Deus e procuram aumentar seu louvor e sua glória na medida em que não tiverem outro propósito senão o de contribuir poderosamente para encaminhar os corações humanos a Deus” (Concílio Vaticano II: SC nº 122). E ela ainda define e determina o seguinte: “As veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos” (II Concílio de Nicéia, ano 787).

Para finalizar, o Papa São João Paulo II ainda escreve a “Carta aos Artistas”, “segundo a expressão do Gênesis, todo o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima”. (Papa São João Paulo II: “Carta aos Artistas” nº 2, de 4 de abril de 1999). Portanto, a arte sacra se fundamenta na ciência da forma, no simbolismo inerente às formas. As imagens substituem a mensagem verbal e escrita.