Provedor da Santa Casa se pronuncia sobre falta de pagamento dos médicos da unidade
Éder Souza 18/04/2025 16:02 - Atualizado em 18/04/2025 16:19
Santa Casa
Santa Casa / Foto: Rodrigo Silveira


O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos, Carlos Machado, após ser procurado pela Folha, se pronunciou nesta sexta-feira (18) sobre o atraso dos salários dos médicos que atuam na unidade de saúde. A informação foi noticiada nessa quinta-feira (17) pelo Blog Ponto de Vista, aqui. Alguns profissionais, como os médicos que trabalham por produção, já estariam há 15 meses sem receber. Em nota, Carlos Machado disse que a unidade de saúde vive um momento decisivo de profunda reestruturação administrativa e financeira. Ele ainda informou que busca soluções viáveis e sustentáveis para quitar as dívidas, entre elas, o salário dos médicos. Veja a nota na íntegra no final da reportagem.

Também nesta sexta, o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) informou que o problema se estende a todas as instituições hospitalares contratualizadas do município: Hospital Plantadores de Cana, Beneficência Portuguesa, Hospital Escola Álvaro Alvim e a própria Santa Casa.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Campos informou que os repasses federais destinados às instituições estão em dia: "Não há atrasos por parte do Ministério da Saúde nem da Prefeitura de Campos", destacou o município.

Na tentativa de buscar soluções para superar a crise nas unidades de saúde, uma reunião entre representantes da Prefeitura de Campos e do Sindicato dos Médicos foi marcada para a próxima quinta-feira (24).

Confira, na íntegra, a nota do provedor da Santa Casa, Carlos Machado:
"A Santa Casa de Misericórdia de Campos, fundada em 1792, é uma instituição bicentenária que carrega consigo uma história de compromisso com a vida, a caridade e o serviço público de saúde. Ao longo de mais de dois séculos, resistiu às inúmeras turbulências políticas, sociais e econômicas que marcaram o país, mantendo-se firme em sua missão de acolher com dignidade aqueles que mais precisam.

Atualmente, a Santa Casa vive um momento decisivo de profunda reestruturação administrativa e financeira. Estamos atuando com muita responsabilidade o processo de recuperação institucional, pautado na transparência, na ética e na valorização da história da entidade. Estamos enfrentando desafios acumulados ao longo de anos e empenhados para revertermos o atual quadro. Um dos compromissos mais sensíveis e urgentes assumidos pela atual administração é com os profissionais médicos, cuja dedicação tem sido fundamental para manter o funcionamento do hospital mesmo em meio às dificuldades.

A instituição reconhece, com profundo respeito, o papel indispensável dessa categoria e a responsabilidade institucional de honrar os compromissos assumidos com esses profissionais ao longo dos anos. Embora o passivo existente com os médicos seja um acúmulo de vários anos temos batalhado intensamente na busca de soluções viáveis e sustentáveis para quitar essas dívidas. Com diálogo aberto, responsabilidade e respeito, estamos buscando alternativas para que esses profissionais recebam o que lhes são devidos, em reconhecimento aos seus trabalhos e aos seus compromissos com a saúde da população de Campos dos Goytacazes e região.

Entre as ações já concretizadas pela atual gestão, destaca-se a negociação de um passivo expressivo com a Receita Federal, o que permitirá, já a partir da próxima semana, a recuperação da Certidão Negativa de Débitos (CND) — um documento essencial que há anos a Santa Casa não conseguia obter. Outro marco importante foi a recuperação do CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na área de Saúde), que garante o reconhecimento federal da instituição como filantrópica — um título que havia sido perdido a vários anos e indispensável para obtenção de diversos recursos federais.

Estamos também em fase final de negociação da dívida com o FGTS, possibilitando a retomada da Certidão de Regularidade do Fundo (CRF), mais um passo essencial para a recuperação da credibilidade e da capacidade institucional da Santa Casa. Outro ponto de atenção permanente é a manutenção do pagamento dos salários dos colaboradores em dia. Trata-se de uma preocupação não apenas administrativa, mas sobretudo humana e social, pois são centenas de famílias que dependem dessa remuneração para viver com dignidade. Garantir esse compromisso é reconhecer a dedicação dos profissionais que, diariamente, mantêm a Santa Casa viva.
Por meio de um diálogo construtivo e comprometido, temos mantido uma articulação nas esferas municipal, estadual e federal para viabilizarmos novos caminhos que possam ajudar a Santa Casa a superar suas pendências financeiras e garantir sua plena recuperação. Prefeitura de Campos, em gestões anteriores, acumulou um débito com a Santa Casa de Misericórdia de Campos no valor de R$ 12 milhões. Esses débitos, atualmente judicializados, estão sendo objeto de negociação entre a atual gestão municipal e a direção da instituição, com o objetivo de viabilizar seu parcelamento e pagamento.

Os valores recuperados por meio desses processos serão fundamentais para que a Santa Casa de Misericórdia de Campos consiga honrar seus compromissos com os profissionais médicos que integram seu corpo clínico. Além disso, outras frentes de negociação estão em andamento com o objetivo de ampliar os repasses, fortalecer o financiamento da instituição e assegurar a continuidade dos serviços de saúde prestados à população. Vale ressaltar que a atual gestão da Santa Casa de Misericórdia de Campos está há apenas cinco meses à frente da instituição e, desde o primeiro dia, tem se dedicado com responsabilidade e compromisso à recuperação financeira e estrutural deste importante hospital filantrópico.

Mesmo diante de inúmeros desafios herdados já foram adotadas medidas concretas e efetivas para reorganizar a Instituição. Reestruturar a Santa Casa não é apenas um desafio administrativo — é um verdadeiro ato de resgate histórico, social e humano. Com 232 anos de existência, a Santa Casa de Misericórdia de Campos é um patrimônio vivo da nossa cidade, que atravessou gerações levando cuidado, fé e esperança à população. Estamos nos dedicando com afinco e profundo senso de responsabilidade a essa missão grandiosa de reconstrução.
Trata-se de um esforço incansável, feito com seriedade e comprometimento, para devolver à instituição sua dignidade, sua credibilidade e sua plena capacidade de continuar salvando vidas. A reconstrução da Santa Casa é possível, é necessária e está em curso — com trabalho, união e amor ao próximo. Carlos Machado Provedor". 

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