Nos velhos tempos do Liceu, uma divertida narrativa de nomes e sobrenomes
12/10/2020 07:36 - Atualizado em 12/10/2020 07:42
O blog Dijaojinha, desativado, infelizmente, desde 2014, tem nos seus quadros grandes contadores de histórias, caso de Clausner Nogueira, que nos brinda com o relato de uma divertida situação vivida nos seus tempos de aluno do Liceu de Humanidades de Campos:
"Estudei no Liceu quando o diretor era João Baptista da Hora. Tarcidy, que chamávamos “Tarcinho”, era o chefe de disciplina e os professores que me lembro eram Roberto Wilson, Carmem Ravizini, Nilce Brandão, Inês e Marita .T. Lopes.
Tive outros professores do mesmo quilate mas, por ora, minha memória me trai. O engraçado é que, por coincidência, só me lembrei dos professores que me colocavam em segunda época, ocasião em que estudava no verão para uma prova em fevereiro, como segunda chance de ser aprovado, enquanto os amigos se deliciavam em Grussaí e Atafona.
Na época, era integrante da Banda Marcial e participávamos do ensaio para o desfile de 7 de setembro.
A banda estava perfilada aguardando o instrutor e o dono de uma malharia para tirar as medidas do uniforme que iríamos usar no desfile, composto de um blusão de moletom vermelho, escrito atrás Liceu Banda Marcial, calça branca, tênis branco e luvas.
Eu tocava caixa ao lado de um amigo apelidado Kapri, quando vieram o instrutor e o empresário tirar suas medidas, anotando-as numa prancheta.
Após terminarem, perguntaram seu nome:
— Roosevelt — disse ele.
 — Caramba! — e desataram os dois a rir.
— Como é que escreve isso???
— R-o-o-s-e-v-e-l-t — respondeu sério e soletrando meu amigo.
Quanta ignorância... Devia Roosevelt estar pensando, porque eu pensei.
— Tá. Já entendi e já escrevi — disse o empresário. — Roo-se-velt —– repetiu enfático.
— Roosevelt de quê?
— Kaptszkoft Florim.
Quá, quá, quá, ria sem parar o empresário sentando no meio-fio, enquanto o instrutor continha seu riso sem disfarçar.
— Seu nome é esse mesmo ou você está nos gozando? — indagou o instrutor.
— Meu nome é esse mesmo e Florim é do meu pai, Major da PM. Alguma dúvida? — perguntou Kapri.
A transformação nos rostos veio rápida. Ficaram sérios de repente e após o longo processo de repetir, soletrar, confirmar, por fim escreveram o nome certo e vieram na minha direção.
Após tirar minhas medidas, veio a pergunta crucial:
— Seu nome? — perguntou-me o empresário.
E eu, sem alternativa, respirei fundo e respondi:
— É melhor o senhor me dar a prancheta que vou escrever meu nome.
— Por que? Qual é seu nome? — perguntou ele.
— Clausner — disse-lhes.
Enquanto nós quatro caíamos na gargalhada, o instrutor me pergunta:
— Não é possível. Isso é gozação??
— Não, é meu nome mesmo. Pode ver aqui na minha caderneta — disse a ele. E tudo ficou resolvido.
— Se aparecer outro nome desses, vou pedir demissão — comentou o instrutor da banda.
Na noite do dia 6 de setembro, me lembrei que não tinha tênis branco. Somente um “kichute” preto e surrado das peladas.
Pensei rápido. Peguei um resto de tinta a óleo branca e pintei todo o kichute.
Na manhã do dia seguinte, a tinta não tinha secado e a alternativa foi colocar o kichute no forno de nosso velho fogão e ficar vigiando pra não derreter.
Ficou meio duro, mas deu certo. As bolhas foram inevitáveis mas desfilei até o fim. Ufa!"
Sobre o autor

Saulo Pessanha

saulopessanha@fmanha.com.br

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