Símbolo da história e da memória de Campos, o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho carrega registros significativos de toda região Norte Fluminense, estando em funcionamento há mais de 20 anos. O espaço — Solar e Capela do Engenho do Colégio — foi testemunha do processo de colonização campista, com construção iniciada em 1652 que foi sede da fazenda e engenho dos jesuítas, na Baixada. Com a expulsão dos jesuítas, o conjunto vendido e, na segunda metade do século passado, viveu lá por muitos anos o Almirante Saldanha da Gama. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1946, e nos anos 1990 restaurado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) para servir à Escola de Cinema, mas sendo adaptado para abrigar o Arquivo em 2001.
Para recuperar esse patrimônio histórico, a Prefeitura de Campos, por meio da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), e a Sociedade Artística Brasileira (Sabra), associação sediada em Betim (MG), confirmaram assinatura de Termo de Cooperação Técnica para o restauro e requalificação do Arquivo Público. O objetivo da parceria é a revitalização de parte do patrimônio material do município. Além do Arquivo, estão previstas intervenções no Museu Olavo Cardoso e no Mercado Municipal.
O projeto de revitalização no Arquivo começou a ser discutido pela equipe e pelos titulares da Sabra desde o aniversário da instituição campista, em maio deste ano. A assinatura do Termo de Cooperação garante o início da primeira fase do projeto. De acordo com Márcio Miranda, presidente da Sabra, que falou com o blog, “há meses” eles tem trabalhado em conjunto com a equipe do Arquivo, “em constante diálogo com os técnicos, para a definição e detalhamento do projeto”.
— A proposta inicial surgiu da necessidade de busca de recursos para a estruturação do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho. Por esta razão, a SABRA foi convidada a participar da elaboração de um projeto de captação de recursos uma vez que vem realizando vasto trabalho na área e possui grande experiência na proponência e gestão administrativa, técnica e financeira de ações culturais. Nesse sentido, há meses, a Sabra vem trabalhando em conjunto com a equipe do Arquivo, em constante diálogo com os técnicos, para a definição e detalhamento do projeto. Assim, foram identificadas oportunidades de aperfeiçoamento Institucional como a aquisição de equipamentos, mobiliário e materiais, treinamento e contratação de pessoal local, adequação física do imóvel nos aspectos de acessibilidade, climatização, prevenção de incêndio, elétrico, hidráulico, revisão completa do telhado, digitalização e restauração de acervo e, finalmente, a restauração da Capela — frisou Márcio Miranda.
Sobre o início do projeto de revitalização no Arquivo, o presidente da Sociedade Artística acredita que a captação os recursos necessários aconteça até o final deste ano, com começo das atividades já em 2022. O Termo, fundamental para formalização da parceria, depende de publicação no Diário Oficial do Município. “A parte burocrática está toda pronta. Estamos aguardando a publicação do extrato do Termo no Diário Oficial do Município”, informou.
— Durante o processo de elaboração deste projeto o prefeito Wladimir Garotinho manifestou interesse na parceria entre o Município e a Sabra para a busca de recursos que viabilizem a restauração de importantes patrimônios campistas, muitos deles tombados por órgãos do Patrimônio Histórico no âmbito federal, estadual e municipal. O Termo de Cooperação, que formalizará a parceria, tem como objetivos a captação de recursos e a elaboração, proponência, gestão e prestação de contas dos projetos pela Sabra, sem custo algum para o Município.
Além do Solar do Colégio, outros prédios históricos deverão ser atendidos pela parceria. Apesar de o foco principal ser o Arquivo, a Prefeitura e a Sabra, em uma segunda etapa, preveem a revitalização do Museu Olavo Cardoso e no prédio centenário do Marcado Municipal.
— Destacamos que a seleção desses edifícios e patrimônios levará em consideração a apreciação de uma série de fatores, como relevância histórico-cultural, situação atual e usos futuros. É importante ressaltar que, para a Sabra, é fundamental contar com a presença de profissionais locais ligados aos bens que serão objeto dos projetos, a exemplo do que tem acontecido com o Arquivo. No momento, nosso foco está no projeto do Arquivo que se encontra em fase final de elaboração. Já estamos trabalhando para captar os recursos necessários até o final de 2021 e iniciar as atividades em 2022 — informou o presidente da Sabra, Márcio Miranda.
Municipalidade comemora parceria
Nas redes sociais, o prefeito Wladimir disse estar “otimista no êxito da parceria”, e que “busca valorizar a memória e o patrimônio cultural” de Campos. A presidente da FCJOL, Auxiliadora Freitas, diz ser uma parceria “inspiradora”:
— A parceria, da nossa prefeitura, FCJOL e a Sabra, é inspiradora e nos dá ânimo para continuarmos na luta pela nossa cultura e patrimônio histórico. Desde que o prefeito assumiu a gestão da prefeitura, e nós na Fundação traçamos um horizonte para o resgate dos equipamentos culturais de nossa cidade, alguns deles em situação de grande comprometimento, sem manutenção mínima. Entendemos que devíamos buscar alternativas de recursos externos para que nossos sonhos pudessem se materializar e este termo de cooperação com a Sabra, que já é feito em vários estados do país, de forma muito forte com o estado de Minas Gerais veio ao encontro de nossas expectativas — informou a presidente da FCJOL.
Sobre a continuidade das ações, Auxiliadora se mostra otimista, e inclui o Solar dos Airizes, outro importante Solar do município, entre os projetos futuros.
— Já já haveremos de viver a restauração de nosso Arquivo Público, um patrimônio de resgate de nossa história. O mercado municipal, o Solar dos Airizes e o Museu Olavo Cardoso estão entre os projetos encaminhados pelo prefeito para atendimento através desse termo com a Sabra. A previsão para o arquivo público é iniciar o restauro ainda em 2021. O prefeito tem se comprometido com o resgate de uma cidade melhor, com uma nova história para o campista. Este compromisso também é sinalizado na cultura.