A principal motivação de uma pessoa pública deve ser — ou deveria, em uma sociedade com preceitos éticos bem desenvolvidos — a possibilidade de deixar legados. Por legado, aqui, leia-se transformação, mudanças deixadas no mundo, que passa a ser outro depois da ação daquela pessoa. As decisões, deliberações e escolhas tomadas no presente — e as consequências imaginadas no futuro — , determinam a qualidade de um legado, que deve ser sempre coletivo quando tratamos de pessoas investidas em cargos públicos.
Hoje (14), o recém-empossado vereador Edson Batista (veja mais aqui), visitou um de seus legados. O Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, que foi criado por uma lei (7.060/2001) de sua autoria, recebeu o vereador e mostrou o serviço de excelência que realiza, com muito esforço, dada a equipe reduzida (veja mais aqui). Além do Arquivo, Edson criou, quando exerceu a presidência da Câmara de Vereadores (2013-2016), a TV Câmara Campos, a Escola Municipal do Legislativo (Emugle), O Bonde da História - Estação Câmara, o Corredor Cultural, o Centro de Documentação Audiovisual (Cedav), a Editora Câmara Campos e a Biblioteca Campistana.
Deixou um relevante legado na área cultural — inegavelmente. Não o fez sem entender que legados também se constroem sendo um potencializador de inciativas e garantidor ou facilitador de um trabalho de excelência. E no cumprimento de pactos. Hoje, no Arquivo, Edson Batista selou outro pacto para cumprir neste mandato, que chama de “último”. Na entrevista, reproduzida aqui, ele fala sobre Arquivo, papel da Câmara como agente da área cultural, e outros compromissos. Caso consiga cumpri-los — como já demonstrou ser possível —, deixará novos legados, e onde o potencial transformador é maior: na cultura.
Confira a entrevista com o Vereador Edson Batista:
Edmundo Siqueira - Dr. Edson, o senhor teve uma atuação na Câmara de vereadores marcada por ações culturais relevantes, muito elogiadas, e que permanecem até hoje. Posso citar o Arquivo Público, uma instituição de excelência, que foi criado através de uma Lei do senhor. Nessa nova legislatura, a cultura será o foco principal?
Edson Batista - Sim, estamos focados na Cultura. Temos um olhar especial pela Cultura. Deixamos alguns legados como vereador e, em especial, como presidente por duas legislaturas, em especial na área cultural. Como você citou, sou autor da Lei de criação do Arquivo Público Municipal, que foi instalado no Solar do Colégio, que foi cedido pelo estado à época governado pelo Anthony Garotinho. Como presidente da Câmara, na área cultural criamos o Corredor Histórico e Cultural com bustos e estátuas de vultos históricos de Campos, onde estudantes visitavam o espaço a aprendiam sobre a nossa história. Criamos a TV Câmara Campos e a colocamos em sinal de TV aberta. Para a TV Câmara Campos produzimos documentários sobre os vultos históricos de Campos, que foram premiados na Associação de Televisões e Rádios Legislativas (Astral). Os vultos históricos também ganharam livretos e DVDs que foram distribuídos entre os estudantes que assistiam às sessões de exibições dos vídeos no plenário da Câmara. Conseguimos a aprovação do projeto da Rádio Câmara Campos. Criamos o Parlamento Mirim, que foi premiado na Câmara dos Deputados em Brasília entre 600 Câmaras de todo o Brasil com um projeto sobre Audiovisual. Enfim, são muitos projetos na área cultural.
Edmundo Siqueira - Ainda sobre o Arquivo, é necessário para que ele cumpra seu papel plenamente - previsto na Constituição Federal e na Lei de Transparência, obrigatória, portanto, aos municípios - a desvinculação dele da condição de departamento e passe a ser uma Instituição da administração pública direta. Qual o caminho para isso?
Edson Batista - Entre as novas missões, junto com o prefeito Wladimir Garotinho, estamos pensando em transformar o Arquivo Público Municipal em uma fundação para que possa receber investimentos federal e estadual, além do municipal, para a digitalização do acervo do Arquivo Municipal, conservação do prédio e realização de cursos.
Edmundo Siqueira - O senhor também foi determinante na criação da Emugle (veja aqui). Como está esse equipamento hoje? Ele será usado para políticas públicas culturais novamente?
Edson Batista - A Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle), criada na minha administração como presidente da Câmara, foi premiada em nível nacional em 2015 pela Associação Brasileira de Escolas do Legislativo (ABEL) nas categorias melhor portal e melhor ensino à distância. Na Emugle foram realizados cursos do Arquivo Público Municipal, de Paleografia e Restauração de Documentos, com a historiadora e atual coordenadora do Arquivo, Rafaela Machado, e equipe. O atual presidente da Câmara, Fábio Ribeiro, está empenhado em reestruturar a Emugle e utilizá-la para a função a qual foi destinada, que é a qualificação de servidores municipais, inclusive na área cultural.
Edmundo Siqueira - Podemos citar o corredor cultural na Câmara, onde alguns vultos históricos são apresentados. Muitos deles vinculados a patrimônios materiais e imateriais que temos. Como a Câmara pode ajudar na preservação dos Solares e prédios históricos?
Edson Batista - Quando presidente da Câmara visitamos os solares de Campos, que precisam realmente ser preservados e restaurados. No caso específico do Solar do Colégio quando o Arquivo Municipal for transformado em fundação vai poder receber recursos para a restauração do prédio.
Edmundo Siqueira - Politicamente, como o senhor pretende construir uma ponte entre legislativo e executivo e como poderá sensibilizar o prefeito Wladimir nas questões culturais?
Edson Batista - O prefeito Wladimir visitou o Arquivo Municipal no aniversário do Arquivo e ficou muito sensibilizado com o trabalho desenvolvido pela coordenadora Rafaela Machado e equipe desde à época do museólogo Carlos Freitas. Os pais de Wladimir, Garotinho e Rosinha têm uma história no teatro de Campos, que assim como o rádio foi importante para a primeira eleição de Garotinho à prefeito.