Edgar Vianna de Andrade - Diretor de poucos filmes
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 09/04/2025 10:12
Reprodução
Vários cineastas dirigiram poucos filmes em sua carreira. John Payson, Mike Seresin e Joe Nelson dirigiram apenas um em toda sua vida. John Cornell, Scott Kalvet e Paul Bickman apenas dois. Robin Hardi, Peter Faiman, Arne Glimcher e Pitof dirigiram três. Não podemos esquecer de Mário Peixoto, no Brasil, que se imortalizou com “Limite” apenas.
Entre os diretores com pequena obra está o esquecido Irvin S. Yeaworth Jr. Ele nasceu em 1926, na Alemanha, e morreu na Jordânia, em 2004. Dirigiu e produziu seis filmes. Irvin viveu num tempo dominado pelos três grandes diretores e produtores de filme B, aqueles de baixo orçamento que procuravam entreter o público geralmente com ficção científica: Roger Corman (o mais célebre de todos), Nathan Juran e Jack Arnold.
O primeiro filme de Irvin foi “The flaming teen-age”, de 1956. Parece que não foi exibido no Brasil. Por isso, não conta com título em português. Em preto-e-branco, o filme trata de um homem viciado que beirou a autodestruição. Foi parar na cadeia, mas se redimiu e se tornou pregador evangélico. Logo Yeaworth Jr percebeu que, por essa linha, não iria prosperar. Então, partiu para a ficção científica com “The blob” (“A bolha”), filme de 1958 que fez sucesso e mereceu refilmagem. Além de marcar época, a ideia de uma gosma espacial ou simplesmente terrestre entrou em vários filmes posteriores.
Em 1959, ele dirigiu e produziu “Quarta dimensão”, discutindo os perigos da ciência, tema muito caro na década de 1950. Dois irmãos cientistas manifestam interesse pela mesma mulher. Um é “bom”. Outro é “mau”. Os dois estão envolvidos numa pesquisa sobre um metal impenetrável e descobrem como o corpo humano pode atravessar barreiras sólidas e compactas. O braço do mau atravessa vitrines de joalherias e pratica roubos. Claro que o mau será punido e o bom se casará com a mocinha.
Em 1960, ele atacou com “Dinossaurus!”. Bombas lançadas no mar para pesquisar metais traz à vida um tiranossauro, um brontossauro e, de quebra, um homem de Neandertal. A célebre luta entre os dois gigantes, vista em quase todos os filmes de animais extintos, é repetida, enquanto o homem “pré-histórico” se mostra bonzinho. Os efeitos especiais ainda eram precários. Em relação aos outros filmes com seres extintos, “Dinossaurus!” é um dos piores, mas suspeito que Spielberg assistiu a ele antes de dirigir “Jurassik park”.
Em 1967, com “Way out”, ele volta ao tema do seu primeiro filme: a evangelização. Não tenho a informação de que foi exibido no Brasil. “The Gospel blimp” (1967) e “The Jordan experience” (2004) são curtas também versando sobre tema religioso. O segundo é um documentário sobre o Papa João Paulo II.
Irvin S. Yeaworth Jr. Se imortalizou como diretor apenas por “A bolha”. Trata-se de um filme característico da década de 1950. Ele é ambientado numa cidade do interior, começando com um casal de namorados nos arredores urbanos. Ele é Steve MacQueen em seu terceiro filme. “A bolha” o projeta para filmes famososo. Um dos temas da época marca a trama: uma gosma “assassina” vinda do espaço num asteroide. Numa cidade do interior, onde todos se conhecem, destacam-se famílias tradicionais, um xerife que multa os moradores sem piedade e um médico pronto a atender a todos em qualquer horário. E jovens que se pegam em beijos molhados e consguem se controlar porque o controle estava na censura aos filmes. Jovens que se pegam em disputas de carros. Jovens que levam uma vida monótona mas sempre vivem fortes aventuras.

“A bolha” começa com um roque daqueles cantados por Celi Campelo em que se ouve ao fim o espocar de uma bolha de chiclete. É uma cativante composição de Burt Bacharat, que tmbém aparecia como grande compositor. Trata-se mesmo de um filme juvenil em que o rapaz deve viver uma aventura de adulto juntamente com a mocinha bonita, de busto empinado, cintura fina e saia plissada. Mas a bolha tem um ponto fraco, pois os monstros sempre são vulneráveis. Uma das cenas antológicas é a da bolha rolando pelas ruas.

“A bolha” foi refilmado em 1988. Não gosto de refilmagens. Elas parecem vinho novo em odres velhos.

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