Caderno especial: 41 anos da Folha da Manhã
08/01/2019 10:43 - Atualizado em 08/01/2019 15:31
Folha da Manhã
A ponte que ruiu
No verão de 2007, marcado por enchentes e inundações em vários municípios do Rio de Janeiro, a ponte General Dutra não resistiu à força das águas do Paraíba do Sul e partiu-se ao meio, desabando.
Uma tragédia mais que anunciada, levando em conta os alarmes dados ao longo de muitos anos face à falta de manutenção e das obras emergenciais que se faziam necessárias para reforço dos pilares extremos.
Também em função do grande volume de água dos Rios Pomba e Muriaé, as correntezas do Paraíba tornaram-se mais fortes e a velha ponte, então com 50 anos, cedeu no vão central e afundou no início da tarde de 6 de janeiro de 2007.
A partir daquela data, se instalava a pior crise urbana da história do município — caos sem precedente no trânsito, que chegou a provocar 'engarrafamento' de gente na Ponte Barcellos Martins e praticamente dividiu a cidade, dificultando sobremaneira o acesso entre os dois lados do Paraíba e isolando Guarus.
Meses depois, o trem foi o recurso encontrado para driblar a dificuldade e cerca de 3 mil usuários de ônibus, em particular trabalhadores, passaram a contar com a locomotiva de três vagões da Ferrovia Centro Atlântico, que disponibilizou 16 horários, das 6hs às 20hs, cumprindo o trajeto entre a antiga Estação Ferroviária e Av. Carmem Carneiro.
Drama — Como registro, visto que não é objeto desta matéria, a tragédia daquele início de ano foi muito além do trânsito engarrafado e dos problemas de deslocamento. As intensas chuvas que caíram sobre a Região Sudeste provocaram enorme drama na vida de pessoas e prejuízos à economia.
Incontáveis cidades dos estados do Rio e Minas Gerais sofreram com as enchentes; estradas foram destruídas; bairros inteiros ficaram inundados e milhares de famílias perderam tudo. O Paraíba ultrapassou a marca dos 11 metros, transbordou, e muitas ruas ficaram totalmente alagadas, principalmente em Guarus.
Acidente e morte
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Pouco mais de um mês após a General Dutra cair, a então apelidada ‘Ponte do Estado’, que estava em fase de construção, trouxe o pior: a perda de vidas.
No domingo, 11 de fevereiro, uma viga, que pesava 27 toneladas e que servia de sustentação a um tabuleiro de 34 metros, despencou na hora de ser encaixada e provocou o desmoronamento de outras três.
Ao todo, 108 toneladas caíram de uma altura de 15 metros na margem esquerda do Paraíba. Quatro operários morreram esmagados por ferragem e concreto. Outros nove trabalhadores ficaram feridos. A cidade, que protestava e reclamava dos congestionamentos e dos transtornos, calou-se ante a tragédia.
Ponte da Lapa — Como a Barcelos Martins já havia sido interditada, igualmente por falta de manutenção, a Ponte da Lapa (Saturnino de Brito) ficou como única via de acesso entre um lado e outro da cidade. Sobrecarregada e também com risco de desabar pela falta de reparos e acúmulo de mato nos pilares, inicialmente foi proibida a passagem de ônibus e caminhões, que tiveram que desviar pela BR-116.
Trabalhadores e estudantes, que iam ou vinham de Travessão, Conselheiro Josino, Morro do Coco, São Francisco, Cardoso Moreira, Italva, Itaperuna, Cachoeiro de Itapemirim e outras localidades, ficaram impedidos de fazer o trajeto habitual.
Gradativamente, o trânsito foi liberado na Ponte da Lapa para veículos pesados, ainda assim apenas de noite. Durante o dia, sentido único, revezados em horários pré-fixados, o que fazia com que o motorista levasse três, até quatro horas, para atravessar.
Os longos engarrafamentos trouxeram transtornos que se transformaram em desordem generalizada. Quase todos os dias motoristas que tentavam ‘furar’ os bloqueios, ou a fila, eram presos. Enfim, um caos em termos de mobilidade nunca visto em Campos. Pesadelo.

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