Até meados de 1970, Campos só crescia para os lados. Tirando alguns poucos prédios comerciais do Centro e um ou outro residencial, o Edifício Salete, ocupando uma ponta à outra de uma quadra da rua Ypiranga, foi o primeiro grande lançamento de condomínio residencial verticalizado na cidade.
A decisão de incluir neste caderno a expansão imobiliária não se dá ao acaso.
Para que o leitor tenha ideia – ou recorde –, até o começo dos anos 80, por exemplo, em todas as ruas do Parque Tamandaré não existia um único prédio residencial. Nenhum. Só casas e muitos terrenos. Hoje, as ruas do bairro abrigam aproximadamente 50 prédios.
A Voluntários da Pátria, da 28 de Março até a 15 de Novembro, igualmente nenhum prédio. Só casas, terrenos e vastas áreas empresariais, como a Fundição Goytacaz, garagem da Viação Santo Antonio (depois Útil), concessionária Baldan & Bousquet e outras. Atualmente, a antiga rua da Jaca soma dezenas de edifícios residenciais, incluindo o gigante Splendore, com centenas de unidades, e alguns prédios comerciais no trecho entre a Siqueira Campos e Pelinca.
O mesmo se observa em outras ruas, também de áreas nobres, como Conselheiro José Fernandes, Gilberto Siqueira e Barão da Lagoa Dourada – em que terrenos, grandes casas antigas e áreas comerciais deram lugar a edifícios de apartamentos.
O começo — Retomando o contexto da matéria, a construção do Edifício Salete ‘animou’ o mercado e não tardou para que outros grandes prédios verticais começassem a ser construídos. Na mesma época, em março de 1979, era inaugurada em Campos uma filial do Consórcio Mercantil de Imóveis (CMI), então dirigida por Eduardo Montebello, exatamente para se incumbir dos primeiros lançamentos verticais e dotar a cidade de uma imobiliária capaz de absorver a demanda que já então se projetava, com o anúncio de outros empreendimentos.
Incorporadoras de fora lançaram os gigantes residenciais, no formato de blocos, logo apelidados de Pelincão, Formosão e Lacerdão.
Entre as empresas pioneiras desse processo de expansão, estavam a Construtora Álvares Machado, Saecir, Conenge, Siqueira Engenharia Ltda., entre outras, que foram responsáveis pelos lançamentos – logo após o Salete – do Clóvis Arrault, Santa Úrsula, Visconde de Asseca, Solar da Lechia, etc.
Na sequência, vieram a Linhares Carneiro, a Construtora Henriques Ferreira, a Nogueira Aguiar e por aí adiante, dando o empurrão inicial do que viria a se transformar em centenas e centenas de empreendimentos que ‘explodiram’ em especial a partir dos anos 80/90 e 2000, observando ligeira retração com a crise econômica iniciada em 2014.
De toda forma, prende-se às quatro últimas décadas o grande boom imobiliário de Campos, que mudou o conceito de moradia e o visual de cidade.