MST e produtores rurais bloqueiam acessos ao Porto do Açu
19/07/2017 09:41 - Atualizado em 19/07/2017 16:42
Produtores rurais do 5º distrito de São João da Barra e membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam dois dos acessos ao Porto do Açu na manhã desta quarta-feira (19). Em abril deste ano, eles ocuparam terras que foram desapropriadas para criação do distrito industrial, planos do empresário Eike Batista — envolvido na Lava Jato. Alegavam que as terras não estavam sendo utilizadas para tal fim e que nem todos haviam recebido pela área desapropriada.
A questão foi parar na Justiça e na semana passada o juiz Paulo Maurício Simão Filho determinou a reintegração de posse, pedida pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (Codin) e pelas empresas Porto do Açu Operações S/A e Grussaí Siderúrgica do Açu. O protesto é contra essa decisão, já que os ocupantes da terra teriam de sair ainda nesta quarta.
Segundo manifestantes, teria sido autorizado o uso de força policial para a reintegração de posse. A manifestação teve início por volta das 5h e fechou dois acessos terrestres ao complexo portuário. Ainda assim, era possível chegar ao Porto por uma via.
O movimento que ocupou as terras no Açu recebeu apoio de deputados estaduais. Bruno Dauaire (PR) e Marcelo Freixo (Psol) estiveram no acampamento e defenderam que os ocupantes teriam direito a voltar para as terras, uma vez que as mesmas não estavam sendo utilizadas para o fim pelo qual foram desapropriadas. O assunto chegou a ser debatido na Alerj, com a presença de vereadores sanjoanenses. Contudo, a decisão do Judiciário foi no sentido contrário. Os deputados chegaram a falar em um decreto legislativo para invalidar as desapropriações e sobre as relações entre Eike e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso pela Lava Jato, para justificar a invalidação do processo. O ex-todo-poderoso empresário teria pago propina ao ex-governador e, em troca, teria recebido facilidades nos processos de desapropriação.
Em nota, o Porto do Açu informa que “a manifestação realizada hoje (19) por número limitado de pessoas interditou a estrada de acesso principal ao empreendimento. Em razão disso, foi utilizada uma entrada alternativa para acesso dos cerca de 4 mil trabalhadores ao complexo, que neste momento opera normalmente. Com relação a reintegração de posse da área invadida, a empresa informa que ela será realizada pela Justiça”.
A jornalista Thaís Tostes, em seu blog Na Lata, e a Folha 1 também falaram sobre o protesto.

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    Arnaldo Neto

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