Governo tem votos suficientes para o pacote, não para as contas de Rosinha
- Atualizado em 22/05/2021 08:39
Câmara em polvorosa
Os bastidores da política goitacá estão em polvorosa com as próximas votações, consideradas provas de fogo do governo Wladimir Garotinho (PSD). Uma é sobre o pacote de medidas que atinge servidores da Saúde, mas trariam economia mensal de R$ 4,5 milhões, com cortes de gratificação e insalubridade, além da substituição. A outra é a reanálise das contas de Rosinha Garotinho (Pros), que foram reprovadas em 2018, mas a decisão da legislatura anterior foi anulada pela atual. Nessa quinta-feira (20), a comissão de Finanças e Orçamento deu parecer pela aprovação, contrariando a análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Divisão
Na elaboração do parecer, a decisão foi dividida. Presidente do colegiado, o pastor Marcos Elias (PSC), também relator do caso, votou pela aprovação das contas, e foi seguido por Helinho Nahim (PTC). Já o vereador Maicon Cruz (PSC), vice-presidente da comissão, opinou pela reprovação, seguindo o parecer do TCE. A divisão no parecer reflete a indefinição no resultado que sairá do plenário. Os trabalhos têm sido intensos de articuladores do governo, mas se a decisão fosse hoje o grupo governista não teria os 17 votos necessários para reverter a orientação do TCE. Um termômetro será a votação do pacote de medidas do prefeito.
As votações
O pacote de medidas deve chegar ao Legislativo na segunda-feira (24) e tudo caminha para que seja votado no dia seguinte. Existe a possibilidade de o prefeito ir à Câmara defendê-lo, sob a justificativa da economicidade e de ajuste ao teto de gastos com pessoal, que no ano passado já foi superior ao limite de 54%. Para que os cortes passem, ainda que impopulares e reações de sindicatos, o governo só precisa de maioria simples (13 votos). Mas busca os 17 para sinalizar tranquilidade na análise, ainda sem data, das contas de Rosinha. Ela, porém, continuaria inelegível, devido à pena na Chequinho, mesmo se tiver êxito neste julgamento.
Vai ou racha?
Em meio ao cenário tenso, Wladimir publicou mensagens nas redes sociais nessa sexta-feira (21) que alimentam as polêmicas sobre as votações. Abordou os gastos na área da Saúde, ressaltando a necessidade de cortes, e buscou tranquilizar os profissionais que, segundo ele, “trabalham sério e cumprem suas obrigações”, informando que esses “não precisam se preocupar”. Contudo, depois acrescentou a seguinte mensagem: “Fácil não será, mas ou vai ou racha”. Ainda que tenha razão sobre a questão financeira, o “vai ou racha” não repercutiu bem entre os vereadores. E pode ter deixado o cenário mais confuso para as próximas semanas.
Encontro
FHC e Lula estiveram juntos em São Paulo
FHC e Lula estiveram juntos em São Paulo / Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontram em um almoço na casa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, dia 12 de maio. A imagem foi compartilhada nessa sexta nas redes sociais de Lula, que disse ter tido “uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia” com o tucano. Pouco depois, “para evitar más interpretações”, FHC publicou mensagem de que apoiará o nome do PSDB em 2022. Mas, se o seu partido não chegar ao 2º turno, ele apoiará quem se opor a Jair Bolsonaro, mesmo o Lula.
No Guanabara
As movimentações do governador Cláudio Castro de olho nas eleições têm causado grande burburinho no Palácio Guanabara e entre seus aliados. Com o desembarque certo do PSC e a chegada iminente no ninho do PL, o que se fala é que Castro deve promover uma nova “dança das cadeiras” nas secretarias para acomodar seus aliados. Nesta história, um dos lugares mais cobiçados é a secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, atualmente ocupada pelo deputado licenciado Bruno Dauaire (PSC), aliado de primeira hora do governador.
Reações
O principal interessado na secretaria seria o Republicanos, ligado à Igreja Universal. De imediato, pelo menos seis entidades, entre ONGs de Direitos Humanos, entidades representativas e até o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Coegemas) emitiram nota de repúdio contra a possível saída de Dauaire. Entre os motivos, estão o medo por um eventual retrocesso nas políticas públicas da área e a falta de continuidade do trabalho em uma secretaria que ganhou ainda mais importância em tempos de pandemia, com aumento da vulnerabilidade social.
Coluna publicada na edição impressa da Folha da Manhã deste sábado (22).

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    Arnaldo Neto

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