Terminou por volta das 17h desta sexta-feira (12), no Fórum de São João da Barra, a audiência de conciliação entre a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), a Grussaí Siderúrgica do Açu (GSA) e a Porto do Açu Operações (autores) com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e de produtores da região do Açu (réus). Como informado no blog Opiniões (
aqui), não houve conciliação, mas nos 40 dias que serão analisadas as propostas (
confira todas abaixo), as ocupações nas terras do 5º distrito estão mantidas e não pode haver recurso no processo, o que significa que o mesmo está suspenso. Terminado o prazo de análise da proposta, caso não acordo, a decisão sobre o futuro das terras será do juiz Paulo Maurício Simão Filho.
Em frente ao Fórum, produtores e membros do MST gritavam palavras de ordem antes e depois da audiência (
aqui). Presidente da Comissão para Mediação dos Conflitos no Porto do Açu e propositor de uma CPI sobre o processo de desapropriação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Bruno Dauaire (PR) participou da audiência. Dauaire reforçou que nas terras desapropriadas “o fim da utilidade pública não está sendo cumprido” e voltou a falar sobre redimensionar a área desapropriada. Outro deputado que esteve em SJB foi Marcelo Freixo (Psol). Junto com Bruno e o promotor Marcelo Lessa, ele visitou (
aqui) a ocupação, mas não esteve na audiência. Freixo informou que vai presidir uma audiência pública na Alerj sobre o Porto do Açu, com data a combinar.
Ainda na decisão da audiência desta sexta, Paulo Maurício informou que “não podem a Polícia Militar ou empresas particulares de segurança obstarem o exercício da posse pelos réus sob pena de cometimento de crime de desobediência”.
Propostas da Codin
A Codin se propôs a colocar sua equipe em espaços físicos à disposição dos réus para que seja analisada a inclusão nos programas sociais auxílio produção e reassentamento. Aos produtores que se enquadrem no perfil do programa fica assegurado o pagamento mensal de renda que varia entre um e cinco salários em 24 meses. O programa de reassentamento oferece o padrão de residência igual ou superior em área para cultivo.
Propostas da Porto do Açu Operações e GSA
Foi oferecida a proposta consistente em ampliar os dois programas oferecidos pela Codin para todos aqueles que de alguma forma comprovem que tenham retirado sua subsistência da área, seja a que título for. Para tanto, assume o compromisso de fornecer os meios materiais e a mão de obra necessária para análise. Também ofereceu o reassentamento provisório de todos os atuais ocupantes da área na fazenda Palacete, de propriedade dos autores, até que sejam identificados os destinatários das cláusulas acima estabelecidas. Ofereceram, ainda a qualificação dos ocupantes da área em cursos técnicos para que ao final do curso, tenham preferência na contratação de mão de obra por parte dos autores e de seus parceiros.
Posicionamento dos produtores e MST
Os produtores informaram se sentirem inseguros quanto aos auxílios financeiros em razão da notória crise financeira do Estado, o que pode colocar em risco o pagamento mensal dos auxílios. Sobre a fazenda Palacete, eles lembraram ter notícia de que a terra é objeto de penhora em juízo trabalhista. Para eles, isso compromete a segurança jurídica na instalação das famílias na propriedade.
Prumo envia nota à imprensa
Em nota, o Porto do Açu informou que “participou da audiência de conciliação na tarde de hoje (12/05). Na audiência, os autores (Porto do Açu, Codin e GSA) da ação apresentaram, voluntariamente, proposta que contempla a realização de cursos de capacitação profissional, auxílio produção e o reassentamento das famílias em área fora do Distrito Industrial de São João da Barra. A apresentação da proposta, de forma voluntária, reforça o compromisso com a comunidade. Além disso, a empresa apresentou ao juiz documentos adicionais que comprovam sua posse da área. Reforçamos que o Porto do Açu segue empenhado em atrair novas empresas, que irão acelerar a economia local, criar empregos e aumentar a geração de renda e a arrecadação de tributos. Atualmente, cerca de 4 mil pessoas trabalham no Complexo Portuário do Açu e mais de 70% moram na região. O Complexo está em operação desde outubro de 2014 e, em 2016, foi o 8º terminal privado em movimentação de cargas no país (dados Antaq)”.