SOS Atafona realiza manifestação para cobrar medidas contra o avanço do mar
- Atualizado em 13/02/2025 19:09
Crianças de Atafona brincam nas ruínas da cidade, que perdeu 14 quarteirões devido ao aumento do nível mar e à erosão costeira. Na maré baixa, surgem da areia construções que foram tragadas pelo mar há décadas.
Crianças de Atafona brincam nas ruínas da cidade, que perdeu 14 quarteirões devido ao aumento do nível mar e à erosão costeira. Na maré baixa, surgem da areia construções que foram tragadas pelo mar há décadas. / Felipe Fittipaldi - National Geographic
A Associação SOS Atafona, criada por moradores e veranistas da região, realizará no dia 23 de fevereiro, às 9h, uma manifestação para cobrar das autoridades públicas medidas eficazes contra a invasão do mar e os danos causados pela erosão na praia. O ato acontecerá na pracinha localizada na entrada de Atafona, em São João da Barra.

A presidente da Associação, Sônia Ferreira, que também é moradora de Atafona, explica a importância do movimento. "A SOS Atafona foi criada em 2019 com o objetivo de preservar nossa região, que enfrenta há anos problemas como a erosão e a perda de praias. Desde nossa fundação, estamos nessa batalha e ainda não conseguimos respostas concretas das autoridades", afirma.

A associação já acompanhou e questionou diversas ações da Secretaria de Meio Ambiente, inclusive a licitação de estudos para avaliar soluções ambientais e econômicas. Porém, até agora, nenhum dos três projetos apresentados foi considerado viável. "É uma situação complicada. Temos lutado contra a erosão, que ameaça as casas e destrói a vegetação local, além de comprometer o habitat das tartarugas marinhas. Sem contar que veículos como quadriciculo circulando nas dunas colocam em risco a vida desses animais", relata Sônia.


Outro ponto crítico mencionado por Sônia é a perda das casas dos pescadores locais devido à invasão do mar. A Prefeitura tem arcado com o aluguel social, mas a promessa de reconstrução das casas ainda não foi cumprida. "Os pescadores perderam suas casas, e as promessas de um novo lar ainda não foram cumpridas. Queremos que as casas sejam feitas e entregues a eles, como foi prometido", reivindica.
Além das questões ambientais, Sônia menciona a falta de infraestrutura em Atafona, como a ausência de iluminação pública em algumas áreas e o aumento de furtos na região. "Na época em que eu era jovem, Atafona era tranquila. Eu tenho 80 anos e eu sempre pude deixar a porta de casa aberta. Agora, com o aumento de assaltos, isso não é mais possível", lamenta.

A manifestação também busca destacar o impacto da mudança na população local. Durante a pandemia, muitos moradores de Campos, se mudaram para a região e criaram um grupo chamado "Quarentena", que tem se unido para ajudar a promover melhorias para a comunidade. "Eu faço parte desse grupo também e, por isso, decidimos organizar essa manifestação. Queremos cobrar as soluções, mas sempre de maneira respeitosa. Não é uma briga, é um pedido de ajuda para resolver os problemas de Atafona", afirma a presidente da associação.

Sônia, que é moradora de Atafona há 28 anos, relembra com carinho a história da região. "Sempre passei minhas férias aqui, e desde que me mudei, nunca mais quis sair. Atafona sempre foi o meu lugar, mas, infelizmente, perdemos muito para o mar e para a areia", conclui.
O secretário de Habitação de Interesse Social e deputado estadual, Bruno Dauaire, compartilhou informações sobre as ações que o Governo do Estado vem tomando em relação à erosão em Atafona e os projetos em andamento para minimizar seus efeitos. "No que diz respeito à Secretaria de Habitação, o Governo do Estado tem acompanhado de perto a situação da erosão costeira em Atafona e reforça que uma das principais ações em andamento é a elaboração de projetos para minimizar seus efeitos, incluindo o engordamento da praia, que já foi apresentado ao Ministério das Cidades para captação de recursos”, disse Bruno.
Ele ressaltou também que, além disso, o Estado também tem um projeto para a construção de casas populares em São João da Barra, voltado para atender famílias que foram ou podem ser afetadas. “Para que essa iniciativa avance, é fundamental a parceria com a prefeitura, garantindo que as pessoas atingidas tenham uma solução habitacional digna. Estamos cientes de que o problema da erosão exige um empenho conjunto entre os diferentes entes da federação. Por isso, não poupamos esforços para buscar apoio técnico e financeiro junto ao governo federal para viabilizar soluções mais duradouras, finalizou.
Dauaire destacou a importância de uma abordagem integrada entre diferentes esferas de governo para garantir a efetividade das ações. "Há um projeto de engordamento da praia que já foi apresentado ao governo federal. Essa é uma técnica utilizada com sucesso em várias partes do mundo, onde ocorre o reposicionamento de areia para conter o avanço do mar e recuperar áreas costeiras. A implementação desse tipo de solução exige um estudo técnico detalhado e um alto investimento. Por isso, a articulação entre os entes federativos é essencial para que os recursos necessários sejam liberados e possamos avançar na execução", finalizou o deputado.

A Prefeitura de São João da Barra se manifestou sobre a situação da erosão costeira e os desafios enfrentados pela comunidade de Atafona, destacando o avanço na implementação de soluções para a contenção da erosão.

"A Prefeitura de São João da Barra avança na implementação de soluções para a contenção da erosão costeira com a abertura do processo de licitação para contratação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental da Erosão Costeira. Por se tratar de um estudo inédito na região, a estruturação da licitação demandou uma análise técnica e jurídica criteriosa, garantindo que os termos do edital estejam plenamente alinhados às normativas ambientais, administrativas e de engenharia costeira. O objetivo é assegurar a viabilidade do processo e evitar entraves que possam comprometer sua execução, garantindo um estudo robusto e com embasamento técnico adequado para subsidiar futuras intervenções", explicou a nota.
Além disso, a Prefeitura enfatizou que, ao contrário de estudos convencionais, este projeto demanda uma abordagem multidisciplinar, incluindo análises oceanográficas, sedimentológicas, socioeconômicas e urbanísticas, e que segue diretrizes nacionais e internacionais de gestão costeira. "Diferente de estudos convencionais, este projeto exige uma abordagem multidisciplinar, com análises oceanográficas, sedimentológicas, socioeconômicas e urbanísticas, além de seguir diretrizes nacionais e internacionais de gestão costeira. A Prefeitura reafirma seu compromisso com a transparência e a eficiência, assegurando que a contratação ocorra de forma sólida e bem fundamentada para que São João da Barra avance na implementação de soluções concretas e eficazes para a proteção de sua orla", finalizou.

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