Impacto da UFF Campos pode chegar a R$ 1 bilhão na economia
Aluysio Abreu Barbosa, Claudio Nogueira, Gabriel Torres e Dora Paula Paes - Atualizado em 15/03/2025 07:57
Divulgação
Antônio Cláudio Nobrega, reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi um dos entrevistados desta sexta-feira (14) no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, ao lado da diretora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Campos, Ana Costa. Ambos falaram do esforço coletivo pela conclusão do novo polo da UFF na cidade, que será inaugurado no dia 10 de abril com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e a possibilidade da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também foram abordados o empenho do prefeito Wladimir Garotinho e do ex-deputado Chico D’Ângelo a favor do projeto, além do impacto econômico e social que a nova estrutura trará para a cidade. Pelas contas do reitor, o novo polo da UFF terá um impacto econômico de R$ 1 bilhão, no município. Para Ana, também é importante que a universidade seja bússola para futuros alunos de comunidades que circundam e vislumbram o novo espaço voltando para a Educação.
 
Antônio Cláudio: Empenho coletivo - É uma história realmente de luta de muitos e muitos anos. Eu diria a luta da comunidade da UFF Campos. Começa com o trabalho do nosso colega Chico D’Angelo, deputado federal na época, articulando a doação do terreno e a obra foi iniciada, mas não foi concluída. Quando nós assumimos, em 2018, era uma das nossas prioridades. Na verdade, uma obrigação do gestor é concluir as obras inacabadas para dar boa consecução aos recursos públicos e imediatamente começamos a articular as forças políticas e a comunidade local, que nunca parou de lutar por aquela área, aquele prédio. Quando nós chegamos, nós tivemos uma organização estratégica com foco na conclusão dos prédios. O recurso da bancada fluminense foi o que permitiu a conclusão do prédio. Muito importante que se diga, porque o prédio foi começado no programa Reuni, que é o programa de expansão e reestruturação das universidades federais.

Antônio Cláudio: Papel de Wladimir - Na destinação dos recursos de bancada, há que se conversar com a bancada (na Câmara Federal e no Senado). Foi nesse momento que nós tivemos novamente uma onda de colaboradores e colaboradoras. A gente fica às vezes até preocupado de citar os nomes que são tantos que ajudaram. Mas naquele momento em especial o deputado Wladimir Garotinho foi absolutamente fundamental. Ele foi um assim padrinho, um articulador dessa conversa com a bancada. Muitos outros deputados colaboraram, a deputadaTalíria Petrone, o deputado Hugo Leal, muita gente.

Antônio Cláudio: Luta dos servidores - Eu costumo dizer que os recursos são necessários, mas não são suficientes. Eu queria também fazer esse registro aqui. Não basta ter o recurso. Eu acho que todo mundo tem, em algum grau, essa percepção. São muitas amarras. No Brasil, de modo geral, para você executar uma obra deste tamanho, não é um processo simples. É a maior entrega em áreas, em metro quadrado, que a UFF já fez de uma vez só. São duas grandes torres de oito mil metros quadrados, uma área muito grande, cedida pela Rede Ferroviária Federal, cedida pelo governo federal na época, articulada pelo deputado Chico D›Ângelo. Então, quero também registrar a luta também dos servidores, colaboradores, que nem sempre estão aqui na mídia, mas que fazem acontecer. A Universidade funciona com uma estrutura muito enxuta. Um orçamento, desde lá do golpe de 2016, cada vez mais apertado. Mas com a equipe aguerrida que conseguiu fazer essa entrega, nós estamos muito felizes.

Ana Costa: Empenho de Wladimir e Chico D’Ângelo - Nós tivemos dois grandes articuladores. Acho que o empenho do hoje prefeito Wladimir e do Chico D’Ângelo foram empenhos muito despretensiosos no sentido de buscar paternidade daquele feito, mas sim de buscar o resultado daquela articulação para a educação. Acho que ali já começa esses dois articuladores importantes. É muito interessante a gente lembrar que quando o deputado na época, Wladimir ele é eleito em 2018, ele procura a UFF. Isso é um dado importante. Ele nos procura para dizer, estou ouvindo as demandas da comunidade. O Chico D’Ângelo, na verdade, vai desde lá do início, em 2008, quando a gente estava naquela luta para conseguir um grande espaço que pudesse construir essa grande universidade. A gente consegue o terreno na Rede Ferroviária, e vai ser o Chico, em Brasília, que vai colocar a pasta debaixo do braço, palavras do ministro Haddad e do ministro Paulo Bernardo, na época da reunião que nós tivemos em Brasília. Eles diziam, a gente está assinando isso porque o Chico vem todos os dias aqui perguntar se essa seção do terreno já foi realizada. Ela tem uma história e ela tem um grupo de pessoas. E essa união de pessoas mais à esquerda e mais à direita, ela representa também muito o nosso tipo de gestão. Então, aqui após a nossa eleição, a gente recebeu deputados e deputadas dos mais diferentes partidos.

Ana Costa: Pioneirismo da UFF - A gente está aqui há 63 anos. Somos a instituição de Ensino Superior, a primeira na região, gratuita. E com a liderança, com o pioneirismo da nossa querida também Conceição Muniz e a Eloísa Paixão, que já se foi. Acho que essa história é importante pra gente ver que ela é um esforço de muitas pessoas e muitas, inclusive, nem estão mais conosco. A gente conseguiu com o esforço de todos unir os mais diferentes partidos políticos e projetos também.

Antônio Cláudio: Presença da Universidade - Ela tem o efeito de médio e longo prazo em qualificar os profissionais da região ou de outras regiões que migram. Temtambém um efeito, isso nem sempre é muito destacado, de colaborar para economia e o desenvolvimento pessoal, pros sonhos dos indivíduos, das famílias, mas também economicamente. Mas principalmente no município onde se insere.

Antônio Cláudio: Importância de Campos - Nós temos um estudo amplo que está em andamento sobre o impacto concreto em todos os municípios onde a UFF se insere do ponto de vista da movimentação econômica. A UFF está em nove municípios do estado do Rio.Mas Campos dos Goytacazes tem essa liderança, esse perfil de ser um farol aqui da região Norte, Noroeste. Por isso que essa articulação com o prefeito Wladimir tem sido muito importante.
Antônio Cláudio: Inauguração com Camilo Santana e Lula – Marcamos a inauguração para o dia 17, mas aí recebi o telefonema do Ministério da Educação (MEC). O ministro quer estar presente e o presidente já está com a agenda como obra prioritária para entregar. E aí eu liguei pra Ana e falei que temos essa possibilidade. Do ponto de vista operacional, o período letivo começa no dia 24 já no campus novo. Aninha vai estar lá na frente recebendo as pessoas de braços abertos, os alunos já vão ter essa experiência de estar ali. Tenho certeza que vai ser muito emocionante. E o MEC deu a data de 10 de abril. A questão logística já está na agenda do Presidente da República. O que a gente fica sempre um pouco aflito é porque naturalmente a agenda do Presidente da República é extremamente complexa. Então, se acontecer alguma emergência, alguma necessidade, pode acontecer do Presidente não estar presente. Então, se acontecer alguma coisa, a gente espera que não, ele está muito animado, todos os nossos interlocutores estão muito animados.

Ana Costa: Entorno do novo campus - No final do ano passado a gente recebeu os fiscais da Postura, fazendo um estudo da área. E eles me disseram, professora, nós já temos 200 pessoas inscritas com trailer, foodtruck para ser instalado aqui. Então vai ter que ter uma seleção, porque tem muitas pessoas. Estou falando ali do entorno. E também na questão dos empresários. Então, eu estive lá também com os fiscais da Prefeitura quando foram fazer a fiscalização para a entrega do Habite-se e os próprios engenheiros faziam para mim ali um mapeamento, dizendo já desse impacto, desse processo de gentrificação. Que vai passar por restaurantes, por bares, por lancherias, por espaços que vão ser construídos para repúblicas, para que possa estar recebendo nossos alunos. Isso do ponto de vista da economia é um impacto muito grande. Do ponto de vista da questão da infraestrutura, a gente tem tido um apoio muito grande do prefeito Wladimir.

Antônio Cláudio: R$ 1 bilhão de impacto na economia - Tem os impactos imediatos, diretos, de valorização de imóveis, tem também o de prestação de serviço, os impactos indiretos, por exemplo, material de construção. São impactos que vão se irradiando. Mas só para dar um número, nos nossos diferentes campus há uma variação de percentual do impacto. Por exemplo, em Campos, aqui no IBGE recente, o orçamento de Campos em torno de R$ 37 bilhões - envolve também os royalties. Mas se eu olhar a movimentação do PIB do município, normalmente é algo perto de 5% a 8% de incremento da presença de uma instituição. Então, pode chegar a casa de bilhão a presença da UFF se nós somarmos toda a rede de impacto direto e indireto da presença. Do ponto de vista da qualidade do que a UFF tem para oferecer com essa nova infraestrutura, primeiro é importante que se diga que é um resgate de um sonho planejado antigo.

Antônio Cláudio: Quadra poliesportiva, galpão cultural e bandejão - Já temos o recurso, nós captamos aqui no PAC das Universidades, também recurso para fazer a quadra poliesportiva com um pequeno palco para atividade cultural de agregação, de permanência estudantil, mas tem um grande projeto de galpão cultural ali. Mas também o bandejão para alimentação. O tempo dessas conquistas são um pouco mais longas do que às vezes o tempo do estudante, então gera uma tensão. A gente compreende perfeitamente. O estudante precisa de tudo imediatamente e a gente está lutando para dar essas condições ideais.

Ana Costa: Crescimento da UFF Campos - Até o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), a gente só tinha um curso, que era o curso de serviço social. Então, a gente sai aí do entorno de uns 300, 400 alunos. Hoje, a gente tem, se nós juntarmos a graduação e a pós-graduação, chega a quase 4 mil alunos. Então, isso é importante que se diga. Em termos da biblioteca, com todo o nosso acervo, nós tivemos um pedido do nosso querido ex-professor e meu querido amigo Aristides Soffiati, doou todo o seu acervo para a UFF. Eu falo, chego a ficar também emocionada. Nós conseguimos viabilizar isso junto com a superintendência de documentação da UFF. Então, a gente vai ter uma biblioteca, a gente tem dois andares de biblioteca, em que a parte superior vai ser toda para a receber esse acervo.

Ana Costa: Interação com a comunidade - Ali nós estamos próximos de várias escolas públicas, estamos próximos das Comunidades da Baleeira, do Oriente. E tudo que nós queremos é que aqueles alunos, que esses adolescentes, que essas crianças possam estar amanhã no nosso pré-vestibular e amanhã possam ter uma oportunidade para estar cursando um curso superior. Acho que a quadra poliesportiva vai ser esse espaço. A gente vai poder receber essa comunidade e fazer com que ela realmente tenhapossibilidade de sonhar.

Ana Costa: Função da Universidade - A gente está tentando criar as condições, não só materiais, físicas, que é o prédio, mas projetos políticos pedagógicos que realmente possam fazer com que essa universidade, ela tenha esse impacto. Não somos artistas, não somos cantores, não somos jogadores de futebol, que possa um ou outro subir na escala social. Mas a educação sim pode fazer com que as pessoas tenham mobilidade social e possam ter uma vida digna.

Antônio Cláudio: A universidade não é lugar de balbúrdia - Quem acha que a universidade é local de balbúrdia não entendeu nada. São pessoas que têm dificuldade de compreender que o conflito intelectual faz parte do crescimento. A agitação de opiniões é parte do exercício de construção de personalidade, de crítica da sociedade. Isso não é balbúrdia, isso é vida. Como Paulo Freire dizia, “a educação não muda a sociedade. A educação muda as pessoas e as pessoas mudam a sociedade”. A gente ainda observa movimentos muito obscurantistas, movimentos de raiva, de ódio, de ataque, de mentira e nós somos resistência a isso.

Ana Costa: Demandas da cidade - Então, a gente costuma dizer que não só a UFF, mas o galpão, em breve vão ser realmente equipamentos que tem como finalidade de buscar também essa população, esses estudantes que estão à margem. Então, a gente está voltado para Guarus, a gente está de um lado voltado para a Baleeira, Corriente, do outro lado do Tamarindo e também Tira Gosto. Se algum gestor na frente esquecer disso, é só olhar para o lado, que vai estar ali a demanda realmente colocada para gente.

Ana Costa: Conhecimento contra o obscurantismo - Então, hoje, quando depois de tudo o que aconteceu no nosso país, pensando na questão do período da Covid. Falo do Brasil, falo também dos Estados Unidos. Falo também da questão não só da ciência, mas aquilo que a gente já discutiu muito lá atrás e às vezes a gente descontextualiza. Quando a gente diz que a religião é o ópio do povo, mas não é religião propriamente dita. Não estou aqui discutindo, nem desacreditando, nem negando a questão da religião. Mas quando você traz essas seitas, essas formas de você criar uma narrativa para que essa pessoa desacredite, para que ela coloque a sua própria vida em risco e de sua própria família em função de uma ideologia, não vejo outra forma de você se contrapor a isso que não seja o conhecimento, que não seja o debate, que não seja a tolerância mesmo.

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