Na próxima quarta-feira (5), o ato de vandalismo que deixou a estátua de Tiradentes sem cabeça completa 10 meses. Passado esse tempo, a estrutura, que fica na praça Batalhão Tiradentes, no Centro de Campos, não recebeu nenhum tipo de reparo.

Era manhã de sábado quando moradores e comerciantes da região perceberam que a estátua havia sido vandalizada. O crime pode ter acontecido na madrugada. De acordo com a Polícia Militar, que informou não ter sido acionada para averiguar a situação, em função da festa do Santíssimo Salvador, empregou um reforço de 50 policiais na Praça do Santíssimo, além de 8 viaturas nas ruas de acesso.

Dias após, a Polícia Civil chegou a abrir uma investigação para apurar a autoria do ato. À época, a antiga delegada da 134ª (Centro), Natália Patrão, disse que havia entrado em contato com Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) de Campos, que informou, segundo Natália, que o município não possuía câmeras que conseguissem capturar imagens naquele local. À época, Natália falou que a inexistência de câmeras de monitoramento da Prefeitura no local poderia dificultar a investigação sobre a autoria da destruição. Até o momento, ninguém foi identificado ou preso.

Procurada pela reportagem da Folha, a Prefeitura de Campos não respondeu se há uma previsão para reparos serem feitos na estátua, como a colocação de uma nova cabeça.

Para o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Genilson Soares, que também ocupa uma cadeira no Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (COPPAM), a queda da cabeça da estátua de Tiradentes pode não ter sido causada por vandalismo, mas por má conservação e falta de manutenção da estrutura.

“Ela foi confeccionada em 1992 pelo já falecido escultor mineiro José Ludugelli, o mesmo que criou o controverso índio goitacá que ficava na entrada da Cidade. A peça era precária, pois foi construída em argamassa e sustentada somente por uma haste metálica central. Pelo que pude verificar e fotografar na época, a estátua apresentava fissuras na região do pescoço do personagem e o tubo metálico estava oxidado e corroído pela ação das intempéries ao longo desses quase 32 anos de existência, fato que deve ter contribuído para a ruína da peça”, explicou.

Estátua de Tiradentes fica em frente ao espaço que abrigou o Hotel Flávio
A estátua fica na praça em frente a um patrimônio histórico de Campos que já se perdeu: o prédio do antigo Hotel Flávio, que foi destruído por um incêndio em 2019, mas foi totalmente demolido em fevereiro deste ano.

A questão da recuperação da fachada que sobrou após pegar fogo virou impasse entre a Prefeitura de Campos e os herdeiros do imóvel, sem que nada fosse feito para salvar a estrutura, até que no dia 12 de fevereiro ocorreu a demolição que foi autorizada pelo governo municipal.