-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
-
Morro do Itaoca sobre com abandono (Foto: Genilson Pessanha)
Interditado desde dezembro de 2022, o Morro do Itaoca, também conhecido como Morro do Rato, tem deixado praticantes de atividades físicas, como o ciclismo e o voo livre, carentes de um espaço alternativo para fugir da rotina. Localizado no distrito de Ibitioca, em Campos, o local foi fechado para visitações após a queda de uma barreira devido à fortes chuvas, para prevenir acidentes. De lá para cá, aparentemente nada foi feito para reabrir o espaço natural. Segundo a Prefeitura de Campos, uma reunião será feita, nas próximas semanas, para traçar medidas de recuperação do Morro do Itaoca.
Enquanto a subida ao morro não é novamente liberada, sobram reclamações de frequentadores que estão proibidos de subir até o topo do morro. O ciclista Pedro Gomes Santana, de 14 anos, costumava praticar o ciclismo no morro como treinamento para competições.
— Com a interdição, eu preciso buscar outros pontos para praticar e o morro possui uma estrutura boa que nos ajuda muito para treino e competição. É preciso que haja uma atenção da Prefeitura para reabrir o espaço — disse Pedro.
Outro que reclama da interdição é o ciclista José Manhães, coordenador de um grupo de ciclismo com mais de 700 pessoas conhecido como “Zé Alegria”. Segundo ele, muitos gostam de subir o morro, mas estão impossibilitados. “Eu gosto de ir até o pé do morro, mas tem gente que gosta de subir até mesmo como forma de praticar e treinar para competições. Nosso grupo costuma andar 4x por semana e com a interdição do morro, buscamos outros locais, o que é uma pena”, contou.
Já Lauriane Lemos faz parte do grupo de pedal “Tapas e Beijos”, que agrega mais de mil ciclistas da cidade. Ela diz que todos também sentem falta de subir o Morro do Rato. “É triste ver um local tão bacana fechado. Nosso grupo anda quatro vezes por semana e estamos indo para Lagoa de Cima ou perto do morro porque lá não é mais possível e isso já faz dois meses. Nosso morro está esquecido, sendo um ponto turístico tão bonito da nossa cidade”, falou.
Além da interdição por conta da queda da barreira, outra reclamação é o mato alto, que cresceu de forma rápida devido as chuvas. Com isso, o risco aumenta para os profissionais que precisam passar para realizar manutenção das antenas no alto do morro.
O ciclista Mauricio Cortes falou sobre o abandono do Morro do Itaoca. “O local precisa de manutenção e não é algo caro. Temos poucos pontos de turismo na cidade, temos um morro onde podemos subir e contemplar a natureza de graça. Um local onde se pratica vários esportes, um ponto de lazer democrático e é triste ver que está sem qualquer cuidado, como mato alto que pode ser cortado de forma simples, ter uma rotina de manutenção e nada é feito há dois meses”, disse.
Outro esporte que também sofre com a interdição é o parapente. Apenas os instrutores podem ter acesso ao topo do morro para praticar a atividade. Com isso, o prejuízo é inevitável, segundo o instrutor Ronaldo Parapente, conhecido por promover voos livres no Morro do Itaoca.
— Apenas quatro professores por dia podem ter acesso ao morro, de segunda a sexta, pois existe a manutenção dos equipamentos e outros trabalhos que precisamos realizar. É uma pena que o morro esteja fechado todo esse tempo, abandonado, sem o cuidado que é simples, eu acredito. Nosso prejuízo existe, mas penso também naqueles que gostam de subir para contemplar a vista do alto do morro, que é sensacional, os ciclistas que precisam treinar para as competições. É uma pena que nada mudou desde a queda da barreira para ajudar os próprios moradores que gostam de vir, como pessoas de outras cidades — contou Ronaldo.
Estrada tem vários buracos e animais soltos
A estrada que dá acesso ao Morro do Itaoca também é motivo de queixa e alerta por conta dos diversos buracos e animais soltos na pista.
— Temos que redobrar atenção porque sabemos que os animais são de responsabilidade dos donos, mas é necessário que o poder público crie um trabalho de conscientização. Passamos pelo trecho de forma bem reduzida, porque o risco de sermos atingidos por bois soltos na pista é grande e encontramos muitos deles no acostamento. Além disso, a estrada carece de tapa buraco e sinalização com placas até para atender aqueles que não conhecem o local e querem fazer a visita ao morro, assim que for liberado — disse o ciclista Maurício Marques.
Localizado a cerca de 17 quilômetros do Centro da cidade, o Morro do Itaoca é o ponto mais alto de Campos. São 395 metros de altitude. No cume do morro é possível ter uma visão panorâmica da cidade.
Em nota, a Prefeitura informou que, nas próximas semanas, a subsecretaria de Meio Ambiente irá se reunir com demais órgãos da Prefeitura, para traçar as medidas a serem tomadas visando a recuperação do Morro do Itaoca. “A pasta informa que estão sendo seguidos todos os trâmites necessários para o início de uma intervenção pública, como por exemplo, abrir licitação para obra, apresentação de projeto, entre outros”, disse a nota.
Ambientalista fala de APA criada em 2013
Criado em 2013 pela lei municipal 8.424, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Itaoca faz parte das unidades de conservação de uso sustentável, isto é, garante a conservação de processos naturais e da biodiversidade, adequando atividades humanas às características ambientais da área.
O ambientalista Arthur Soffiati destacou que Campos possui poucas unidades de preservação, com um total de quatro, sendo elas o Morro do Itaoca, Lagoa de Cima, Taquaruçu e Lagamar.
— Temos no Morro do Itaoca, por exemplo, uma área biológica reconhecida no mundo, por temos espécies de plantas específicas, com valor cientifico grande. Por estar abandonada, isso gera uma imagem negativa. Sem atenção do poder público, o local fica abandonado e todos nós perdemos com isso — disse.