Um grupo de autores de Campos divulgou uma carta aberta de repúdio, segundo os 10 que assinam o documento, em decorrência do que consideram negligência com os escritores e artistas locais na 12ª Bienal do Livro, que está prevista para março. De acordo com a carta, há uma falta de reconhecimento e apoio aos escritores campistas, por parte da organização do evento. No mesmo dia, foi anunciado que a Bienal terá como homenageado o cartunista mineiro Ziraldo. Adiada do ano passado para este ano, a Bienal vai acontecer de 28 de março a 6 de abril, retornando ao Cepop após 13 anos. A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima informou que realizará, nesta quinta-feira (20), às 15h, reunião entre os organizadores da Bienal e representantes de entidades do município ligadas ao segmento da literatura.

"A Bienal, que deveria ser um espaço democrático para a valorização da literatura em sua diversidade, tem negligenciado sistematicamente os talentos locais, relegando escritores e academias a uma posição secundária", diz um trecho carta que ressalta ainda que os "investimentos são direcionados para convidados de fora, enquanto nossos autores, que constroem e fortalecem a cena literária da cidade, ao longo do ano, são marginalizados, sem espaço adequado para exposição, divulgação e participação em painéis e debate".

A escritora Cris Lemos é uma das autoras locais que assinou o documento. "Nós autores não fomos informados sobre nada pertinente, e descobrimos que alguns foram contratados mediante a pagamento, enquanto outros nem espaço para expor conseguiram", diz ela. Em 2024, Cris Lemos foi uma das autoras de Campos a expor sua obra na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, com a obra "Desabafo de mãe".

— Depois de tanto tempo de espera pela Bienal do Livro de Campos, que deveria ter acontecido em 2024, mas acabou adiada para 2025, esperávamos pelo menos um pouco de informação aos escritores, editores e fazedores de Cultura de Campos. Praticamente, estamos a um mês da abertura, pois temos que considerar que a semana do Carnaval não podemos contar... E os escritores esperando por um chamamento, um edital de lançamento de livros, agendamento para palestras/mesas de debate/ saraus/café Literário... Enfim, uma espera angustiante, sem retorno. Eu como conselheira titular da Câmara Técnica da Literatura tenho uma imensa tristeza em dizer que não fui a nenhum momento consultada e nem mesmo dei qualquer sugestão sobre a programação — conta a escritora Sol Figueiredo.

A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, que é responsável pela organização do evento, respondeu, em nota, que "na XII Bienal haverá espaço para os autores a autoras do município. Haverá mesas totalmente dedicadas à poesia campista e à personalidades da literatura local. Teremos quatro estandes para nossas academias literárias. Teremos, também, espaço para os autores independentes lançarem seus livros. Haverá, também, uma programação local, 100% idealizada por nossas academias, para a qual será utilizada, além dos seus espaços nos estandes, as demais áreas da Bienal. Além do estudo e imensa expectativa para que o alcance da política pública que abrange o Credlivro do Professor e a Notinha Legal dos alunos chegue, pela primeira vez, aos nossos escritores. Além disso, ainda há outras mesas sendo elaboradas, voltadas para a literatura campista. Quase todas as mesas do evento terão a mediação de intelectuais campistas", finalizou.