O duplo e o triplo
*Edgar Vianna de Andrade 14/10/2019 17:39 - Atualizado em 21/10/2019 14:43
Divulgação
(Projeto Gemini)
— Nascido em Taiwan, Ang Lee tornou-se um legítimo representante da globalização ocidental. Ele é discreto e competente, transitando com desembaraço entre oriente e ocidente, passado e presente. Seu primeiro filme, “Banquete de casamento” (1993), lida já com ocidente e oriente e com o tema da homossexualidade. Logo depois, ele visita “Razão e sensibilidade” (1995), um clássico da literatura inglesa e ocidental com bastante intimidade. Em 2000, volta ao oriente com o épico “O tigre e o dragão”, para, logo em seguida, filmar “Hulk” (2003) de forma bastante criativa. Mas, certamente, ele é mais conhecido pelo leigo por “O segredo de Brokeback montain” (2005) e “As aventuras de Pi” (2012), que lhe renderam Oscars.
Enquanto “Projeto Gemini” corre o mundo, Ang Lee prepara um novo filme, este sobre a história do bíblico Moisés. O diretor é cuidadoso em suas produções, mesmo em filmes que poderíamos considerar menores, como este “Projeto Gemini”. O que chama a atenção de qualquer um é a fotografia, no filme em questão confiada a Dion Beebe, com vasta experiência. Também os efeitos especiais, de última geração. Mas Lee arranca mais. As tomadas ao ar livre são sempre amplas e claras, como em “As aventuras de Pi”, filme em que a fotografia é como uma personagem.
“Projeto Gemine” é uma incursão do diretor nos filmes de ação. Henry Brogan (Will Smith) é um veterano de guerra que se tornou um excelente atirador de elite. Mas ele só elimina pessoas perigosas para a humanidade. Matador profissional, sim, mas com ética. Ele está prestes a se aposentar quando Danny Zakarweski (Mary Elizabeth Winstead) entra em sua vida. Seus patrões, tendo à frente o lunático Clay Verris (Clive Owen), querem eliminá-lo. Para tanto, foi criado um clone seu representado pelo próprio Will Smith remoçado por computador. Com ajuda de Danny e do seu velho companheiro Baron (Benedict Wong), tenta sair de um mundo supercontrolado pela informática, como o atual.
Mais uma vez, estamos diante de uma história de duplo, bem explorada por Victor Hugo, Robert Louis Stevenson, Joseph Conrad, Gastão Cruls, Robert Mulligan, Irmãos Pang e Jordan Peele. O duplo sempre assusta. E Lee trabalha bem esse medo tanto no velho soldado quanto no seu clone. Estamos a caminho de um mundo de seres padronizados, sejam eles robôs ou réplicas humanas de carne e osso, planejados para executar tarefas específicas. Mas, no final, fica a mensagem: a superioridade humana decorre não apenas da sua capacidade de planejar, mas também de amar, de pensar, de sofrer. O velho Smith triunfa contra o mal, representado por Verris, e contra a destruição, expressa por seus dois clones: um que conserva sua humanidade e outro que foi programado para destruir.
A ideia original é de Darren Lemke e David Benioff, roteirizada por Billy Ray, David Benioff e o próprio Darren. Não é o melhor filme de Ang Lee. Talvez não seja lembrado, como alguns outros, mas sua marca está presente nos detalhes do elenco, da fotografia e do acabamento.

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