Suzy Monteiro
28/03/2017 23:13 - Atualizado em 30/03/2017 13:30
O depoimento da testemunha-chave no caso Chequinho, a radialista Elizabeth Gonçalves, a Beth Megafone, detalhou como teria funcionado o “escandaloso esquema” do uso político do Cheque Cidadão. Beth falou por mais de três horas, na tarde dessa segunda-feira (27), ao juiz Ralph Manhães, na presença de representantes do Ministério Público Eleitoral (MPE) e de advogados, entre eles, o defensor do ex-governador Anthony Garotinho (PR), Fernando Fernandes. Beth afirmou, por exemplo, que colocou fogo em documentos “por ordem do senhor Anthony Garotinho” e que os cartões, nesse período, vinham desbloqueados também por ordem dele. O depoimento aconteceu na Ação Penal que tem como réus os vereadores eleitos e não diplomados Ozéias (PSDB) e Miguelito (PSL), além da ex-secretária de Desenvolvimento Humano e Social Ana Alice Alvarenga e a ex-coordenadora do Cheque Cidadão Gisele Koch. Na esfera eleitoral, são esperadas para os próximos dias as sentenças das ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que têm os suplentes de vereador Geraldinho de Santa Cruz (PSDB) e Carlinhos Canaã (PTC) como réus. Nessa terça-feira, Garotinho sofreu mais uma derrota: teve negada a liminar dentro do habeas corpus impetrado contra a apreensão de imagens de câmera de segurança do apartamento onde mora, no Rio.
No depoimento, Beth relatou que trabalhou na secretaria de Desenvolvimento Humano e que participava de reuniões, algumas na sala da então prefeita Rosinha, sempre com a presença de Garotinho, a respeito do Cheque Cidadão.
Ela afirmou que fazia campanha para a candidata Linda Mara Silva (PTC) — eleita e não diplomada por decisão da Justiça. Ainda segundo Beth, quem organizava as reuniões era o marido da prefeita. Em uma delas, “ficou explicitado que o cadastro não passaria pelo Cras”.
A radialista relatou, também, que vários digitadores teriam sido contratados a partir de junho do ano passado, indicados por várias pessoas, entre vereadores e outras ligadas ao governo. Contou, ainda, que presenciou o aumento do fluxo de vereadores na secretaria. Ela disse que fazia contato com lideranças arregimentadas em favor de Linda Mara para saber dos beneficiários do Cheque.
Disse que Ana Alice era “monitorada 24 horas pelo Sr. Thiago Ferrugem através de telefonemas e WhatsApp”. Afirmou que, durante a fuga para o Rio, teve despesas pagas por Thiago Godoy, ex-subsecretário de Governo. O episódio da testemunha que gravou um áudio divulgado no rádio, entrega de cartões em caixas e pacotes e até alerta feito pelo ex-governador para “irem com calma” depois das denúncias também foi relatado.