Famílias do MST desocupam fazenda Santa Luzia em Campos
Rafael Khenaifes e Matheus Mesquita 11/02/2025 12:01 - Atualizado em 11/02/2025 14:06
Video: Reprodução
As famílias do Movimento Sem Terra (MST) desocuparam a Fazenda Santa Luzia da Usina Sapucaia, em Campos na tarde desta segunda-feira (10). Mais de 400 familias tinham acampado na propriedade.
O MST, em nota, explicou a situação.
“As 400 famílias acampadas do MST deixaram a ocupação da Fazenda Santa Luzia, da Usina Sapucaia, em Campos dos Goytacazes, de forma pacífica diante das ameaças de um contingente policial desproporcional, incluindo mais de 20 viaturas, três ônibus e a tropa de choque da Polícia Militar, orientados a expulsar trabalhadores, crianças e idosos do terreno sob qualquer circunstância e sem a decisão judicial”.
“O governador Cláudio Castro, no entanto, preferiu tratar a questão social como caso de polícia. As áreas em questão estão em processo de adjudicação devido a dívidas superiores a R$ 200 milhões, incluindo mais de R$ 90 milhões em débitos previdenciários não pagos aos trabalhadores. Atualmente, as áreas são arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), empresa do vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, que também deve mais de R$ 3 milhões em FGTS não pago aos trabalhadores da Usina. As famílias acampadas deixam as terras da Usina hoje com a certeza de que a luta continua e com a confiança de que as autoridades competentes se empenharão em concluir o processo de adjudicação nos próximos meses para a conquista da posse definitiva. Este é um compromisso firmado pelo ministro Paulo Teixeira, que garantiu que “vai adquirir essa área por adjudicação para a Reforma Agrária”.
O Partido dos Trabalhadores de Campos dos Goytacazes também emitiu uma nota, nesta terça-feira (11), se solidarizando com as 400 famílias acampadas que deixaram a ocupação da Fazenda Santa Luzia, da Usina Sapucaia de forma pacífica "após mais de 20 viaturas, três ônibus e Tropa de Choque da Polícia Militar ameaçarem de retirada à força, sem e existência de uma decisão judicial que respaldasse o ato de retirada".
Na nota, o PT ressaltou sobre as terras fazerem parte do processo de adjudicação devido a dívidas superiores a R$200 milhões, incluindo mais de R$90 milhões em débitos previdenciários que não foram pagos aos trabalhadores e trabalhadoras da Usina. "Nossos parlamentares, representantes de órgãos públicos, Ministro Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Incra, Ministério Público Federal, Defensoria Pública e a deputada estadual Marina do MST fizeram contato direto com o Governador Cláudio Castro em busca de diálogo e negociação. Esta é uma questão social não é caso de polícia", diz outra parte da nota. 
"Defendemos o acesso á terra em um país que ainda vive sob o fantasma da fome deixado pelo governo anterior. Por isto defendemos o Movimento Sem Terra e seu trabalho na produção de alimentos. Este é o único caminho para redução de insegurança alimentar no Brasil e no mundo.
As famílias deixam as terras da Usina na certeza que a luta e a resistência continuam.
Reforma Agrária Já", finaliza a nota emitida nesta terça-feira. 
A Coagro também emitiu uma nota sobre a situação.
"A Coagro repudia veementemente a invasão de terras produtivas pertencentes à Usina Sapucaia e arrendadas à cooperativa desde 2013. Essas áreas, arrendadas em processo judicial, são fundamentais para a geração de empregos e o sustento de milhares de famílias em Campos e Região. A ocupação indevida, de terras regularmente subarrendadas a cooperados, coloca em risco a produção em curso, prejudica os cooperados e ameaça a segurança dos trabalhadores.
Diante desse grave cenário, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a integridade das atividades e os direitos assegurados em lei da Coagro e de seus cooperados.
A Coagro é uma cooperativa de produtores de cana-de-açúcar constituída há 22 anos, com mais de 10 mil pequenos cooperados, gerando três mil empregos diretos e indiretos".
"Confiamos na Justiça e nas instituições para a rápida reversão da situação e reafirmamos nosso compromisso com desenvolvimento do setor e o respeito à lei".
Segundo a polícia, foram 120 homens entre a polícia civil e militar, a maioria sendo policiais militares, e por volta das 18h as famílias desocuparam a fazenda pacificamente. (R.K.) (M.M.)

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