Casos de furto de bicicletas têm aumento significativo nos últimos anos em Campos
Éder Souza - Atualizado em 25/05/2024 08:31
Bicicletas estacionadas no bicicletário do Calçadão
Bicicletas estacionadas no bicicletário do Calçadão / Foto: Rodrigo Silveira
Os casos de furto de bicicleta tiveram uma explosão de casos nos últimos quatro anos (2020 a 2023) em Campos, em torno de 1147%. De acordo com dados compilados através do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), em 2020 foram registrados 22 furtos de bicicletas. Em 2021, o número foi para 79. Já em 2022, as duas delegacias da cidade registraram 193 casos. E em 2023, o número saltou para 287 bicicletas furtadas. Agora, em 2024, de janeiro a março, foram 53 bikes levadas por bandidos. A delegacia do Centro, a 134º DP, concentra a maior parte dos registros.

Morador do Jóquei, Lucas Cesário foi uma das vítimas dos bandidos. Há cerca de dois anos ele comprou uma bicicleta que custou cerca de R$ 4.600 reais para trabalhar e para praticar esportes, mas que foi levada de dentro do seu quintal.
“Eu fui para o trabalho e sempre tive o hábito de deixá-la presa com cadeado na estrutura da escada. Em um dia quando retornei, minha bicicleta não estava mais no lugar que eu sempre deixava. Fui à delegacia, fiz o registro de ocorrência, mas nunca mais vi a minha bike”, contou.
Por conta do furto, ele diz que não pensa mais em comprar uma outra bicicleta. “Infelizmente, a gente se sente muito inseguro, sem um ponto de apoio e sem segurança de adquirir uma nova bicicleta. Isso eu estou falando de uma bike, mas se fosse um carro ou uma moto, que são veículos mais valiosos. Hoje, eu não penso mais em ter uma bicicleta para praticar esportes”, disse.
Ciclistas na avenida Alberto Torres, no Centro
Ciclistas na avenida Alberto Torres, no Centro / Foto: Rodrigo Silveira


Assim como Lucas, muitos campistas aproveitam que vivem em uma planície e utilizam a bicicleta como meio de locomoção ou prática de saúde. De acordo com uma estimativa do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT), cerca de 25 a 30 mil ciclistas se deslocam por dia pelas ruas, avenidas, ciclovias e ciclofaixas da cidade. Após a pandemia de covid-19, iniciada em 2020, muitas pessoas passaram a andar de bicicleta como forma de exercício físico. Apesar de ser um veículo de baixo custo, ciclistas começaram a investir nas bicicletas, algumas custando mais de mil reais, como o caso do Lucas que foi citado acima, para a prática de esportes.
A professora e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Cidade, Cultura e Conflito da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Luciane Soares, acredita que o preço das bikes vêm chamando a atenção dos bandidos.
"Para toda atividade criminosa, existe um mercado que escoa, como acontece com os celulares, carros e também para as motos. O elemento que tem chamado a atenção, é que as pessoas que escolhem as bikes para exercício, elas têm investido em bicicletas com valor de R$ 3 mil para cima, com bicicletas mais leves, modernas e também as motorizadas. As bicicletas se tornaram itens com muito investimento e também têm se tornado parte de um mercado rentável para a ilegalidade”, explicou.
  • Bicicletas no Centro

    Bicicletas no Centro

  • Posto do Segurança Presente no Calçadão

    Posto do Segurança Presente no Calçadão



Implementada com o intuito de ser uma polícia de proximidade com a população, a Operação Segurança Presente realiza o trabalho de recuperação de muitas dessas bicicletas furtadas em diferentes bairros da cidade. Em um desses casos, em janeiro deste ano, os policiais conseguiram localizar, na Rodoviária Roberto Silveira, no Centro, uma bicicleta que foi furtada e vendida. Já em março, uma bicicleta foi levada dentro de um shopping de Guarus. Os policiais encontraram o veículo com um homem na avenida Alberto Torres, no Centro, que contou que comprou a bicicleta por R$ 250 reais e a pintou de azul.
  • Veículo foi furtado, mas foi recuperado

    Veículo foi furtado, mas foi recuperado

  • Bicicleta foi recuperada pela PM

    Bicicleta foi recuperada pela PM



De acordo com o coordenador do Segurança Presente em Campos, o tenente Luciano Tavares, como o furto de bicicleta é um crime considerado de oportunidade, por não ser uma prática violenta, a polícia encontra dificuldades para evitar que ele aconteça.

"Diferente do roubo, o furto de bicicletas não tem o emprego da violência ou da grave ameaça. É um crime de oportunidade, sendo aquele crime mais sorrateiro, que a pessoa que vai furtar se vale muito das vezes da falta de vigilância do outro. Então, às vezes é muito difícil a gente atuar. Mesmo assim, a gente tenta distribuir o efetivo da melhor forma possível na nossa área de atuação e nos locais que a gente toma ciência de que tem um índice maior de acontecimentos desse delito. Além de intensificar o policiamento, a gente sempre pede aos nossos policiais para ficarem atentos. E quando tem uma situação dessa, as pessoas precisam passar a situação para a gente o mais rápido possível, porque às vezes a gente consegue recuperar o bem que foi furtado e muitas vezes prender a pessoa que furtou em flagrante”, disse o coordenador.

Polícia Militar reconhece o aumento de casos de furto de bicicletas e diz que autores, em sua maioria, são usuários de drogas
A Folha procurou a Polícia Militar, através do 8º Batalhão de Polícia Militar, que informou que a Seção de Operações identificou, de fato, um aumento quanto ao delito de furto de bicicletas, sobretudo na área central de Campos. Ainda segundo o batalhão, “Tal delito é comumente identificado por autores que são usuários de entorpecentes, sendo em sua maioria dependentes de crack”, disse por meio de uma nota enviada à reportagem.

Ainda segundo a nota, a PM, visando inibir os furtos das bicicletas, tem feito ações em locais que aceitam as bicicletas como pagamento pela droga. Setores de radiopatrulha e o Grupamento de Motociclistas estão voltados à prevenção em locais como o bairro Madureira e proximidades do Cemitério do Caju.
Apesar dos furtos, insegurança dos ciclistas diminui no trânsito
Malha cicloviária de Campos cresce
Malha cicloviária de Campos cresce / Foto: João Marcos Campinho/Divulgação

Mesmo com o grande número de furtos de bicicletas na cidade de Campos, a insegurança pelas ruas tem diminuído ao longo do tempo quando falamos sobre o trânsito. De acordo com o IMTT, atualmente o total da malha cicloviária em Campos é de 60,62 km, distribuídos em ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota e calçada compartilhada. Ao todo, são 13 ciclovias totalizando 30.6 km e 27 ciclofaixas totalizando 28,7 km. Além disso, mais uma ciclorrota (400 metros) e uma calçada compartilhada (800 metros).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS