Incêndio do Hotel Flávio completa um ano sem nenhuma solução
A questão do Hotel Flávio representa um duro golpe no patrimônio edificado da nossa cidade, aponta a historiadora, Rafaela Machado. Praticamente, não restou mais nada do prédio, que é tombado conforme a resolução n° 005/2013, além da fachada e uma parede lateral.
Comerciantes da área também estão preocupados com a chegada do verão e, consequentemente, as fortes chuvas que acompanham a estação, quando haverá um risco maior de desabamento do restante do prédio. Um perigo para quem ainda se aventura a passar pelo trecho interditado.
- A verdade é que todo o imbróglio relacionado à questão envolve diferentes instituições, a principal delas o próprio Ministério Público, e não apenas o Coppam. A responsabilização da família precisa ser um dos pilares da resolução da questão, mas a principal delas passa pela realização de intervenções urgentes no que restou daquele patrimônio. Nesse sentido é necessária uma importante reforma nos mecanismos legais de atuação para casos como esse - destaca Rafaela.
De acordo com a historiadora, há de ter exceção quando o que está em risco é o patrimônio. "Ainda estamos discutindo, passado um ano, sobre desapropriação, responsabilidade sobre a recuperação e assim vai e, enquanto isso, a situação só piora a cada dia. Novamente, o patrimônio exige o emprego de situações de exceção", conclui.
A Folha não conseguiu contato com os herdeiros do imóvel.
Na madrugada de 19 de novembro do ano passado, um incêndio de grandes proporções atingiu o prédio do antigo Hotel Flávio, no centro de Campos. O fogo se espalhou rapidamente tomando os três andares do edifício e destruindo quase que completamente a estrutura do imóvel que é tombado pelo patrimônio histórico. Um ano após as chamas, além dos escombros, cinza, persiste o impasse relacionado ao escoramento da fachada. Herdeiros, Prefeitura e o Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam), tudo indica, não deram nenhum passo importante neste sentido, muito menos acharam uma alternativa para salvar o que restou. Enquanto isso, o trecho da rua Carlos de Lacerda, bem no centro histórico e comercial, segue interditado.
O prédio desativado foi tombado pelo Patrimônio Histórico, em 2013. Em abril deste ano, houve uma tratativa do Coppam com herdeiros. O escoramento da fachada ficou marcado para acontecer em uma semana. "O time da coisa pública para a privada incomoda", afirma o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), de Campos, Edvar Chagas Junior. Segundo ele, realmente, já foi tentado pelo Coppam diálogo com os herdeiros e comprometido obra que não aconteceu.
"E, hoje, o que nós do setor privado aguardamos é uma proteção daquela estrutura que tem risco de cair, para haver a liberação do trânsito da rua urgente. Esse trânsito interditado está inviabilizando toda a movimentação daquela área central. Aguardamos que a secretaria municipal de Obras e a Defesa Civil Municipal tomem alguma providência em relação ao escoramento", completa.
O presidente da Carjopa, Expedito Coleto, também aguarda uma solução. Para ele, essa questão do Hotel Flávio é insustentável, por manter o trecho de uma rua importante fechada há um ano. "Dá para se imaginar quanto está sendo prejudicada a mobilidade e o tráfego de veículos na região central". disse ele, ressaltando que na semana passada encaminhou um ofício ao Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) pedindo a colocação do ponto de vans na Avenida 7 de Setembro.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Fernando Loureiro, vê com tristeza a situação do que restou do Hotel Flávio. "Um ano que o prédio foi tomado por um incêndio e, desde então, a rua ficou fechada para o trânsito de veículos, prejudicando desta forma não só as lojas ao lado do prédio, mas várias ruas do centro que sofrem com o fechamento da rua Carlos de Lacerda, entre a rua 7 de Setembro e 21 de Abril", destacou o empresário Loureiro.
O presidente da ACIC ainda provoca ao questionar: "Gostaria de saber qual será o posicionamento da presidente do Coppam, Auxiliadora Freitas, haja visto que não houve até o momento uma definição do que será feito no prédio."
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que "o COPPAM tem atuado pela conservação das partes remanescentes do imóvel, principalmente sua fachada. As principais preocupações passam pelo risco de desabamento e pela consequente necessidade de isolar a área para pedestres, o que tem prejudicado o acesso ao entorno do imóvel. Foram executadas, desde o início de dezembro de 2022, diversas visitas técnicas por parte de equipes do poder público, incluindo agentes técnicos da sociedade civil.
O presidente da Carjopa, Expedito Coleto, também aguarda uma solução. Para ele, essa questão do Hotel Flávio é insustentável, por manter o trecho de uma rua importante fechada há um ano. "Dá para se imaginar quanto está sendo prejudicada a mobilidade e o tráfego de veículos na região central". disse ele, ressaltando que na semana passada encaminhou um ofício ao Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) pedindo a colocação do ponto de vans na Avenida 7 de Setembro.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Fernando Loureiro, vê com tristeza a situação do que restou do Hotel Flávio. "Um ano que o prédio foi tomado por um incêndio e, desde então, a rua ficou fechada para o trânsito de veículos, prejudicando desta forma não só as lojas ao lado do prédio, mas várias ruas do centro que sofrem com o fechamento da rua Carlos de Lacerda, entre a rua 7 de Setembro e 21 de Abril", destacou o empresário Loureiro.
O presidente da ACIC ainda provoca ao questionar: "Gostaria de saber qual será o posicionamento da presidente do Coppam, Auxiliadora Freitas, haja visto que não houve até o momento uma definição do que será feito no prédio."
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que "o COPPAM tem atuado pela conservação das partes remanescentes do imóvel, principalmente sua fachada. As principais preocupações passam pelo risco de desabamento e pela consequente necessidade de isolar a área para pedestres, o que tem prejudicado o acesso ao entorno do imóvel. Foram executadas, desde o início de dezembro de 2022, diversas visitas técnicas por parte de equipes do poder público, incluindo agentes técnicos da sociedade civil.
Foram realizadas reuniões com a família proprietária do imóvel, dentre as quais o COPPAM determinou um prazo para a realização das obras de escoramento da fachada. E, por último, em um trâmite interno realizado após o decurso do prazo definido, o governo está avaliando técnica e juridicamente a possibilidade de adoção de medidas para que as obras de escoramento sejam feitas pelo próprio poder público, com lançamento dos custos em dívida ativa, fazendo cumprir o disposto na Lei Municipal nº 8487/2013", concluiu.
Historiadora: "o patrimônio exige o emprego de situações de exceção"
A questão do Hotel Flávio representa um duro golpe no patrimônio edificado da nossa cidade, aponta a historiadora, Rafaela Machado. Praticamente, não restou mais nada do prédio, que é tombado conforme a resolução n° 005/2013, além da fachada e uma parede lateral.
Comerciantes da área também estão preocupados com a chegada do verão e, consequentemente, as fortes chuvas que acompanham a estação, quando haverá um risco maior de desabamento do restante do prédio. Um perigo para quem ainda se aventura a passar pelo trecho interditado.
- A verdade é que todo o imbróglio relacionado à questão envolve diferentes instituições, a principal delas o próprio Ministério Público, e não apenas o Coppam. A responsabilização da família precisa ser um dos pilares da resolução da questão, mas a principal delas passa pela realização de intervenções urgentes no que restou daquele patrimônio. Nesse sentido é necessária uma importante reforma nos mecanismos legais de atuação para casos como esse - destaca Rafaela.
De acordo com a historiadora, há de ter exceção quando o que está em risco é o patrimônio. "Ainda estamos discutindo, passado um ano, sobre desapropriação, responsabilidade sobre a recuperação e assim vai e, enquanto isso, a situação só piora a cada dia. Novamente, o patrimônio exige o emprego de situações de exceção", conclui.
A Folha não conseguiu contato com os herdeiros do imóvel.