
— Partiu de Elina a ideia de voltarmos a escrever juntas, desta vez sobre o filme, o papel do jazz nos embates envolvidos na luta pela libertação do Congo belga e sobre duas mulheres destacadas pelo diretor do documentário, o belga Gripompez. Tivemos um prazo muito curto para escrever o ensaio, forma de comunicação que quase instintivamente escolhemos para o texto. Nas palavras de um amigo querido, professor Marco Antonio Melo, colega da UFF, que nos escreveu elogiando e apreciando o nosso trabalho, "o ensaio é um gênero de expressão e modo instigante, delicado e conciso de apresentar argumentos complexos" — conta Sandra.
Segundo Sandra, ela e sua parceria neste ensaio, priorizaram os principais personagens destacados pelo diretor — além das mencionadas Melba Liston, trombonista e Andrée Blouin, ativista e negociadora política, mostramos como também Lumumba, Fidel Castro, Malcolm X, Kruschev, Eisenhower, Louis Armstrong e outros líderes políticos, musicistas, militantes estiveram envolvidos, a favor ou contra a luta pela libertação do Congo Belga. — Procuramos mostrar no ensaio como uns e outros se envolveram intensamente e se articularam organicamente em torno do golpe de estado que se deu especificamente no Congo (lembrando que na mesma época, outros países africanos estavam igualmente envolvidos em suas lutas contra o colonialismo e pela sua libertação) — ainda sintetiza.

Andrée Blouin, nascida em 1021, na hoje República Centro-Africana, era filha única de um comerciante francês e de uma jovem chefe tribal. A união, conta o ensaio, fruto de pesquisa biográfica, conta que ela era punida por freiras do orfanato em que viveu por “para expiar a ‘maldade’ de seu pai e ‘a natureza primitiva’ de sua mãe”, casada por duas vezes (homens brancos e racistas) só foi com a morte do filho que veio odespertar político...Findou o combate da vida em 1986, aos 64 anos.

Já Melba Liston, do Kansas City (Missouri - EUA), de 1926, ganhou da sua mãe um trombone aos 7 anos. Mas foi na Jamaica, após trajetória de sucesso na música, que ela se envolveu e ensinou crianças a ler música e despertar para o jazz. Combatente da desigualdade no meio musical, ela morreu aos 73 anos, em 1999.
O trabalho faz parte da edição da Ocupação Mulheres BVPS. “Marcar as homenagens devidas às mulheres na semana do dia 8 de março, foi objetivo da BVPS e nosso”, disse. “Trilha Sonora para um golpe de Estado” não levou a estatueta (o escolhido “Sem Chão”, que levanta a questão do genocídio palestino), porém, ficou guardado no coração dessas duas mulheres, brasileiras, com voz e espaço para divulgar suas ideias. Para o crítico Eduardo Vessoni (do Terra): “o filme escreve a História com música e faz da sua trilha sonora, história”.

SANDRA REBEL
Nascida em em Campos e aí morei até os 16 anos. Primário no Externato Regina, ginásio (ensino médio) no “glorioso” Liceu de Humanidades de Campos e 1º normal no Instituto de Educação, no ano de 1967, quando mudou para Nitéroi. Ela é filha de Rizza Paula Rebel Gomes, professora, e de Francisco de Assis Gomes, comerciante (dono da sapataria Casa Nova, situada na rua 7 de Setembro).

ELINA PESSANHA
Antropóloga, nascida em Niterói e onde ficaram amigas. Elina é viúva do sociólogo de origem campista Charles Pessanha, que além de professor e pesquisador, foi editor da Revista Dados, do IUPERJ, figura proeminente da área de comunicação científica. A ele, falecido em julho de 2024, as pesquisadoras dedicaram o ensaio.
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