“As árvores e o parque de Campos estão dentro da Uenf”. Referência nacional em educação e pesquisa, a Universidade Estadual do Norte Fluminense passou a ser reconhecida também como espaço para lazer e prática de esporte e hoje o campus recebe mais de 200 famílias aos finais de semana para piqueniques, exercícios físicos, jogos e até comemorações de datas especiais.

O reitor da Uenf, Raul Palacio, afirma que a universidade sempre esteve de portas abertas à comunidade, mas a população não reconhecia o espaço como seu. Entretanto, a transferência do projeto Paraesporte para dentro da universidade e o processo de vacinação contra a Covid-19 atraíram as pessoas para o campus e o transformaram em uma das principais opções de lazer da cidade aos finais de semana.

— É a realização de um sonho antigo. A universidade ficava muito vazia aos finais de semana e a gente tinha a possibilidade de oferecer lazer, tranquilidade e conforto para as famílias, mas elas não vinham, porque não sabiam, não tinham conhecimento dessa possibilidade dentro da Uenf. Em 2020, a gente conseguiu que o Paraesporte viesse para dentro da universidade, aí muita gente passou a reconhecer a Uenf também como um centro para a família. Depois, as pessoas começaram a frequentar mais a universidade para a tomar a vacina, aí viam as árvores e todo espaço que a gente tem na instituição. A pandemia também não permitia que as pessoas fizessem exercícios fora de casa, mas na Uenf dava para fazer. Então, as pessoas começaram a vir para poder caminhar e com isso deslanchou. E é bom, porque é um espaço público, que pode ser aproveitado também aos finais de semana. Uma vez me perguntaram onde estavam as árvores de Campos. “As árvores e o parque de Campos estão dentro da Uenf”. Essa foi minha resposta naquele momento. E hoje eu acho que a sociedade está entendendo essa resposta — destacou Raul Palacio.

A advogada Nabia Assed levou as duas filhas, de 9 e 5 anos, para passar a tarde na Uenf na semana passada e já não vê a hora de voltar. “Com a pandemia, as opções de lugares para ir com elas ficaram escassas, limitadas. Sempre gostamos de fazer programas em família e já tínhamos ouvido falar do campus da Uenf. Resolvemos testar na semana passada e amamos! Levamos cesta de piquenique e patins. Forramos a toalha e passamos uma tarde maravilhosa. Tinha muitas famílias, crianças, casais, cada um no seu espaço. Lá é muito amplo, arejado e bem cuidado. Voltaremos com certeza — contou Nabia.

Parques públicos municipais e áreas verdes, que ofereçam à população opções de lazer e prática de esportes, são demandas antigas em Campos. E durante a pandemia da Covid-19 o problema se agravou, com a falta de manutenção de praças nos bairros e o fechamento de espaços como o Horto Municipal e o Jardim São Benedito.

Em outubro de 2013, havia um acordo entre a Prefeitura e a Justiça para a construção de um Parque Municipal, mas o projeto não foi à frente e acabou substituído pela abertura do Bosque do Hospital Manoel Cartucho à população, em 2015.

O bosque, que ocupa 20 mil metros quadrados em terreno amplamente arborizado no Parque Rosário, passou a ser uma opção de área verde em Campos e tinha muita procura nos finais de semana, mas teve as atividades suspensas em 2019, após funcionar por cerca de dois anos, ser fechado e reabrir em agosto de 2018.

Ainda em 2019, o Parque Ecológico Municipal ensaiou sair do papel, mas não chegou a ser entregue à população, apesar do anúncio para 2020. Na época, a Prefeitura informou que o espaço seria viabilizado em um terreno de 320 mil metros quadrados, localizado na avenida Arthur Bernardes.

Questionada pela Folha sobre o andamento da implantação do Parque Ecológico Municipal e o investimento em áreas verdes, a Prefeitura informou que não iria se pronunciar sobre o tema.