Fux sobe o tom, cancela reunião e rebate ataques de Bolsonaro
Dora Paula Paes 05/08/2021 20:13 - Atualizado em 05/08/2021 20:13
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça, Luz Fux, saiu em defesa da Corte, nesta quinta-feira (5). Segundo ele, não adiantou nada o alerta, em julho, já que o presidente Jair Bolsonaro mantém a maratona de ataques ao sistema eleitoral e, principalmente, aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Por isso, Fux decidiu por cancelar a reunião, que estava sendo preparada por ele, entre os três poderes.
"O pressuposto do diálogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes. Como Presidente do Supremo Tribunal Federal, alertei o Presidente da República, em reunião realizada nesta Corte, durante as férias coletivas, sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como sobre o necessário e inegociável respeito entre os poderes para a harmonia institucional do país", afirma Fux.
Em Campos, o coordenador do curso de Direito do Isecensa, professor da Uerj e ex-assessor de ministro do STF, Carlos Alexandre de Azevedo Campos, diz que Fux "subiu o tom". O também jurista, Cléber Tinoco, ressalta, por vez, que a postura radical dos apoiadores de Bolsonaro, ao seguirem seu discurso pautado em ataques, visam "promover a ruptura da ordem constitucional".
Se Fux subiu o tom, o presidente não demonstra querer baixar o seu. Pelo contrário, em entrevista à RádioJovem Pan, chegou a dizer que pode agir de forma inconstitucional, caso os processos contra ele avancem na Justiça. "Se alguém vai abrir inquérito, como abriu, vai começar a 'catar' provas e essa mesma pessoa vai julgar? Olha, eu jogo dentro das quatro linhas da Constituição. E jogo, se preciso for, com as armas do outro lado", afirmou Bolsonaro.
Sobre a posição de Fux, Carlos Alexandre analisa: "Mas esperava-se o quê? O presidente insiste em espalhar mentiras, em colocar em dúvida o processo eleitoral que inúmeras vezes o elegeu e aos seus filhos, em incitar a população contra ministros do STF, em desacreditar as instituições. É um péssimo governante, perdido em tantos erros e crimes no enfrentamento da pandemia, e hoje se vê ameaçado com a não reeleição".
Ainda segundo Carlos Alexandre, ao invés de buscar governar com racionalidade e empatia para melhorar seu ibope, Bolsonaro procura promover a violência institucional. "Ele está corroendo a República e nossa confiança democrática. Precisa de freios urgentemente. Penso que, a partir de agora, esse será o tom único. Vamos aguardar o que farão os presidentes da Câmara e do Senado. Espero que também coloquem o presidente no seu lugar: o lugar de quem administra coisa alheia - o país -, e não apenas o seu cercadinho ou curral no Planalto", salienta.
Para Cléber Tinoco, tudo faz parte de um plano: "A ruptura da ordem constitucional é desejada e cobrada pela ala mais radical de apoiadores do presidente Bolsonaro, que aproveita algumas dúvidas sobre as decisões do STF, como a que questiona a legitimidade da Corte para instaurar investigação penal, inclusive contra a vontade do Procurador Geral da República, para colocar em prática", conclui.

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