Preço da carne pesa no orçamento e consumidor deixa de comprar
Dora Paula Paes 06/03/2021 08:12 - Atualizado em 08/03/2021 09:47
Rodrigo Silveira
O consumo da carne bovina está em queda entre os brasileiros; ameaça real ao “churrasco” do fim de semana ou ao cultuado bife com cebola. O elevado preço da carne e os reflexos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus são apontados como fatores da retração. Em Campos, na quinta-feira (3), foi possível encontrar consumidor passando “batido” pelo contra filé a R$ 51,49, o quilo, em supermercado de rede local, ou pelo patinho a R$29,90 (kg) no açougue de bairro, no Parque São José, Guarus. Apesar do recuo, no setor produtivo as perspectivas são positivas; com arroba (15kg) do boi a R$ 300,00.
Para se ter uma noção, em 2020, a quantidade de carne no prato despencou 10,5%, é o que aponta levantamento do Departamento Técnico Econômico (DTE) da Faep, divulgado no dia último dia 3. Em média, cada brasileiro consumiu 27,3 quilos de carne ao longo do ano passado – o mesmo patamar de 15 anos atrás. Em 2013, no auge do consumo, a média chegou a 33 quilos per capita.
Não dá para falar de economia doméstica sem analisar o período inflacionário de 2020, com inflação a 4,52%. Somente a dos alimentos atingiu patamar de 15%. E vários fatores contribuíram para o cenário desfavorável atual.
O economista Alcimar Chagas aponta a pandemia, seguido da alta do dólar, que favorece a exportação, como os “vilões”.
 
 
Mas não é só. A taxa de desemprego saltou de 11,3% para 14,3%, também no ano passado, e parcela significativa da população perdeu renda. “A queda no consumo só não foi maior em razão do auxílio emergencial, que está sendo negociado para ser mantido”, disse o economista. O governo liberou parcelas de R$ 600, até o final do ano, que beneficiaram 64 milhões de pessoas.
“Estou apavorada com o preço da carne. Veja o patinho custando R$40,99, o quilo. Que loucura! O jeito é comer ovo, frango... Desde de dezembro (de 2020) tenho percebido esse aumento da carne”, constata a doméstica, Carmélia Germano, enquanto decidia o que levar para o almoço dos patrões, no supermercado.
Cuidado - O consumidor também deve estar atento ao que compra. A Vigilância Sanitária Municipal, no último dia 3, apreendeu 80kg de carnes bovina, suína e de aves, em um supermercado na Tapera. Orientação é para não comprar o produto com aparência esverdeada.
Economista sugere pesquisa e substituição
Sem vacina suficiente para a imunização de 70% população e sem um processo de economia plena, o brasileiro deverá continuar a comer menos carne esse ano. Pesquisas também apontam que a China comprou 71% da carne bovina que exportamos, o que está contribuindo para manter preços aquecidos no mercado interno.
Sem dinheiro para carne bovina, o economista Alcimar Chagas tem dicas para o consumidor não ficar sem a proteína no prato e, segundo ele, elas são as de sempre:
“Quando se tem uma oferta reduzida, com preços alterados, o consumidor precisa ter ideia dos preços praticados nos estabelecimentos e substituir os produtos. Se não pode comprar a carne bovina, opte pela ave e pela carne suína, que não estão com preços tão impactados. É preciso, da mesma forma, observar bem as opções e ofertas dos grãos, massas e laticínios. Não tem jeito, quando a demanda está maior que a oferta é preciso pesquisar e substituir”, disse.
 
 
O consumidor que optar pela troca da carne de boi pelo frango ou porco pode encontrar bons preços. Alguns cortes dessas duas proteínas são encontradas por menos de R$ 15,00, o quilo.
Rodrigo Silveira
 
 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS

    Mais lidas
    Advogado que proferiu ofensas racistas contra juíza é encontrado morto dentro de casa, em Campos

    De acordo com as primeiras informações, José Francisco Barbosa Abud foi encontrado enforcado

    Decisão do STF afetará diretamente servidores admitidos sem concurso antes de 1988

    A decisão, decorrente de ação proposta pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2007, já está transitada em julgado e não cabe recurso

    Morre, aos 71 anos, o antropólogo e advogado Alberto Ferreira Freitas

    Velório e sepultamento aconteceram neste domingo (27) na Capela São Benedito, em Goitacazes; familiares e amigos relembram a trajetória de vida de Alberto

    Corpo do advogado José Francisco Abud é sepultado no cemitério do Caju, em Campos

    A necropsia aconteceu na manhã desta terça-feira; de acordo com o laudo prévio do IML, a morte foi por enforcamento

    Wladimir sanciona reforma administrativa da Prefeitura

    Lei traz reformulação na estrutura administrativa da gestão municipal, com criação de novas secretarias, extinção de outras e criação de novos cargos em comissão e funções gratificadas