Seca do rio Paraíba do Sul preocupa região
Ícaro Barbosa - Atualizado em 22/09/2020 22:39
Chuva dessa terça foi positiva para o rio após baixa notada nos dias anteriores
Chuva dessa terça foi positiva para o rio após baixa notada nos dias anteriores
O início da primavera é tradicionalmente marcado pela baixa do rio Paraíba do Sul. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Campos, major Edison Pessanha, é comum neste período uma variação de 4,50m a 4,76m no nível do rio. Mesmo isto sendo algo apontado como natural, impactos causados pelo ser humano têm refletido em fenômenos do Paraíba, como a diminuição da vazão, assoreamento e intrusão da água salina — causa da interrupção de abastecimento de água que durou do último dia 15 até a noite de segunda-feira (21), quando foi retomada a operação na Estação de Tratamento de Água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) em São João da Barra.
Segundo o major Edison Pessanha, o dia chuvoso na terça-feira (22), com temperatura variando entre 19º e 23ºC, representou um clima positivo para a solução da seca que atingiu o Paraíba.
— Precisamos que chova bastante nas cabeceiras e temos que esperar por esse período de chuva. O atual nível do Paraíba é preocupante para a pecuária, que depende da chuva para aumentar o nível do rio e possibilitar uma melhora na irrigação. É até um alívio que o início da primavera tenha trazido essa chuva — comentou o coordenador da Defesa Civil.
O baixo nível do rio acaba expondo ainda mais um problema constante: a formação de coroas (ilhas), empecilho para pescadores e navegantes. Na visão do historiador Aristides Soffiati, trata-se de um sintoma do desmatamento que ocorre desde o século XIX na planície.
— Podemos apontar o desmatamento, pois as matas ciliares são responsáveis pela filtragem de detritos, e a diminuição de vazão do Paraíba como principais causas do assoreamento, que é o assentamento na terra sem potencial durante seu transporte até o Atlântico. Isso acaba fazendo com que essa terra eleve o fundo do rio, diminuindo sua profundidade e formando as coroas — explicou Sofiatti. Pesquisador, ele aponta o reflorestamento nas margens, nascentes, áreas de recarga e nos topos de morro como a única solução para os problemas enfrentados pelo rio Paraíba do Sul.
Operação — A Cedae informou que a Estação de Tratamento de Água em São João da Barra voltou a operar na noite da última segunda-feira e teve o seu funcionamento normalizado na terça. As atividades estavam interrompidas desde o dia 15 devido ao fenômeno de intrusão salina. Durante o período, o abastecimento de água foi realizado através da solicitação de caminhões-pipa pelos clientes via telefone 0800-282-1195.
O fenômeno da intrusão salina ocorre quando o mar avança em direção Paraíba do Sul e chega ao ponto onde é realizada a captação para abastecimento de São João da Barra. Na região, de acordo com Aristides Soffiati, o problema tem origem no avanço do mar que, por sua vez, é resultado da perda de vazão do rio na sua foz, em Atafona.
Salinização — “Isso é uma questão antiga que está se acentuando agora”, comentou Aristides Soffiati a respeito da salinização do rio Paraíba do Sul e de seus efeitos. O fenômeno deriva da perda de vazão do rio. “A salinização é causada pela maré, que vai cada vez mais longe e contamina o rio, até porque o rio não oferece a mesma resistência de antes da construção da represa de Santa Cecília, responsável pela transposição de dois terços do Paraíba para o Guandu”, complementou.
Barragens transformam rios com vazão em lagos, quebrando o seu regime hídrico. No Paraíba do Sul, há o caso da Usina Elevatória de Santa Cecília, onde a água é desviada em excesso para o rio Guandu, acarretando no avanço do mar na sua foz. “Se não houvesse tanta poluição sendo despejada no Guandu, ele não precisaria de tanta transposição”, concluiu Soffiati.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS

    Mais lidas
    Advogado que proferiu ofensas racistas contra juíza é encontrado morto dentro de casa, em Campos

    De acordo com as primeiras informações, José Francisco Barbosa Abud foi encontrado enforcado

    Decisão do STF afetará diretamente servidores admitidos sem concurso antes de 1988

    A decisão, decorrente de ação proposta pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2007, já está transitada em julgado e não cabe recurso

    Morre, aos 71 anos, o antropólogo e advogado Alberto Ferreira Freitas

    Velório e sepultamento aconteceram neste domingo (27) na Capela São Benedito, em Goitacazes; familiares e amigos relembram a trajetória de vida de Alberto

    Corpo do advogado José Francisco Abud é sepultado no cemitério do Caju, em Campos

    A necropsia aconteceu na manhã desta terça-feira; de acordo com o laudo prévio do IML, a morte foi por enforcamento

    Wladimir sanciona reforma administrativa da Prefeitura

    Lei traz reformulação na estrutura administrativa da gestão municipal, com criação de novas secretarias, extinção de outras e criação de novos cargos em comissão e funções gratificadas