SOS Coração já salvou cerca de 300 vidas em Campos
- Atualizado em 27/07/2024 08:30
Projeto "SOS Coração"
Projeto "SOS Coração" / Foto: Divulgação
Socorrer uma pessoa que pode estar sofrendo um infarto, além de uma equipe preparada para atender o paciente na urgência e emergência nos primeiros minutos, são fatores importantes para salvar vidas. Em Campos, desde que o programa SOS Coração, da Prefeitura, foi criado em 2023, cerca de 300 pessoas com sintomas do Infarto Agudo do Miocárdio, que é a maior causa de mortes no país, foram salvas. Os atendimentos acontecem no Hospital Escola Álvaro Alvim e na Santa Casa de Misericórdia de Campos, ambas unidades filantrópicas da cidade.

A iniciativa, segundo o cardiologista e intervencionista, Dr. Carlos Eduardo Soares, tem o objetivo de proporcionar atendimento rápido e eficaz às vítimas de infarto, realizando intervenções salvadoras dentro de uma janela crítica de uma hora após o evento.
“O principal objetivo do projeto é salvar pacientes com infarto agudo, que ocorre devido à oclusão aguda de uma artéria coronária, necessitando de intervenção imediata para restabelecer o fluxo sanguíneo e nutrir o músculo cardíaco. Existem diferentes tipos de infarto, alguns requerem tratamento imediato, enquanto outros podem ser tratados em até 48-72 horas ou de forma mais lenta. O foco do SOS Coração é nos infartos que precisam ser tratados na primeira hora, pois cada minuto conta. Antes do projeto, esses pacientes esperavam até 9-10 dias na rede pública para receber tratamento adequado. O SOS Coração busca garantir que esses pacientes cheguem rapidamente ao hospital terciário para serem tratados de forma eficiente. Quando conseguimos atender na primeira hora, os resultados são significativamente melhores, com menor perda de músculo cardíaco e melhor prognóstico”, explicou o médico.

O projeto, segundo o especialista, enfrentou muitos obstáculos desde sua concepção inicial. Junto com o seu pai, o renomado cardiologista Dr. Jamil Soares, o médico diz que tentou diversas vezes sensibilizar autoridades, incluindo governantes políticos e secretários de saúde, sobre a importância e viabilidade do SOS Coração na rede pública de saúde. No entanto, encontraram frequentemente barreiras burocráticas e respostas que indicavam que o projeto demandava detalhes adicionais ou não era oportuno para implementação naquele momento.
Dr. Carlos Eduardo Soares
Dr. Carlos Eduardo Soares / Foto: Divulgação


“Eu pessoalmente estive na Secretaria de Saúde várias vezes, dialogando com outros gestores, tentando mostrar a importância e o impacto positivo que o projeto traria para a população. Apesar dos esforços, não conseguíamos realizar o que parecia ser algo simples, mas essencial. Foi somente na gestão atual, com o apoio do Dr. Maninho, que o projeto começou a ganhar força. Ele reconheceu a relevância do SOS Coração e desde então trabalhou arduamente para resolver todas as questões pendentes. Graças ao este apoio incondicional, conseguimos finalmente iniciar sua implementação. Ver esse projeto, que idealizamos há tantos anos, finalmente começar a ser realizado nas rotinas do atendimento hospitalar aos infartados, é muito gratificante para todos nós”, contou.

Seguindo as diretrizes estabelecidas há mais de 25 anos, enfatizando a importância do tratamento precoce para melhorar a qualidade e aumentar a expectativa de vida dos pacientes após o infarto, o médico conta a experiência de ter atendido um homem, de 45 anos, que hoje vive uma vida normal após o atendimento.
“Um exemplo recente foi um paciente jovem de 43 anos, atendido por mim, que chegou ao hospital uma hora e vinte minutos após o início dos sintomas. Ele foi rapidamente tratado e teve uma recuperação excelente, sem sequelas e com todas as chances de voltar a uma vida 100% normal e mudando o estilo de vida, praticando atividades que previnam um novo infarto. Sem o protocolo, esse paciente poderia ter esperado dias, resultando em perda significativa de função cardíaca e um prognóstico muito pior”, finalizou.

Durante a gestão do Dr. Maninho, então Subsecretário Geral de Saúde, o projeto foi apresentado a ele, que reconheceu imediatamente o potencial do SOS Coração e tomou medidas decisivas para sua implementação. Há cerca de um ano e meio, o projeto finalmente foi integrado à rede pública da cidade.
Dr. Maninho
Dr. Maninho / Foto: Divulgação
“Quando o projeto SOS Coração me foi apresentado inicialmente, considerei sua implementação relativamente simples, embora vislumbrasse algumas dificuldades, sobretudo devido ao número reduzido de profissionais hemodinamicistas disponíveis na cidade, muitos já com idade avançada, o que complicaria a organização das escalas pois haveria a necessidade de contar com uma equipe de pelo menos 5 especialistas em um rodízio extenuante, uma vez que o sobreaviso deveria ser de 24 horas, pelo fato de que infartos podem ocorrer a qualquer momento”, disse Maninho.

Segundo o Dr. Guilherme Rangel, Superintendente do Hospital Ferreira Machado, a maior referência no atendimento de urgência da região, o SOS Coração tem feito toda diferença no atendimento da emergência para os casos de IAM, doença que mais mata no país e no mundo, dando um desfecho muito mais otimista para o paciente que se enquadra nesta situação.
"Com certeza mostra que nós que praticamos o cuidado com a vida, precisamos estar atentos para o potencial de práticas inovadoras que podem ser relativamente simples, mas decisivas para salvar o paciente e a sensibilidade do gestor de saúde, altera todo um desfecho para o beneficiado lá na ponta.
SOS Coração
SOS Coração / Foto: Divulgação


A implementação do SOS Coração não apenas demonstra a eficácia de medidas preventivas e de intervenção precoce, mas também serve como um modelo inspirador para outras comunidades e profissionais da saúde que buscam melhorar os serviços oferecidos à população. Com o apoio contínuo e a expansão gradual, espera-se que o projeto não apenas salve mais vidas, mas também estabeleça um padrão elevado de cuidados cardíacos acessíveis a todos em Campos e além. O sucesso do SOS Coração foi também reconhecido externamente, recebendo o terceiro lugar na premiação da Fiocruz na 4ª Mostra Estadual de Práticas de Saúde, destacando-se entre iniciativas de todo o estado do Rio de Janeiro.

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