Reimont: 'Lula e Carla estarão com Jefferson em Campos'
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 27/07/2024 08:04
Reimont no Folha no Ar
Reimont no Folha no Ar / Genilson Pessanha
“A deputada Carla Machado estará na campanha do companheiro Jefferson. E o presidente Lula estará na campanha”. A declaração foi dada pelo deputado federal Reimont (PT/RJ), que participou do programa Folha no Ar, na Folha FM 98,3, nessa sexta-feira (26). O parlamentar falou sobre as estratégias de seu partido na aposta da candidatura do Professor Jefferson de Azevedo. Reimont também falou sobre a projeção de seu partido para o Legislativo campista, cuja intenção é fazer de uma a duas cadeiras na Câmara. O petista ainda avaliou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o qual deu a nota 7,5, e comentou sobre a questão fiscal do país e as rusgas recentes com a Venezuela de Nicolás Maduro. O professor e teólogo franciscano falou, também, sobre o papel das religiões na política do Estado laico, analisando a teologia do domínio professada abertamente por algumas correntes neopentecostais, dos EUA ao Brasil.
Eleição em Campos — A deputada Carla Machado estará, eu não tenho dúvida, na campanha do companheiro Jefferson, do professor Jefferson. E o presidente Lula estará na campanha do professor Jefferson. Falará ao povo de Campos sobre a importância de eleger o professor Jefferson. E a gente tem ainda a expectativa de que o Jefferson cresça, porque a campanha ainda nem começou. A pesquisa que seria publicada no dia de ontem, talvez ela já reflita, na hora que ela vier, a desistência da Carla e a migração de votos que a gente espera que venha para Jefferson. Então, a gente está nesse momento. E essa é uma candidatura que vem para fazer o debate sobre a Campos que a gente quer, a cidade que a gente quer. Uma cidade onde a mobilidade tem que ser respeitada, uma cidade onde as comunidades empobrecidas têm que ser respeitadas. Uma cidade que vai ter o presidente Lula governando o país com um olhar privilegiado e preferencial para a cidade de Campos. No mínimo, nós vamos fazer um bom debate com o professor Jefferson em Campos, para que o povo o conheça e opte por esse caminho.

Aposta no Professor Jefferson — O Jefferson é candidato para pensar no futuro, para pensar na juventude, para pensar nas mulheres, para pensar nas comunidades empobrecidas, para pensar no transporte público. O Jefferson é candidato para pensar em uma cidade, em uma Campos, que seja diferente da que está colocada. Não estou aqui fazendo crítica aberta, até porque não tenho elementos para fazê-lo, mas eu não tenho dúvida nenhuma que o professor Jefferson é um candidato à vera para fazer a diferença e para mudar a história de Campos.

Migração de votos — Acho que nós temos um percentual muito maior de 50% da Carla que virá para o Jefferson, e a pesquisa deve mostrar isso. Na hora que começar a veicular o vídeo do presidente Lula abraçado ao Jefferson , a hora que a Carla Machado botar o braço no ombro do Jefferson, acho que a história vai mudar e ele vai se tornar mais conhecido. E quem conhece coisa boa, gosta de coisa boa.

Projeção ao Legislativo — Nós vamos conquistar uma cadeira na Câmara de Campos. Mas nós temos o objetivo também de eleger o professor Jefferson. Esse é o nosso objetivo. E a gente não está no jogo para apenas fazer cena. Estamos no jogo para valer. E o nosso jogo é um jogo que discute estética com ética. Nosso jogo não é um jogo que tem todos e quaisquer pressupostos. Mas eu quero afirmar, nós estamos lutando muito e vamos conquistar, retomar a cadeira do PT na Câmara de Vereadores. Vamos retomar uma ou duas cadeiras. Temos uma nominata muito boa em Campos.

Relação com Rodrigo Bacellar — Sobre o deputado Bacellar, eu encontrei com ele, se eu não estiver com a minha memória falando, uma única vez, que foi ontem. Não tenho relação com o Bacellar. Mas também não tenho aqui uma resposta para dizer ‘olha, eu acho que a gente pode pegar o apoio dele, eu acho que não pode’. Acho que a gente indo ao segundo turno, e portanto, aí sim, havendo uma polarização eleitoral no segundo turno, acho que o diálogo tem que ser feito com todo mundo, desde que você coloque claramente as bases desse diálogo. E aí tem uma questão de institucionalidade. O Rodrigo Bacellar, ele é presidente da Assembleia Legislativa. Eu respeito a institucionalidade.

Ideologia do PT — Toda instituição tem um potencial de crescimento, depois já tem uma acomodação, e aí ou ela se ressignifica ou então ela morre. E o PT passa por esse processo de distanciamento, sim. Mas também, o PT que eu conheço, ele pode até tomar um vinho no Leblon, mas ele toma também um vinho em Campos. Ele toma também um vinho na favela do Acari. Ele também toma um vinho na favela do Alemão. Ele também sobe o Morro do Turano. Ele também está na Baixada Fluminense. Ele também está discutindo com as mulheres e com o povo mais empobrecido. Ele também compreende o processo de identitarismo que a gente precisa de compreender, que é um fenômeno político internacional, mundial. Eu acho que nós passamos por um processo de crescimento, tivemos esse distanciamento que você fala, e ainda temos, mas estamos nos ressignificando.

Estratégia do PT — O PT está num esforço hercúleo de diminuir a polarização. Tanto é que o presidente Lula tem falado abertamente que ele não está preocupado se o candidato, se o prefeito de uma cidade ou se o governador de um estado, se ele esteve com ele ou não na eleição de 22. Se o prefeito ou governador quiser recursos para melhorar a vida do povo, o governo federal não faltará com esse recurso. Haja visto agora o que a gente tem no Rio Grande do Sul com o Eduardo Leite, o governo se mudou para o Rio Grande do Sul para ajudar o Rio Grande do Sul. O governador Cláudio Castro, que é um bolsonarista, que é um governador do PL, ele sabe que se bater as portas do governo do presidente Lula, o presidente Lula e o governo estará à disposição do Estado do Rio de Janeiro. Então, o governo do presidente Lula está investindo no Rio de Janeiro, um estado governado pelo PL. Então, essa é a marca nossa para dizer que nós não queremos aumentar a polarização. O nosso desejo é que o nosso povo, o povo brasileiro, seja coberto por políticas públicas adequadas para melhorar sua vida. Agora, numa manifestação eleitoral, é claro que a gente quer eleger aqui em Campos o prefeito. É claro que a eleição de 2024 tem consequência na eleição de 2026.

Nota para Lula — Eu queria dar uma nota 10. Mas eu não dou a nota 10 porque eu sei que nós ganhamos a eleição, sei que nós elegemos o Lula, sei que nós derrotamos o Bolsonaro nas urnas, mas sei também, tenho consciência clara, de que nós não ganhamos o governo. E, portanto, a gente ainda está por ganhar o governo. O governo, a gente teria ganho se nós tivéssemos correlação de força tal dentro do Congresso Nacional, que a gente pudesse dizer no dia 1º de fevereiro de 2023: ‘O nosso candidato à presidência da Câmara não é o Arthur Lira. O nosso candidato à presidência da Câmara é o nosso candidato, que é um membro do nosso partido, do nosso campo ideológico’. Então, nós não ganhamos o governo. Então, eu não dou nota 10 para o governo. Mas, assim, para o esforço do governo, para a capacidade de articular do governo, para a capacidade de dialogar com o plenário, para, diante das adversidades, termos aprovado o que nós aprovamos, aí sim eu dou nota 10, para o esforço. Mas, para o resultado, eu diria 7,5.

Situação fiscal — O governo Lula 1 e Lula 2, nós vivemos dificuldades, mas as foram muito menores do que o governo Lula 3. Em 2003, quando o Lula assume o governo, nós tínhamos um problema no país que era o problema da fome. E nós viramos o jogo. Nós tiramos o Brasil do mapa da fome, depois Lula foi reeleito, elegeu Dilma, reelegeu Dilma, em 2016 teve um golpe, nós tivemos o impeachment da presidenta Dilma, nós tivemos a reforma trabalhista, nós tivemos o teto de gastos, a diminuição dos investimentos em educação, em saúde, em assistência, e nós tivemos depois a ascensão de Bolsonaro ao governo. E depois, quando Lula assume no Lula 3, nós herdamos novamente um Brasil com 33 milhões de pessoas passando fome. É conveniente nós pensarmos nesse país de tanta miséria, pensarmos nesse país em que a gente não pode gastar mais do que arrecada? É conveniente a gente pensar em déficit zero nesse momento?
Déficit zero — Eu não participo da luta pelo déficit zero. Eu participo da luta por um país soberano, onde o governo tem que inclusive se endividar. Porque o endividamento do governo não é um endividamento impossível. O governo tem lastro para se endividar. O Brasil é um país muito rico. (…) Então essa luta pelo déficit zero é uma luta da Faria Lima. É uma luta do pessoal do andar de cima. E a gente vive no país um grande movimento de dizer: ‘ah, gasta-se muito com os pobres’. É bom a gente lembrar que quando o Lula foi eleito, agora para o Lula 3, nós tínhamos o teto de gastos.

Lula x Venezuela — Esse contexto da Venezuela é um contexto muito difícil para nós, porque, a princípio, é um aliado. Mas quando o aliado faz movimentos como Maduro faz na Venezuela, das últimas declarações dele, a gente tem que entender que é um rompimento com a democracia. E se a gente reclama do 8 de janeiro, a gente não pode aplaudir a decisão da Venezuela, a fala da Venezuela. Então acho que tem umas coisas muito claras. Só que o Lula é um cara que fala muito, e que tem que falar mesmo. Acho até que o muito que ele fala ainda é menos do que eu achava que ele deveria falar. Tem que se posicionar em muitas questões. E aí tem uma distinção, porque o Lula é a nossa maior referência. Não é considerado apenas por nós petistas como a maior liderança política do país, mas é considerado por grandes homens e mulheres, lideranças políticas do mundo todo, como uma das maiores lideranças, se não a maior liderança mundial hoje. É um camarada que protagoniza isso de maneira muito como um mestre, muito magistral. Mas é preciso a gente entender também que o PT não é um partido que está cuidando de uma conchinha, de uma casinha. O PT hoje é uma baita federação, é um amontoado. Então nós temos aí quatro segmentos que ouvem as falas do presidente Lula e que têm o direito democrático, o direito sagrado de concordar ou discordar. Não é o fato do Maduro, que em outrora a gente considera como aliado, que diz assim: ‘Se a gente perder a eleição, vai ter um banho de sangue’. Não devia ter dito, porque isso não é expressão para se dizer.

Religião e política — Eu acho que tem um pressuposto que nós não podemos nunca esquecer, é de que há uma confusão na cabeça de muita gente entre dois termos que são muito distintos, que é o termo da laicidade e o termo do ateísmo. O Brasil é um país profundamente crente. Nesse país crente, crente no sentido de um país de pessoas que professam diversas religiões, aliás, a diversidade é uma característica do Brasil, não só na dimensão religiosa, mas em muitos aspectos, podemos pensar no aspecto cultural, por exemplo. Somos de uma diversidade tremenda, muito grande, e isso é muito rico. Mas as pessoas acabam fazendo uma confusão entre laicidade e ateísmo. O Estado brasileiro entendeu-se laico no sentido de compreender que nenhuma religião deve ser privilegiada e nenhuma religião ou nenhum movimento religioso deve ser perseguido. O Estado não está aqui para garantir que a religião exista e nem para garantir que a religião seja destratada. Então as pessoas têm liberdade para se colocar. E nessa perspectiva da laicidade, a dimensão do respeito era uma dimensão que se dá com as pessoas que creem e também com o direito das pessoas de não crerem, de não manifestarem nenhuma posição religiosa. Nesse sentido, acho que definir, fazer essa distinção da laicidade e do ateísmo, acho que é fundamental nesse momento. Por falar em fundamental, a gente tem uma distorção dessa expressão quando nós falamos do fundamentalismo. E aí compreender também que o fundamentalismo, que é mais do que o conservadorismo, quando ele é na religião, ele é muito perverso. E quando ele é na política, ele é muito perverso. E quando se junta o fundamentalismo religioso com o fundamentalismo político, que é o que a gente, infelizmente, tem vivido em muitos espaços, a gente tem uma perversidade tremenda. Acho que o fundamentalismo religioso se alia, nesse momento, da nossa quadra histórica. Não só no Brasil, mas no mundo, há um movimento de fundamentalismo político e, portanto, é de uma perversidade que a gente tem que combater o tempo todo.

Amor é salvação — O Novo Testamento não vem negar o antigo, ele vem aperfeiçoá-lo. Então, a lei de Talião, do dente por dente, olho por olho, essa lei está superada pela lei do amor. Não há nenhuma possibilidade no espectro cristão, e aí eu posso generalizar, nenhuma possibilidade de salvação a não ser pelo amor. É o único sentimento. E aí, é claro que também tem muitos lados. A gente não está aqui dizendo que o amor é a única concepção que eu tenho. Mas o amor pressupõe respeito, pressupõe a garantia da dignidade alheia, da dignidade do outro, do respeito à diversidade.

Só o amor — Eu dizia, nesse caso eu posso generalizar, não há possibilidade de a gente, de fato, ser fiel ao projeto de Jesus de Nazaré se a gente não tiver a dimensão do amor, a dimensão amorosa, a dimensão do afeto. O amor é uma expressão que cabe nele muitas coisas. E aí eu acho que esse cuidado também com o outro, com a vida do outro, a gente precisa de ter mais cuidado. Não que a igreja não faça, tem muitas instituições que o façam. Talvez não o faça no culto, como às vezes a igreja evangélica faz com muito mais propriedade, mais eficácia. Mas também o faz os programas sociais das igrejas.

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