Casos de meningite até agosto quase chegam ao total de 2022
Ingrid Silva (estagiária) 09/09/2023 10:09 - Atualizado em 09/09/2023 10:10
Com mais uma morte causada pela meningite, os casos da doença em Campos neste ano chegam perto de alcançar o número do ano de 2022 todo. De janeiro até o mês de agosto deste ano, foram 22 casos confirmados, sendo 4 mortes. Já no ano passado inteiro, foram 32 casos e 9 mortes. Nesses números, estão incluídos munícipes e moradores de outros municípios diagnosticados e tratados em Campos, sendo que todas as mortes foram de munícipes. Dados da secretaria de Saúde mostram ainda que, no ano passado, não tiveram confirmação de meningocócica C (tipo mais grave e transmissível), mas que neste ano foram 4 casos. Deste número, um menino de 3 anos não resistiu e morreu no Hospital Ferreira Machado (HFM), enquanto os outros três, de 1, 17 e 28 anos, tiveram alta.
A última morte foi de uma idosa de 71 anos no dia 6 de junho, mas o resultado final da investigação para meningite só foi confirmado na última semana. No caso dela, o tipo contraído foi de meningite não transmissível, sendo descartado o possível caso do tipo C. Sobre a criança de 3 anos, a secretaria de Saúde, ao confirmar a morte, informou que a criança já apresentava uma doença neurológica prévia, o que contribuiu para a gravidade do caso. Dos pacientes confirmados com a doença do tipo C, nenhum deles apresentava esquema de vacinação completo.
Em relação à imunização, de acordo com a subsecretaria de Vigilância e Saúde, de janeiro até julho deste ano 13.142 pessoas foram vacinadas contra meningites no município. Deste total, 10.206 receberam a vacina meningocócica C e 2.936 receberam a ACWY. Já no mesmo período do ano passado foram aplicadas 10.024 no total, sendo 7.908 do tipo C e 2.116 da ACWY.

Apesar do número grande de casos em menos de um ano, a situação ainda não é considerada um surto, como dito pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) em agosto. Porém, a secretaria disse que seguiria vigilante ao cenário epidemiológico na região para adotar medidas para conter a transmissão da doença. O infectologista Nélio Artiles explicou que a meningite não é uma doença que está voltando e, sim, que ela sempre esteve presente.

“Aparentemente esses números estão dentro do número esperado. A meningite não é uma doença que está voltando, a meningite sempre esteve presente. Ela é uma doença endêmica, está sempre presente entre nós e em determinadas épocas do ano aumenta a sua incidência. Então, quando a gente pega essa época do inverno é que aumenta essa perspectiva”, explicou.

Após diversos casos em um mês, a Prefeitura de Campos aderiu à Campanha de Multivacinação para crianças e adolescentes lançada pelo Ministério da Saúde, que teve início no dia 23 de agosto e terminará no dia 15 de setembro, com o Dia D de vacinação no último sábado (2). A campanha de multivacinação faz parte do Movimento Nacional pela Vacinação que tem como objetivo ampliar a cobertura vacinal no Brasil.
De segunda a sexta-feira, a aplicação de todas as vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) são aplicadas sempre entre 8h30 e 16h, através das 30 Unidades Básicas da Saúde (UBS/UBSF), Unidades Pré-Hospitalares de Santo Eduardo, Travessão e Ururaí, Clínica da Criança, Centro de Saúde de Guarus (CSU), Cidade da Criança e Hospital São José. Aos finais de semana, vacinação acontece na sede da Secretaria de Saúde e na Clínica da Criança, das 8h às 17h.
Doenças que voltaram a circular devido a baixa cobertura vacinal
A Superintendência da Rede Campos de Saúde Pública alertou, no mês de agosto, sobre a baixa cobertura vacinal, explicando que somente 50 em cada 100 crianças se imunizaram contra as meningites em Campos. Os dados em relação a campanha de multivacinação ainda estão sendo compilados, visto que ainda não terminou o prazo, se estendendo até a próxima sexta (15). O infectologista Nélio Artiles falou sobre o retorno de doenças e que algumas estão relacionadas a baixa cobertura vacinal. Doenças como sarampo e poliomielite passam a ter de novo um sinal de alerta, de acordo com o médico, que lembrou dos casos de Fake News em relação as vacinas.
“Isso se observa, por exemplo, com risco de algumas doenças como sarampo, poliomielite, que são doenças que, realmente, passam a ter de novo um sinal de alerta. A gente viu, recentemente, a febre amarela, hoje está um pouco menos, dengue que continua ameaçando a gente, que são doenças antigas e que não foram totalmente erradicadas. Ao contrário do sarampo, por exemplo, que chegou a ser erradicada no país, ganhamos prêmios por isso inclusive, por causa da cobertura vacinal. Mas, infelizmente, devido hoje a disseminação de forma muito abusiva de fake news, isso trouxe ameaça, principalmente, de um grupo de anti-vacinas, que acabam, de certa forma, colocar conceitos e criar resistências, criar informações que não existem sobre a segurança das vacinas”, disse.

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