Arquivo, Museu e Catedral: projetos de patrimônios campistas são aprovados em edital da Faperj
Edmundo Siqueira 04/05/2024 17:36 - Atualizado em 05/05/2024 19:38
Divulgado nesta quinta-feira (2), o resultado do edital da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), de apoio aos patrimônios históricos fluminenses do período colonial, trouxe boas notícias para Campos dos Goytacazes. Entre os aprovados estão três projetos campistas, que receberão recursos para recuperação e reestruturação das edificações históricas.

Os patrimônios contemplados em Campos são o Solar do Colégio (Arquivo Público), localizado em Tocos, na Baixada Campista, que receberá intervenções em sua capela e restauração de seus altares, o Museu Histórico de Campos, localizado na praça São Salvador e, também no mesmo local, a Catedral do Santíssimo Salvador.

Segundo a Faperj, o programa se destina a apoiar projetos científicos voltados para recuperação de edificações históricas fluminenses do período colonial, além de dar suporte à organização, manutenção, gestão, desenvolvimento de atividades educacionais e turísticas e divulgação cultural desses patrimônios. As propostas aprovadas no Estado representam o investimento de R$ 4,9 milhões.

O edital lançado pela Faperj faz parte de programa recente do órgão de pesquisa, que pretende apoiar estudos e a recuperação de edificações que estejam tombadas pelo poder público e que representem o período colonial (1500-1807) no Estado.

Capela do Solar do Colégio
Capela do Solar do Colégio
Capela do Solar do Colégio / Reprodução
A pesquisadora Larissa Manhães Ferreira foi a proponente do projeto para “desenvolvimento da proposta de restauração dos altares e da capela da Fazenda do Colégio”. Além de funcionária do Arquivo Público Municipal, instituição sediada no Solar do Colégio, Larissa atualmente está como vice-diretora da Associação Cultural do Arquivo Público de Campos (Acap), que foi a instituição responsável do projeto.


O Solar do Colégio possui tombamento federal, pelo Iphan, e abriga em seu interior a Capela de Nossa Senhora da Conceição e Santo Inácio de Loyola, também protegida por tombamento.

“O resultado desse edital, além da importância do próprio edital, que apoia essas instituições que representam o período colonial, pelas construções e pelos acervos, é ainda mais importante para a gente, tendo em vista o número de projetos que o interior submeteu e a quantidade de aprovações que tivemos. Sabemos que esses editais publicados no estado têm uma visibilidade muito maior para os patrimônios da capital, e é muito representativo que tenhamos três projetos aqui do interior”, disse Larissa.
Solar do Colégio - Arquivo Público Municipal
Solar do Colégio - Arquivo Público Municipal / Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Sobre a capela, a pesquisadora disse que “era algo sonhado por nós há muito tempo”, e essa aprovação na Faperj possibilitará, em conjunto com outras ações no Arquivo, a viabilização do restauro efetivo dos altares.
Larissa reforça ainda a participação do professor e presidente da TEC Incubadora, Henrique da Hora:
"Henrique fez uma grande mobilização, capacitação e assessoria para os autores do projeto, não mediu esforços e atendeu a todos de manhã, de tarde e de noite. Foi essencial essa participação, que foi através de uma parceria com a gerência de formação da FCJOL (Fundação Cultural Oswaldo Lima)". 
Sobre a participação da TEC Incubadora, o professor relata que já havia experiência em projetos de inovação junto a Faperj, e que expandiu para a parte cultural por ocasião do edital: 
"Fizemos um workshop, e acompanhei a elaboração. Temos alguma expertise em projetos de inovação na FAPERJ, e por que não expandir para cultura, na oportunidade deste edital. Fiquei muito contente que foram 15 projetos em todo estado, sendo nove de Campos. E dos cinco aprovados, três foram desse workshop", disse Henrique da Hora. 
Museu Histórico

Para o projeto que envolve o Museu Histórico, a pesquisadora Débora El-Jaick Andrade, do curso de história da UFF Campos, propõe novos olhares para a instituição, trazendo a história dos escravizados, dos povos originários e relacionada ao cotidiano do campista.
Interior do Museu Histórico de Campos
Interior do Museu Histórico de Campos / Foto: Gerson Gomes
Intitulado “Um Solar para o povo campista: projeto de reformulação da expografia e Modernização do Museu Histórico de Campos dos Goytacazes”, o projeto teve participação de docentes da UFF, entre elas a pesquisadora Cláudia Atallah, que comemorou a aprovação na Faperj e a parceria com o Museu Histórico.

“É importante ressaltar o quanto esse edital vai ajudar na mudança de conceito do Museu Histórico de Campos, a gente está pensando em questões como a história do negro, dos povos originários, e pensar o Museu a partir dessas conjunturas, mais relacionadas à população, a história do cotidiano de Campos”, disse Atallah.

Sobre o início do projeto, a pesquisadora informa que é preciso aguardar os próximos passos do edital da Faperj, que ainda abrirá o prazo de um mês para recursos dos projetos que não foram aprovados e para aumento de notas dos que foram contemplados na divulgação.

“Em relação a valores, tempo de execução, ou outras informações mais específicas teremos após a assinatura do termo de outorga, e esse é um edital novo, não faz parte do calendário anual dos editais da Faperj, então precisamos esperar os próximos passos, inclusive o próximo mês que é reservado aos recursos dos projetos não aprovados”.

Catedral do Santíssimo Salvador

Catedral da praça do Santíssimo Salvador
Catedral da praça do Santíssimo Salvador / PMCG
Já para a Catedral, o “Projeto de Restauração Arquitetônica da Catedral do Santíssimo Salvador em Campos dos Goytacazes” foi proposto pela Mitra Diocesana de Campos, através do pesquisador Humberto Neto Das Chagas.


Chagas foi o responsável pelo restauro do telhado do Solar dos Airizes, em 2003, e em 2016, após contrato firmado com a direção do Mosteiro do Rio de Janeiro, desenvolveu o projeto de restauração do Mosteiro de São Bento.

Humberto chegou a ser um dos cotados para chefiar o escritório técnico regional do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) no Norte Fluminense, o que ficou depois definido pela ida do arquiteto Geovani Laurindo, e hoje o escritório técnico do órgão que atende o Norte Fluminense está sediado no Museu Histórico de Campos.

O arquiteto Humberto Chagas e a equipe do Museu Histórico recebendo representante do Inepac
O arquiteto Humberto Chagas e a equipe do Museu Histórico recebendo representante do Inepac / Folha1
 
Mais informações no site oficial da Faperj - aqui.

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