Caso da grávida Letycia: Investigado se nega a ceder material para exame de DNA
06/03/2023 18:36 - Atualizado em 06/03/2023 20:27
Coletiva de imprensa na 134ª DP
Coletiva de imprensa na 134ª DP / Rodrigo Silveira
Em entrevista coletiva na noite desta segunda-feira (6), a titular da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), Natália Patrão, falou sobre as investigações da execução da gestante Letycia Peixoto da Fonseca, de 31 anos, na noite de quinta-feira (2), no Parque Aurora. Os suspeitos de serem o atirador e o condutor da motocicleta já foram detidos, assim como o proprietário do veículo. Ainda nessa segunda, o companheiro da vítima e pai do bebê prestou novo depoimento, acompanhado de advogados, e, ao ser solicitado a fazer exame de DNA para confirmar a paternidade, se negou a ceder material genético. A delegada informou ter apreendido o passaporte dele, como medida preventiva. Ainda de acordo com ela, outros suspeitos de envolvimento na execução estão sendo investigados.
Segundo Natália, em depoimento, o suspeito de conduzir a moto, preso nesse sábado (4), confessou a participação no assassinato. O outro preso, suspeito de ser o atirador, acompanhado de seu advogado, preferiu não falar com a Polícia Civil. O terceiro detido, dono da motocicleta, disse, em depoimento, que o veículo havia sido furtado e não tinha conhecimento do crime, entretanto, admitiu conhecer o condutor.
Durante a coletiva, a delegada confirmou que Letycia morava com o pai do seu filho, que é empresário e professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), mas que ele ainda era casado juridicamente com outra mulher. A ex-esposa também prestou depoimento e disse não conhecer a vítima, assim como Letycia também não a conhecia, segundo a titular da investigação.
Em nota, a defesa do companheiro de Letycia afirmou que ainda não teve acesso à integralidade da acusação, não sendo possível emitir manifestações sobre o teor das acusações. “Cabe mencionar que as alegações proferidas são meramente especulatórias”. Em relação à negativa em fornecer material genético para exame de paternidade, a defesa afirma que se deu pelo fato de o investigado “não possuir dúvidas a respeito da paternidade da criança e, portanto, não se mostra necessário no momento. Por fim, destaque-se que a defesa está colaborando com as investigações desde o início, buscando sempre a verdade real dos fatos e acreditando nas instituições e no judiciário brasileiro”, concluiu a nota.
O IFF, por meio da assessoria de imprensa, informou que “aguarda atento aos desdobramentos da investigação pelas autoridades policiais e confia na rigorosa aplicação da lei e dos procedimentos legais”.
O caso
Letycia, grávida de sete meses, estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida. 
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta. Os corpos de Letycia e do bebê foram sepultados, na sexta-feira (3), no Cemitério Campo da Paz.
Em suas redes sociais, o campus Guarus do IFF divulgou uma nota de pesar. “A Direção-Geral do IFFluminense Campus Campos Guarus vem a público manifestar toda solidariedade e sentimento de pesar aos familiares e amigos de nossa ex-aluna Letycia Peixoto Fonseca, grávida de seu filho Hugo. Ambos foram vítimas de um crime que abalou não só a comunidade do nosso Instituto, mas toda a cidade de Campos dos Goytacazes. Reconhecemos e agradecemos o esforço da Polícia Civil e todo aparato do Estado na elucidação de tão bárbaro crime. Confiamos na rigorosa aplicação da lei e dos procedimentos legais”.

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