Edmundo Siqueira
07/06/2022 13:45 - Atualizado em 07/06/2022 20:42
O abandono de um dos maiores símbolos da história de Campos, o Solar dos Airizes, não é nenhuma novidade — visível, inclusive, por quem transita pela BR-356 que faz ligação com São João da Barra. O “casarão da escrava Isaura”, “casa dos Lamegos” ou "Solar da Fazenda Airizes", é um bem de alto valor histórico e cultural, confirmado por seu tombamento feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), primeiro prédio a receber essa proteção no município.
Além de todas as lendas que acompanham o Solar, mantê-lo de pé significa possibilitar aos campistas — e fluminenses — conhecer os processos de formação da região, o papel das grandes fazendas e a problematização necessária do abuso de pessoas escravizadas.
Após matéria publicada (aqui), neste espaço, no último sábado, onde foi citado tesouros que o Solar ainda abriga, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Edvar Chagas Júnior, fez um chamamento público em suas redes sociais para obter apoio da sociedade civil e poderes constituídos para restauro do Solar.
Prestando solidariedade à causa, o vereador Raphael Thuin emitiu nesta terça (7) uma Indicação Legislativa onde pede o “imediato cumprimento da decisão judicial que determina a restauração do Solar”. Citando “obediência ao resguardo da história do nosso município”.
A decisão judicial citada pelo edil refere-se a Ação Civil Pública, movida pelo Ministério Público Federal, que transitou em julgado (quando não cabem mais recurso) na 2º Vara Federal de Campos. Nessa ação, foi determinado que a municipalidade restaure o Solar imediatamente, citando que a prefeitura não pode “esquivar-se da obrigação em decorrência de suposta impossibilidade financeira”.
A família Lamego, fiel depositária do Solar e suas terras, foi parte do processo judicial, e alegou hipossuficiência para restaurar o prédio, o que foi acatado pelo judiciário.
Isaias Fernandes
— Quando vi um pedido público do presidente da CDL, Edvar Júnior, solicitando que a sociedade se una para salvar esse que é um bem muito valioso de nossa cultura, o Solar dos Airizes, imediatamente me prontifiquei a ajudar. Qualquer país que se preze cuida de sua educação e cultura como bens muito valiosos. Conheci muitos lugares quando nadei pelo Flamengo (antes da vereança, atuava na natação do clube), e os melhores valorizavam a cultura, a educação e o esporte. Sem nossa história não somos nada — comentou o vereador.
Sobre a Indicação Legislativa, Thuin explica que tem o intuito de cobrar uma “decisão já ganha na justiça”, e ressalta o potencial turístico que o Solar tem se restaurado. “Quissamã, aqui do lado, é um exemplo no uso dos patrimônios e da história com fins turísticos e culturais. Devemos usar o que temos aqui em Campos, que tem uma história muito rica. O uso do Solar pode, inclusive, ser feito em parceria com a iniciativa privada”, disse o vereador.
Edvar Chagas, arquiteto e presidente da CDL Campos, diz que fez um chamamento público pela importância do tema e pela urgência que o próprio estado do prédio exige.
— Se deixarmos que o Solar dos Airizes vá ao chão, perderemos uma parte muito importante de nossa história, e ainda a possibilidade de trabalharmos educação patrimonial de maneira muito efetiva. Volto a convocar a sociedade, prefeitura e Câmara de Vereadores para entrar nessa luta. Aos amigos historiadores e instituições de cultura que cito no chamamento, inclusive você, Edmundo, que se dedica à causa, deixo um pedido de união, sem deixar de reconhecer tantos outros que vieram lutando por aquele belíssimo Solar, um patrimônio incrível que temos. E ele está gritando por socorro. Parabenizo o vereador Thuin pela ação legislativa e espero que consigamos sensibilizar os responsáveis para juntos acharmos uma solução viável. Vamos juntos!
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