Na guerra contra o vírus: Ninguém tinha ideia do que estava por vir
Dora Paula Paes 28/11/2021 11:58 - Atualizado em 29/11/2021 11:40
“Ninguém tinha ideia do que estava por vir. Ninguém sabia qual o caminho a seguir. Só sabíamos que tínhamos que estar ali”. A afirmação é da médica oftalmologista Cynthia Cordeiro, uma das profissionais da triagem e da sala vermelha do Centro de Combate e Controle do Coronavírus (CCC), criado em 2020 na Beneficência Portuguesa em Campos e extinto em junho deste ano, quando foi descentralizado.
“Em 20 anos de formada, sem dúvidas, foi o maior desafio da minha carreira. Estar na linha de frente e participar da coordenação do maior serviço de atendimento ao Covid na região”, diz Cynthia ao destacar que o trabalho coletivo fez a diferença. Além da equipe de emergência, tinha uma de enfermagem, da UTI, servidores do município, RPAs e os que já atuavam na Beneficência.
Uma grande equipe que de março de 2020 a junho de 2021 realizou cerca de 33 mil atendimentos, 2.276 internações (entre enfermaria e UTI) e se viu obrigada a comunicar aos familiares 563 óbitos.
“Foram meses de muita angústia, medo e exaustão. Medo de adoecer, medo de levar o vírus para casa. Meses de estudo, de discussões de casos. Noites sem dormir, inúmeras reuniões para rever protocolos, abrir novos leitos, orientar equipes. Felizmente, não perdemos nenhum dos nossos, mas vimos partir profissionais da saúde, amigos e familiares dentro do nosso serviço. Muitos de nós ficamos doentes. Outros retornaram de licença maternidade direto para o atendimento. Vários, mesmo com comorbidades, não se esquivaram, e encararam a luta”, relata a médica.
A pandemia chegou num momento em que os profissionais travavam uma luta por valorização com greve, mas suspensa por um decreto federal. “Quando as portas foram fechadas, foi um misto de alívio pela pandemia controlada e orgulho pelo trabalho desenvolvido por toda nossa equipe”, conclui.

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