"As inundações são consequência de 200 anos de erros"
Camilla Silva 29/01/2020 19:13 - Atualizado em 31/01/2020 16:40
Aristides Soffiati fala sobre histórico de cheias na região
Aristides Soffiati fala sobre histórico de cheias na região / Genilson Pessanha
Para o ecohistoriador e ambientalista Aristides Soffiati, que acompanha as cheias do rio Muriaé em Três Vendas, em Campos, há anos, a possibilidade de uma nova inundação da localidade e as enchentes que deixaram um rastro de destruição em 10 municípios da região Norte e Noroeste Fluminense, neste início de 2020, são consequências de erros históricos na ocupação de áreas. Para esses problemas, ele afirma não existir “solução perfeita”, mas é necessário pensar além de resolver impasses imediatos.
Sobre as intervenções realizadas em Três Vendas, o historiador lembrou que as medidas não evitaram que as tragédias de 2007 e 2012 se repetissem. 
— Esses diques feitos para contenção de enchentes não têm consistência suficiente para isso. Eu lembro que, quando foi refeito esse dique da Boianga, falavam que era impossível ele arrebentar de novo. Hoje a gente está vendo que não era. Além disso, têm as estradas que são verdadeiros diques, embora não seja essa a sua função, e, por isso, preocupam esses rompimentos como o da BR 356 — afirmou.
Soffiati comentou, ainda, sobre as características da região de Três Vendas, que não pode ser classificada como uma planície. “É um terreno de tabuleiro, ou seja, ondulado, de colinas e depressões. Essas depressões são várzeas que acumulavam água. Então, era uma área toda coberta de florestas nas áreas mais altas, que foram retiradas ou queimadas para instalação de lavouras. Isso é um problema porque elas funcionam como um controle de água”, explicou.
Sobre a ocupação humana, ele defende que não se trata de não mexer em nada, mas saber o que pode desmatar e o que é necessário manter. “Lá atrás ninguém pensava nisso e parece que continuamos assim”, acrescentou. Ele afirmou, ainda, que não existe solução perfeita para problemas atuais.
— Quando se pensa em situações como essa, falam em resolver o problema imediato. Isso é necessário, mas não podemos discutir o assunto de novo apenas quando tivermos a próxima cheia. Hoje a gente discute, mas vê pouca gente falando das mudanças no clima e das consequências nesses períodos de cheia e principalmente de seca — finalizou.

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