Edmar Ptak: 'Wladimir não tem voto de Carla Machado'
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Gabriel Torres - Atualizado em 20/07/2024 08:30
Pré-candidato Edmar Ptak
Pré-candidato Edmar Ptak
“O voto de Carla não é do PT. Vai pulverizar, mas não vai pra Wladimir. Nenhum voto de Carla vai para Wladimir”. A declaração foi feita pelo advogado e pré-candidato a prefeito de Campos, Edmar Ptak (Agir), entrevistado na última quinta-feira (18) no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Na ocasião, ele analisou o atual cenário e projetou a migração de votos da deputada estadual Carla Machado (PT), que se retirou da disputa pela Prefeitura de Campos após sua situação esbarrar na tese do “prefeito itinerante”, como já era alertada pela Folha desde 2023. Edmar também falou sobre a recente reaproximação entre o prefeito e pré-candidato à reeleição Wladimir Garotinho (PP) e seu partido, o Agir, que pode atrapalhar a confirmação de seu nome ao pleito. A relação com o grupo político da família Bacellar foi abordada por Edmar Ptak, que disse estar impedido de chegar perto deles por uma medida restritiva. Sobre a composição da Câmara, ele projetou que Wladimir consiga 14 vereadores para sua base e a oposição alcance 11.
Eleição em aberto — Então, a eleição ela não está decidida. Wladimir não está reeleito, não existe isso. É conversa fiada. As pesquisas hoje, eu acredito que a pesquisa de abril, que o Wladimir está em primeiro, tá? É um mandatário, todo mundo só fala em Wladimir. Ele é um marqueteiro, excelente marqueteiro. Ele fala o que interessa, o que não interessa ele não diz. Ele veio de Brasília, trouxe R$ 540 milhões. Mas ele esqueceu de dizer que tem que ser pago, que é mais um empréstimo do futuro. Ele anunciou, consegui R$ 540 milhões de Brasília, Programa de aceleração do crescimento.

Pré-candidatura — Sobre a minha candidatura, eu gostaria muito que se confirmasse. Estou motivado e iria mostrar para a cidade, por A mais B, que Campos pode sair dessa dependência dos royalties. Campos tem muito potencial, a gente é estrategicamente localizado. Estamos cercados de três capitais e cercados do mundo. No terreiro do nosso quintal tem um mundo, que é o Porto Açu. Então, a gente tem tudo. Temos uma grande área geográfica. Então, temos tudo para ser uma potência.

Votos de Carla Machado — Os votos de Carla certamente não migrarão para o PT, porque Carla é superior ao partido. A gente sabe que Campos é, pelas últimas eleições, os votos de Bolsonaro e Lula, a gente sabe que Campos tem uma tendência mais de direita. Os votos de Bolsonaro aqui foram bem superiores ao de Lula. Tivemos nas eleições passadas, surpreendentemente, aí uma candidata do PSOL, hoje ela é pré-candidata a vereadora, a Natália, que quase teve mais votos do que o ex-prefeito. Eu acho que da reeleição, desde o instituto da reeleição, o único que quebrou, que não se reelegeu, foi o Rafael. A coragem que ele (Rafael Diniz) não teve para tocar a administração, ele teve para vir como candidato à reeleição. Os votos de Carla são os votos que, vamos dizer, centralizaram o Caio, centralizou ali o anti-Wladimir, o anti-Garotinho, o “eu quero uma mudança, eu quero alguém novo”. O voto de Carla não é do PT. Vai pulverizar, mas não vai pra Wladimir. Nenhum voto de Carla vai pra Vladimir. Na minha opinião, pode ter um ou dois, tô falando de no global 90%, 95% dos votos de Carla.

Apoio a Wladimir — Wladimir já vai entrar pensando em 2026, renunciar e ir para voltar lá para o Congresso. Eu acho uma falta de respeito com o eleitor. Ele tem que dizer isso. Olha, vocês estão votando em mim, mas eu acho que eu só vou ser prefeito um ano e quatro meses, porque em abril eu vou ter que renunciar. Então o eleitor tem que saber, tem que prestar muita atenção no vice. Ainda bem que o vice dele eu avalizo. Se fosse Frederico Paes, o cabeça de chapa, teria meu voto. Mas Wladimir não vai ter meu voto não. Então, para finalizar a pergunta, eu gostaria muito, mas vai depender da nossa convenção, e a gente vai ouvir os pré-candidatos, e eu vou caminhar o caminho que seja melhor para os pré-candidatos. Não vou insistir, se for, retiro sem atirar, o partido Agir pra mim é sagrado, é minha casa, e eu não costumo cuspir no prato que eu comi. Então saio, me desfilio, não venho candidato a vereador, me peça minha desfiliação. Ah, mas vai desfilar por quê? Porque não quero ter proximidade. Provavelmente meu voto pra vereador vai ser na nominata do Agir, eu não vou votar independente de ninguém, mas vou votar em um número do Agir.

Reeleição — A reeleição, a ideia da reeleição é até boa. Dar continuidade a um governo, porque isso aí quebra. Você vai quatro anos, você tem um segmento. Aí entra outro, já pensa tudo diferente. Então seria esse segmento excelente. Prefeito quatro anos, depois o prefeito continua os projetos. Como Wladimir não fez nada durante os quatro anos. Agora ele tem projeto pra Campos aí. Eu vi um da orla ali, pelo amor de Deus, deixa Miami no chão. Um projeto da Orla ali, um marketing, parque ecológico, nem do Horto ele cuida, tanto projeto, aí tudo pro segundo mandato. Mas quem vai acreditar? Eu não acredito.

“Wladimir age na pressão” — A minha presidência foi pra tocar a nominata e pra viabilizar. E nessa última reunião que nós tivemos, falei: oposição até agora nada. E, com isso, o Wladimir, que já não queria o Agir, já começou a mudar, pensar diferente. O Wladimir só age na pressão. Se você não pressionar o Wladimir, ele não funciona. Então, com essa pressão, o Wladimir começou, olha, Thiago, eu dou advogado, eu dou contador, eu mando fazer o santinho, e na hora a gente dá uma ajuda. Aí eu, Thiago, estava presente aí na reunião, falei, olha o prefeito já sinalizou com isso aí. Eu não preciso entregar meu cargo, porque quem me nomeou não foi Thiago Virgílio, me nomeou o regional, e o regional não me pediu o cargo. Eu falei, eu renunciei porque eu não vou conversar com o Wladimir. O Wladimir, a gente tem um bom relacionamento, mas eu não sou puxa-saco com o Wladimir, eu não dependo de Wladimir. Ele ouve de mim o que eu tenho pra falar pra ele.

Declaração de voto — E se Magal confirmasse a pré-candidatura dele, eu já declaro meu voto que votarei Magal. É meu vizinho de Guarus, é uma grande liderança, já foi vereador cinco vezes, é dinâmico, tem ideias e eu votaria em Magal. Se Magal confirmar a pré-candidatura dele, eu declaro o meu voto em Magal.

Apoio do Agir à Wladimir — Quando o Thiago (Virgílio) assumiu a presidência do Agir, eu lancei a minha pré-candidatura a prefeito, movimento simultâneo. Thiago, presidente do Agir, eu não faço mais parte da executiva, eu era vice-presidente, hoje não faço mais parte da executiva do partido, hoje eu sou filiado ao Agir e pré-candidato. Eu falei, Thiago, eu vou ser pré-candidato. E segui, dando entrevistas, até pra poder divulgar o Agir, e domingo a gente vai confirmar. Numa democracia, muitos partidos não têm de ouvir os filiados, mas no Agir a gente ouve os filiados, e a vontade dos filiados vai ser observada. Eles vão falar, olha, nós vamos querer continuar com o prefeito. Eu, não só já como renunciei, como vou me desfiliar do Agir. Porque nessa eleição de 2024, eu não vou votar em Wladimir. Então, eu não vou pedir voto pra Wladimir.

Derrota de Rafael Diniz — No caso de Rafael, votou-se esperando o melhor. O que aconteceu? Queda dos royalties, que hoje o nosso orçamento depende 100% dos royalties. Então, houve a crise dos royalties, a Rosinha já tinha pego empréstimo, e Rafael assumiu parte do empréstimo para pagar, queda de recurso, falta de aptidão para o executivo. Rafael nunca deveria ter saído do Legislativo. Ele deveria ter seguido a cadeira do Legislativo, deputado estadual, deputado federal, senado, porque são duas coisas diferentes. Uma é você saber fazer a oratória, subir na tribuna. Outra é você executar, sentar na cadeira e o poder executivo. Prefeito, Governador e Presidente. Ali você vai ser cobrado. Na tribuna você tem solução pra tudo. Você sobe como vereador, lá você joga pra galera.

Relação com os Bacellar — Edmar e Bacellar é água e óleo, não se misturam. Com o Wladimir eu me dou bem. Com o Vladimir não tem essa mistura, o Wladimir nunca me processou. Rodrigo Bacellar já me processou, o judiciário já me deu voz que eu não poderia citar, eu não poderia falar o nome de Rodrigo não, de ninguém da família de Rodrigo, eu poderia falar o nome. E hoje eu tenho uma medida restritiva contra a família Bacellar, que eu não posso me aproximar deles 200 metros. Hoje eu não posso ir na Câmara Municipal, hoje eu não posso ir na Alerj. Eu tenho uma medida restritiva contra os Bacelares de 200 metros de distância. Eu sou um assassino, um serial killer, um monstro. Eu tô recorrendo, como eu recorri da decisão de não poder falar, hoje eu posso falar. Posso falar da família toda.

Caio Vianna — Hoje eu acho que Caio, tadinho, está traumatizado, né? Porque, coitado, quatro derrotas consecutivas, eu digo a vocês, eu não viria mais. Caio é um Lula. Lula acho que perdeu quatro vezes também. Perdeu, perdeu e perdeu. Até que o pessoal falou, vou botar esse homem lá. Ganhou no esforço mesmo ali.

Rodízio de famílias na política — E sim, famílias tradicionais, o seu Marcos Bacelar já foi presidente da Câmara. O Garotinho e a mãe do prefeito, a Rosinha, ambos já foram governadores, ambos já foram prefeitos e a gente aqui em Campos, a gente vive esse rodízio de famílias. Desde que Garotinho iniciou sua vida pública, ele vem dominando o cenário político de Campos, quer seja como candidato, quer seja lançando um candidato, como foi com o Dr. Arnaldo, que era um médico, e Sérgio Mendes, que também era desconhecido da política. E assim continuou o protagonismo com o Dr. Arnaldo lançando o Mocaiber, e veio esse revezamento de famílias. E até mesmo o Rafael, que quebrou um pouco esse ciclo, também filho de Sérgio (Diniz) e neto de Zezé (Barbosa), neto do saudoso Zezé Barbosa, que era um prefeito que governava sem royalties e hoje não existe Campos sem royalties. Olha como as coisas mudam, né? E Campos, a gente não pode falar que Campos, a época de Zezé Barbosa, se a gente fizer uma comparação, não teve muitos avanços para tantos bilhões de royalties. E só houve o inchaço da máquina e hoje Campos não existe sem royalties. E o Rockefeller, que tocou essa Prefeitura de Campos, deixou legados aí como o Palácio da Cultura, que tá lá abandonado, que eu acho um ato criminoso. Os dois PU de urgência que são mais procurados pela população de Campos, que é o PU da Saldanha Marinho e o PU de Guarus, foram obras do Rockefeller. Na época do Zezé Barbosa, a coleta de lixo era feita com carros próprios da prefeitura. Naquela época o transporte funcionava, naquela época eu ia para o colégio, usava o transporte público, o transporte público funcionava, e nós viemos aí com muito dinheiro, e a cidade caminhou para trás.

Rodízio de famílias na política II — Agora vamos fazer um comparativo aqui das duas famílias, Bacellar e Garotinho. São duas famílias que têm praticamente o mesmo tempero. Eu entrei ontem com uma representação, dizendo, provocando a Justiça Eleitoral de Campos, dizendo que as eleições de Campos estão viciadas, tal qual aconteceu com o Ceperj, tal qual aconteceu com a Chequinho. Por quê? Porque, hoje, não sabemos o número de RPA, ninguém sabe. E não sabemos, desses RPAs, quem trabalha e quem faz política, como era o caso da Ceperj. A maioria ali não trabalhava e tá lá já. O escândalo da Ceperj, inclusive agora, parece que o Instituto Fair Play vai ter que devolver dinheiro e, provavelmente, se o Brasil for país que está querendo ir para outro patamar, essas pessoas que receberam indevidamente, terem que devolver o dinheiro. Ah, eu não tenho mais o dinheiro. Então você vai ficar com o nome na dívida ativa, você está devendo a União, o Estado, o Município, quem quer que seja.

Eleições viciadas — E está acontecendo isso novamente em Campos. Estima-se que tenha 5 mil RPAs fantasma. Então eu pedi à Justiça Eleitoral que peça essa lista de RPA, nome, endereço, função e local que presta seu serviço. Que aí eu vou poder comprovar minha denúncia. Então tá aí provocada a Justiça Eleitoral, porque o pleito de Campos tá viciado. Isso aí é, todo mundo sabe, vereadores com 300, 400 indicações. Como que um candidato a vereador vai concorrer com um candidato que tem 300 RPAs fazendo política? Todo mundo tem pai, todo mundo tem mãe, todo mundo tem irmão, todo mundo tem vizinho. Então, cria-se uma corrente e o cara já sai ali com 1.500 votos. A eleição de Campos está contaminada.

Nominata — Aí os pré-candidatos ansiosos, todo mundo já tá com sua pré-candidatura, todo mundo já tá divulgando, já tá falando, e nós juntamos, falamos, vocês não estão impedidos de divulgar as pré-candidaturas de vocês. Óbvio que vocês não estão tendo nenhum tipo de ajuda, mas vocês podem. O compromisso de Thiago (Virgílio) era esse, o Agir vai ter Nominata, e o meu compromisso seguiu, o Agir vai ter Nominata. O que pode não acontecer é a gente vir forte, mas eu venho também como pré-candidato a vereador. Não preciso de ajuda e também não coloco dinheiro meu particular, até porque eu sou contra veementemente compra de voto. Jamais teria coragem de comprar um voto pra chegar em qualquer cargo eletivo. Já ouvi falar aí de mandatários. Ah, então você não vai se eleger. Se for o preço a pagar pra chegar em qualquer cargo eletivo, comprar voto, eu nunca vou assumir um cargo eletivo. Eu quero chegar com propostas, com ideias pra fazer diferente, agora com comprar voto, não.

Composição da Câmara — Mas todo mundo vai fazer três. Só o Wladimir vai fazer seis, o PP vai fazer seis. Porque ele sempre é melhor que todo mundo, né? Os outros vão fazer três. Mas pra Wladimir, como é superior, vai fazer seis. Mas lá (no Agir) não. Lá nós somos pé no chão. Um, com humildade. A oposição aí fala que vai fazer 18. Mas vamos botar que ele não faça 18. Mas eu acredito que pelo menos 13 vereadores ele faz. E a oposição, quem não é Wladimir é oposição, acho Wladimir deve fazer uns 14 e 11 (a oposição).

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