Thiago Rangel: 'Quem mais tira voto de Wladimir, hoje, sou eu'
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 20/07/2024 08:30
Thiago Rangel no Folha no Ar
Thiago Rangel no Folha no Ar / Genilson Pessanha
“Quem mais tira voto de Wladimir, hoje, sou eu”, declarou o deputado estadual Thiago Rangel (PMB), pré-candidato a prefeito de Campos, durante sua participação no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nessa sexta-feira (19). O parlamentar, que acredita nas eleições em segundo turno, apostou em seu crescimento nas intenções de voto, apesar do pouco tempo de campanha, que para ele é seu maior inimigo no momento. Thiago também analisou a possibilidade de migração das intenção de voto da deputada Carla Machado (PT), que retirou sua pré-candidatura por motivos legais. Para ele, os eleitores de Carla devem migrar seus votos mais para ele e “um pouco para o PT”. No Legislativo municipal, ele acredita no potencial de sua filha, Thamires Rangel, e afirmou que a oposição deve fazer 12 cadeiras. Thiago também falou sobre sua relação com o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que, segundo ele, é apenas uma ligação política e não eleitoral. O pré-candidato também comentou sobre a aprovação do governo Wladimir Garotinho (PP), que para ele sempre fica no teto de 52 a 58%.
Pré-candidatura — A verdade é que eu não estava me preparando para ser candidato nesse pleito de prefeito. Eu não me organizei, tanto que a gente iniciou a conversa com o Republicanos, aí eu também não firmei a palavra de ser candidato no Republicanos. (…) E aí, nesse caminho, nessa construção, a gente teve várias variáveis, de ser ou não ser. E eu fui deixando e tal, e um belo dia eu falei: ‘não, eu acho que eu tenho que colocar meu nome candidato’. Eu não tenho nada a perder. E, até pelo fato até de eu ter visibilidade, eu me organizei novamente. Porém, eu estava mais restrito de escolhas de partido, porque o Republicanos já tinha declarado o apoio a Wladimir. Já que eu estou na Assembleia Legislativa e componho a base do governador Cláudio Castro, e tenho uma boa relação com o presidente e deputado Rodrigo Bacellar, porém ambos com seus grupos divididos. Ele segue com o grupo dele aqui na cidade e eu sigo com o meu grupo, que é, na verdade, esse grupo que eu construí. A gente não tem essa composição aqui, agora, nesse momento de primeiro turno. Ele segue com o grupo dele, eu sigo com o meu grupo. Só para deixar claro que a minha candidatura não passa por ele. Mas eu falei: ‘já que eu sou deputado da base, sou líder de partido aqui dentro, líder de uma bancada, estou votando contigo, eu preciso de um partido para eu poder me viabilizar, para poder ter um vice e aquela coisa toda’.

Disputa contra a máquina — Na verdade quem mais tira voto de Wladimir hoje sou eu. Pode pegar o resultado das pesquisas passadas. Na 76 e na 75, quem mais diminui o favoritismo de Wladimir, no voto, é a minha pré-candidatura. Eu tenho muita aceitação dentro desse público. Até porque eu vivencio ele. Eu estou sempre com eles, eu sou muito presente na cidade. Então isso facilita. O eleitor tem que olhar no candidato e o candidato tem que representar para ele alguma coisa. Transmitir alguma confiança ou alguma identificação.

Eleição curta? — Atualmente, os pré-candidatos de mais expressão na cidade, de oposição, sou eu e Madeleine. Como eu volto a repetir, eu cresci muito. É uma coisa que eu não imaginava, mais uma vez, que eu ia crescer muito rápido, em pouco tempo agora, de eleição. O tempo hoje é meu maior inimigo, para a gente estar podendo estar na rua construindo isso daí. Então, assim, nós temos dois pré-candidatos, mas são dois de oposição com mais expressão, não aqui de maneira alguma desfazendo os demais, mas eu já passei pela urna duas vezes.

Conversa com partidos — Eu estava no Podemos, saí com aquela confusão do Podemos, fui para o PRTB, para ser presidente estadual do PRTB. Teve lá uma confusão na eleição da nacional do PRTB. Com aquela confusão, eu me senti desconfortável de continuar no partido. E aí, eu conversei com a presidente Suêd (Haidar) e ela me aceitou no partido. E ali eu fui para o PMB. Eu já sabia que, mesmo o partido não tendo tempo de televisão, e eu coligando com outros partidos com tempo de televisão e fundo partidário, supriria essa deficiência que tem o PMB hoje. Então, eu puxei o Thuin, que está no PRD e tem um tempo de televisão. A gente está com conversa com outros partidos, que aí eu queria manter preservado, mas tem dois partidos para compor a base com a gente, para a gente poder aumentar esse tempo de televisão. E fundo partidário a gente vai ter, até porque é um deputado estadual pré-candidato a prefeito, não é qualquer uma militância, uma liderança na cidade.

Trunfo para a disputa — Há 30 anos que não acontece esse fenômeno ser vereador a primeira vez e, no meio do mandato, conseguir uma eleição de deputado estadual. E, se eu fosse candidato a deputado federal, inclusive, dentro do meu partido, o qual eu disputei a eleição, eu seria deputado federal, com a votação que eu tive para deputado estadual. Obviamente que a votação cresceria para deputado federal, que é mais amplo. E há 30 anos que isso não acontece mais aqui na nossa cidade. O último foi com o João Peixoto. Ele foi candidato pelo Prona. Ele virou vereador e, no meio do mandato, ele conseguiu virar deputado estadual e, a todo o respeito aqui ao falecido João Peixoto, o qual eu admiro muito, foi recordista de mandatos de deputado estadual. A gente viu diversos deputados estaduais se eleger, ele ficou um, dois, três mandatos, e o João já estava no sétimo mandato. (…) A gente não pode aqui informar números, até porque nós não temos outra pesquisa registrada, mas a minha crescente política na cidade, essa sanção política, é inevitável. Então, estou bastante confiante. A gente sabe também que o Wladimir está até com favoritismo, mas eleição só tem um resultado no dia dela. Então, eu acredito que a gente vai estar disputando aí para, se Deus quiser, chegar no segundo turno.

Thuin como pré-candidato a vice — Thuin é uma pessoa muito séria. Eu nunca vi um cara tão sério e isso me deu confiança de ele fazer parte da chapa comigo de vice. Porque ele é um cara muito sério, é um cara muito reto, é um cara muito fiel. Então eu acho que, se ele continuasse na base do governo, ele poderia até ter um espaço maior, poderia até voltar a ter a secretaria de Esporte, etc, mas ele não iria se sentir bem nessa conjuntura.

Migração das intenções de voto de Carla — Eu acredito que o voto de Carla tenha a tendência a migrar para mim mais, e acredito que vai migrar um pouco para o PT, no caso o Jefferson, porque ela tem uma identidade muito forte com a esquerda, então eu acredito que migre bastante esses votos dela para mim. O eleitor de Carla é um eleitor, não sei se aparece nessa pesquisa, da pedra que veraneia em Atafona, São João da Barra. E tem a Baixada, que é divisa com São João da Barra. O voto dela é muito concentrado nessa região. Na Baixada, ela saindo, o meu voto cresce, inclusive lá, e eu fui bem votado para deputado lá. E na pedra, eu acredito que migre até mais para o PT. (…) Então, assim, tem uma grande tendência do voto dela migrar para mim. Na Baixada Campista, eu sou muito forte. Isso é um ponto. Se ela fosse candidata a prefeita, ela ia dividir esse voto comigo lá. A gente tá falando voto, basicamente, da oposição. Quem vota em Carla não vota em Wladimir. Dificilmente. Então, assim, eu acho que quem tende a ganhar mais com a migração desses votos é a nossa pré-candidatura.

Eleições passadas — A eleição de deputado foi muito difícil também. A eleição de vereador é muito difícil, mas de deputado foi muito difícil. Eu estava brigando contra a máquina, a máquina da Prefeitura, a máquina do Estado, e eu vereador de mandato. Eu vou te falar, a minha eleição foi coisa de Deus. Eu não acreditei quando teve a apuração das urnas. Eu acreditava que eu faria 12 mil votos, 11 mil votos, ou 10 mil votos em Campos. Acreditava que eu faria mais uns 10, 12 fora, que eu trabalhei bastante. Com muita dificuldade eu trabalhei fora porque as pessoas fora não acreditavam tanto na minha campanha de deputado, até pelo fato de eu ser vereador de Campos, de ter sido eleito aqui. E assim, eu fiquei surpreso com a quantidade de votos que eu tive na cidade. Isso foi o voto do antigarotismo e as pessoas também que não votam com o Bacellar. Esses votos, dos que não votam com o grupo da família Bacellar e que não votam com o grupo da família Garotinho, a alternativa que eles tiveram foi votar em mim.

Relação com Bacellar — A minha ligação com o grupo Bacellar é uma ligação de composição com o governo Cláudio, até porque eu tenho que ter ligação porque ele é o presidente da Assembleia Legislativa. Eu não tenho essa ligação eleitoral com o Rodrigo. Mas, obviamente, por eu ser o deputado da base do governo Cláudio Castro, líder de bancada na Assembleia Legislativa, presidente de comissão, a gente tem uma relação harmoniosa. É uma ligação política. Eu fui pedir ajuda: ‘Rodrigo, eu preciso ser candidato, estou numa situação difícil, espremido’. Porque é natural que o Wladimir ele tivesse, com todas as forças dele, de evitar o máximo as pré-candidaturas a prefeito. Imagina eu como um deputado de mandato, terceiro mais votado na cidade, é um perigo. Acredito que no segundo turno todo mundo vai se juntar. Isso é histórico em Campos, a oposição se junta no segundo turno. E eu acredito muito no segundo turno.

Bacellar em Campos — No tamanho que o Rodrigo tem, aí eu vou falar uma opinião minha, porque eu tenho minha identidade, eu não me meteria com eleição aqui na cidade, botando para um, botando para outro. Mas acho até que, neste momento, ele está fazendo isso. Ele tem a pré-candidata lá da União, ele é o presidente do partido. Obviamente que tendência mais ali, mas ele também, em momento algum, ele me atrapalha, porque ele me respeita, porque eu estou lá na base com ele, na Assembleia Legislativa, na base do Cláudio. A gente sabe que a relação dele e do Cláudio é de muita proximidade. Ele tem muito prestígio com o governador. Ele respeita a candidatura, então a gente está nessa construção aí. Mas eu, se fosse eu, sinceramente, até porque ele tá virado para outros horizontes. Ele está mirando o Governo do Estado. A cabeça dele é outro lugar.

Nominata e pré-candidatura da filha — Eu vivo de desafios. Desafiei a primeira, desafiei a segunda em 2020 e 2022, e é mais um desafio para mim que a Thamires ela mesma se faça sozinha dentro da nominata dela. Eu acredito que a nominata do PMB hoje fará três vereadores. A gente teve algumas pessoas duvidando que a gente montaria uma nominata forte, que faria possivelmente um vereador, mas eu acho que hoje a gente vai fazer três vereadores. Porque eu acredito muito que o nosso grupo político, e obviamente é uma estratégia minha, a Thamires hoje poderá, a gente não pode afirmar, poderá ser uma das vereadoras mais votadas da cidade. Não quer dizer nada, mas você tira pelo número das pessoas que foram numa pré-campanha. Não é uma coisa normal. Então, o meu esforço hoje é para ela fazer ela sozinha dentro do partido e a gente vai puxar mais dois. E eu fiquei muito surpreso até com a Thamires. Eu, pai, falar isso é até suspeito, mas a Thamires teve uma evolução muito grande, ao ponto de vários colegas deputados estarem me falando. De uma menina, hoje ela está gigante, com imponência no seu discurso, com a sua própria identidade, por mais que obviamente eu ajude ela, porque eu sou o pai, sou deputado, mas ela tem a identidade dela, não concorda com tudo que que a gente coloca para ela, ela tem a sua própria personagem. E a perspectiva que eu tenho é, possivelmente, ser a única mulher eleita.

Projeção de votos para o Legislativo — Eu acho que a leitura é Dudu Azevedo, Thamires, Marquinho Bacellar e Anderson de Matos, que é a Universal. Agora, eu vou te falar que esses três pré-candidatos vão bater o recorde ainda do Anderson de Matos na Universal. O Dudu, a Thamires e o Marquinho, possivelmente. A minha expectativa, e aí eu não quero estar aqui colocando, a minha expectativa é que Tamires hoje passa dos 6, 7 (mil votos). Eu acho que a oposição fará 12 cadeiras. Acho que o Rodrigo faz 8, eu faço 3 e o PT faz uma.

Presidência do Legislativo — O que eu posso dizer é o seguinte, a Câmara vai ter uma eleição de presidente muito disputada ainda. Isso eu estou afirmando. A Câmara terá uma eleição para presidente muito disputada. Porque a nominata do grupo do Bacellar está bem organizada. Eu consegui me organizar bem. Só quis montar uma nominata, não quis montar duas. E aí tem o PT. Eu acho que vai ser bem disputado.

Correlação Executivo X Legislativo — São dois cenários. O Wladimir foi muito inábil no trato com o Legislativo. Ele começou o governo com 24 vereadores, o único de oposição ficou Marquinho, e aí a gente viu o final agora. Perdeu quase todo mundo. Hoje tem maioria até pelas questões de montagem de nominata, porque não é fácil você montar uma nominata. Não é fácil você ser um vereador e você mesmo conseguir montar uma nominata. Tanto que, na cidade, são só três grupos que montaram uma nominata mais robusta. O grupo de Barcellar, o meu, que sou deputado, e o de Wladimir, que tem a máquina da prefeitura. Então, acredito que por isso que muitos desses vereadores foram migrando para ele, por conta das nominatas, para poder disputar a eleição de novo. Então, assim, eu acredito que ele já deve ter amadurecido até para ter um trato melhor, quem quer que seja o próximo presidente da Câmara.

Representatividade feminina — A representatividade feminina é muito importante em qualquer lugar, em qualquer ambiente. A gente vê lá na Assembleia Legislativa, e a representatividade feminina, eu vou te dizer, é importante para o cenário político. Infelizmente, Campos, nessa legislatura, ficou sem uma representatividade feminina que faz toda a diferença. Até no comportamento, quando você tem um monte de homem. Só se o cara for muito mal educado de fazer algum movimento ali. Mas quando você tem uma representatividade feminina, o próprio homem fica mais inibido de fazer alguns movimentos.

Aprovação do atual governo — Essa aprovação, a gente vai conseguir desconstruir nesses 79 dias. Como eu havia falado, ele estava concorrendo sozinho, ele não tinha adversário. Hoje está surgindo adversários com protagonismo, inclusive. Então nesse curto tempo, a gente vai conseguir desconstruir. O meu crescimento foi muito grande, em muito poucos dias. Óbvio que isso está medindo, uma coisa interna. Irei fazer até uma registrada, para que a gente possa realmente falar. E dar os dados com propriedade.

Teto de aprovação — Ele (Wladimir) sempre fica nessa casa de 52, 58, 59, ele não cresce mais do que isso. Por mais que ele tenha aprovação de governo muito boa, o teto dele é de 52 a 58. Quando entra mais pré-candidatos, inclusive eu, que venho furando, entrando dentro do voto dele, a tendência é ele diminuir. Quando começa uma campanha na rua, com cabo eleitoral, o pré-candidato que mais ameaça ele hoje a diminuir essa tendência de voto que ele vai ter é a nossa pré-candidatura. Justamente por estar na mesma base eleitoral que eles são fortes.

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