Fogo destrói áreas de vegetação em Campos
Ingrid Silva - Atualizado em 18/09/2024 08:24
Reprodução
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) extinguiu mais de mil incêndios florestais em todo o Estado do Rio de Janeiro desde a criação do Gabinete de Gestão de Crise, na última quinta-feira (12). Em números absolutos, até às 8h desse domingo (15), já tinham sido eliminados 1.099 dos 1.116 focos registrados nos três dias. Só nas primeiras horas do domingo, os militares já foram acionados para 22 novas ocorrências de fogo em vegetação. Dessas, 15 foram encerradas. Já no Norte Fluminense, quatro incêndios em vegetação foram registrados pela Folha da Manhã desde o último final de semana até essa terça-feira (17). Um deles foi na região do Imbé, em Campos, em que às margens da BR 101, grande parte da mata foi destruída. Segundo moradores, um caminhoneiro teria iniciado as chamas de propósito.

“Um caminhoneiro parou na beira da pista aqui da BR 101, no KM 106, e colocou fogo na pastagem. O incêndio atingiu a mata e queimou a plantação de pequenos produtores (...) Conseguimos controlar o foco das chamas na beira da pista. Acho que o pior já passou", disse Daiana Manhães, moradora da região do Imbé que presenciou a situação.
Para denunciar crimes ambientais em todo Estado ao Linha Verde, a população pode ligar para o telefone (21) 2253-1177 e para o 0300 253 1177 (interior), ambos com WhatsApp anonimizado - técnica de processamento de dados que remove ou modifica informações que possam identificar uma pessoa, ou então pelo App "Disque Denúncia RJ". É possível denunciar ainda pelo site do Disque Denúncia (www.disquedenuncia.org.br) ou ainda pela FanPage do Linha Verde no facebook (www.facebook.com/linhaverdedd).

Na manhã desse sábado (14), um homem foi resgatado e levado ao hospital após passar dias em uma grota na região de Palmital, zona rural de São Fidélis para fugir de um incêndio de grandes proporções que estava chegando próximo a residência dele. Segundo informações da Defesa Civil, o morador se abrigou no local e teria ficado na grota de quinta até a manhã de sábado (14), quando foi encontrado. Ele foi levado pela Defesa Civil para um hospital acompanhado de familiares. Desde o último dia 11, quando surgiram os primeiros focos de incêndio na região do Palmital, o fogo já destruiu mais de 300 hectares.

“São mais de 1.100 militares à disposição nos quartéis de todo o Estado. O Corpo de Bombeiros do Rio conta, hoje, com o maior efetivo do país, uma tropa altamente capacitada, com especialistas atuando na ponta, com apoio do que há de mais moderno em viaturas e equipamentos operacionais. Isso é fruto de um investimento maciço, da ordem de R$ 1 bilhão, feito pelo Governo do Estado na corporação, sendo R$ 115 milhões diretamente no reforço operacional visando ao combate a incêndios florestais” afirmou o secretário de Defesa Civil do Estado do RJ.

Um outro incêndio atingiu uma área de vegetação na localidade de Rio Preto, em Campos, próximo ao Assentamento Zumbi dos Palmares, também no sábado (14). Foram necessárias mais de duas horas para o fogo ser contido. O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 14h13 desse sábado e os trabalhos foram finalizados às 16h48. Não houve registro de vítimas. Campos também registrou outro foco de incêndio em plantações. Já no domingo (15), o fogo em um canavial às margens da BR 101, próximo à localidade de Cupim, em direção ao Morro do Itaóca, chamou a atenção de motoristas que passavam pela via. As chamas assustam e podem prejudicar, além do ambiente, a saúde de quem inala a fumaça.
“Para entender as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio deste ano e o fogo que devasta 60% do Brasil atualmente, inclusive o norte-noroeste fluminense, é preciso levar em conta o aquecimento global produzido pela economia dominante com emissões de gases derivados da queima de petróleo, gás natural e carvão mineral, além de desmatamento de grandes áreas florestais”, disse o ambientalista Arthur Soffiati.

Ele falou também sobre a seca e o quanto afeta a qualidade do ar, que é percebida não só no Brasil, mas em todo o mundo, assim como a propagação excessiva de fogo.
“Esse aquecimento reduz a vazão dos rios, como no caso da Amazônia, resseca o solo e as plantas, reduz a umidade relativa do ar e cria ambiente propício para incêndios. Os ventos ajudam a propagar o fogo. O ambiente se torna mais seco ainda, com a fuligem avançando pelas cidades, com o empobrecimento da flora e da fauna e com prejuízos à economia rural (...) As estiagens ressecam o ar e afetam sua qualidade, sobretudo com a fuligem de queimada de cana. Não apenas as casas ficam sujas, como também a saúde das pessoas (...) Existe uma necessidade de se criar uma autoridade climática municipal e regional”, explica Soffiati.

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