Vereador Bruno Pezão é preso em flagrante em operação que investiga homicídio na Baixada
O vereador Bruno Pezão (PP) foi preso nesta quarta-feira (18) por suspeita de lavagem de dinheiro, durante uma operação que investiga o assassinato de um cabo eleitoral ocorrido na Baixada Campista. A Operação "Pleito Mortal" cumpriu mandados de busca e apreensão em Campos e no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. No total, foram apreendidos mais de R$ 1 milhão na casa do vereador. Ele deverá ser transferido para a Casa de Custódia. Além de Bruno Pezão, outras cinco pessoas foram alvos da operação, inclusive um suposto traficante que está preso desde 2010.
A operação foi deflagrada pela Polícia Civil, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco/MPRJ) e com o apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Segundo a Polícia Civil, as investigações apuram o homicídio ocorrido no dia 19 de julho deste ano, na localidade de Campo Novo, onde Aparecido Oliveira de Morais foi morto dentro do seu carro com oito disparos de arma de fogo. Ainda de acordo com a Polícia, Aparecido teria domínio nos colégios eleitorais de Valeta e Venda Nova, ambos em Campo Novo, e antes de morrer teria selado apoio político a um outro candidato a vereador, concorrente de Bruno Pezão.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Bruno Pezão, em seu gabinete na Câmara e em seu comitê de campanha, assim como na casa de sua mãe e de outros três investigados pelo crime. Durante a operação, foram encontrados mais de R$ 660 mil em espécie, na casa do vereador, e mais de R$ 460 mil em cheques e notas promissórias. Também foram apreendidas armas, celulares e anotações para onde iria cada quantia. Em um dos endereços, em São Sebastião, foram apreendidos também uma quantia em torno de R$ 12 mil.
Ainda segundo informações da Polícia Civil, Pezão também teria feito uma reunião política, na véspera do homicídio, onde faz uma videoconferência com José Ricardo Rangel de Oliveira, conhecido como Ricardinho, que seria suposto chefe do tráfico da localidade de Campo Novo e Barcelo, e está preso desde julho de 2010. A videoconferência foi feita de dentro da cadeia, em Bangu.
Diretora da 6ª DPA classificou videoconferência direto da cela como "audácia"
Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta quarta-feira (18) na sede da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), a diretora do 6º Departamento de Polícia de Área (DPA), delegada Natália Patrão, informou que a reunião política de Pezão chamou a atenção dos agentes de Segurança.
— Em 2014, ele (Aparecido) já tinha sofrido uma tentativa de homicídio com três termos de declaração dele prestados nessa delegacia, dizendo que o José Ricardo tinha tentado lhe matar em 2014. E foi divulgado para todo mundo numa reunião política que o vereador Bruno Pezão fez na localidade de Campo Novo. Ele fez uma vídeo-chamada com o vulgo Ricardinho de dentro do presídio e projetou a imagem no telão que tinha atrás dele, e foi realizando esse comício político e essa videoconferência, utilizando a tecnologia a favor do crime — disse Natália.
Segundo a Polícia Civil, o material apreendido será periciado e será feito exame de confronto balístico para saber se os disparos efetuados no dia do crime partiram da arma apreendida, pois o homicídio ainda está sendo investigado.
Segundo a Polícia Civil, o material apreendido será periciado e será feito exame de confronto balístico para saber se os disparos efetuados no dia do crime partiram da arma apreendida, pois o homicídio ainda está sendo investigado.
— A gente interpreta esse vídeo e essa conduta do vereador Bruno Pezão como uma audácia, realizando uma reunião política, fazendo uma videoconferência com um suposto chefe do tráfico de drogas diretamente de dentro da cadeia e projetando a imagem dele no telão para a comunidade. Isso é um escândalo sem precedentes e desafia todas as normas de conduta política e legal — afirmou a delegada.
Sobre a quantia apreendida, a Polícia investiga se o dinheiro é proveniente de extorsão. “Esse dinheiro, há suspeitas e ainda está em investigação, de que é proveniente de algumas extorsões na Baixada, ligadas também ao tráfico”, disse.
A Polícia Civil informou durante a coletiva que Bruno Pezão se reservou ao direito de prestar declaração somente em juízo. Ele deve ser encaminhado para a Casa de Custodia até amanhã.
A Polícia Civil informou durante a coletiva que Bruno Pezão se reservou ao direito de prestar declaração somente em juízo. Ele deve ser encaminhado para a Casa de Custodia até amanhã.
Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) informou que não foi comunicada sobre a prisão até o momento. "O registro de candidatura de Bruno Pezão foi deferido em 26 de agosto, pelo Juízo da primeira instância. Não há qualquer impugnação do Ministério Público nos autos do processo. De acordo com o Art. 52 da Resolução TSE 23609, sobre registro de candidatura: 'As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade serão aferidas no momento da formalização do pedido de registro de candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro, que afastem a inelegibilidade e ocorram até a data do primeiro turno da eleição'.", diz a nota.
Confira vídeo completo da coletiva de imprensa: