Um ano após crime, familiares de Letycia e Hugo fazem ato e pedem justiça
Ingrid Silva e Channa Vieira 02/03/2024 12:09 - Atualizado em 02/03/2024 13:24
Um ano após o assassinato de Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, grávida de 8 meses que foi assassinada a tiros, familiares e amigos da jovem e de Hugo, seu bebê que chegou a nascer, mas não resistiu, realizaram um ato no Centro de Campos pedindo por justiça, e também como uma forma de ajudar outras mulheres e famílias vítimas de violência. O suspeito de encomendar a morte de Letycia é o próprio pai do bebê, o professor universitário Diogo Viola de Nadai, que está preso junto com outros três envolvidos no caso, e devem ir à júri popular. Com cartazes, bolas brancas e distribuindo panfletos, a família pede pela condenação dos acusados. 
No ato, a mãe de Letycia, Cintia Fonseca, desabafou sobre a dor de perder a filha de forma tão brutal e planejada. Ela pediu por justiça e destacou a importância de homenagear a memória de sua filha enquanto continua lutando pela condenação dos responsáveis pelo crime.
— Hoje é uma data que a gente não queria estar passando pelo que a gente está passando, nesse um ano. Hoje, é exatamente dia 2 de março. Foi o dia que, infelizmente, eu vim a perder minha filha tragicamente. A data em que minha filha foi arrancada, tirada da gente. Minha filha foi, como eu sempre falo e repito sempre, minha filha foi vítima de um crime cruel, brutal, premeditado friamente e planejado. Então, é uma data que a gente não queria jamais estar aqui, mas a gente busca por justiça, é um meio de a gente estar fazendo uma homenagem à minha filha, pedindo justiça, ao mesmo tempo dessa homenagem a gente está aqui em busca da justiça — disse a mãe. 
O pai da jovem, Alcimar Freitas Fonseca, falou da demora da justiça em dar uma resposta após um ano do crime, ressaltando que eles estão recorrendo e que nada está sendo feito. Ele destacou a brutalidade do crime e a dificuldade em encontrar palavras para descrever a perda de sua filha, uma jovem cheia de planos e grávida de 8 meses. 
— Ele levou muito tempo planejando isso. Isso aí não foi de uma hora para outra não, porque já estavam tentando matar ela desde segunda-feira, e conseguiram na quinta. Não foi uma coisa de momento, foi uma coisa planejada, foi uma coisa orquestrada, foi um cara que tem a mente muito diabólica, então a gente pede por justiça, é a única forma de conseguir mais um pouco em paz — enfatizou Alcimar. 
Regina Célia Peixoto, avó de Letycia, expressou o sentimento de revolta, lembrando do momento em que alguém, possivelmente o mandante, segurava sua mão durante o velório, prometendo que o responsável pagaria pelo que fez.
— É um buraco no coração de todo mundo. Não tem como apagar, porque todo dia eu tenho a foto dela na caneca que eu fiz com a foto dela. Todo dia que eu tomo café, eu lembro dela, porque ela não está aqui. Mas a pessoa que mandou está vivo, mas ela e nem Hugo, estão mais. Eu quero justiça perante a Deus e os homens da terra. A justiça da terra seja feita — declarou. 
Advogado da família de Letycia, Marcelo Barreto falou da importância do ato de conscientização, especialmente para as mulheres, destacando a gravidade da violência contra elas e a necessidade de combater todas as formas de violência, não apenas a física, mas também a moral, de gênero, na internet, racismo, assédio moral, assédio sexual, feminicídio e violência contra mulheres lésbicas, bissexuais e trans. Ele enfatizou a distribuição de panfletos informativos com números de telefone para denúncias e locais de apoio.
— Essa é a importância do ato de hoje no dia que faz 1 ano do caso Letycia e Hugo Peixoto. A gente coloca esse caso como o Hugo também, porque o Hugo respirou e veio aqui ao mundo. Então, ele também foi um ser humano vivo, que, infelizmente, teve sua vida muito precocemente tirada — ressaltou o advogado.
Andreza Oliveira, amiga de Letycia, também esteve presente no ato e ressaltou a importância de buscar justiça não apenas para Letycia, mas para todas as mulheres que enfrentam situações semelhantes, deixando famílias destruídas. Ela enfatizou o pedido pela condenação dos culpados. 
— É um ato super importante não só por ela ter passado por essa situação de ter sido brutalmente assassinada, mas por todas as outras mulheres que passam por isso, que deixam famílias como a da Cintia tristes, dilaceradas. Então, o que a gente tá fazendo é um pedido de justiça. É o que a gente quer, o que a gente espera, que todos eles sejam condenados como eles merecem — destacou. 
Ao falar sobre a falta que Letycia deixou, Andreza descreveu a perda como irreparável e eterna, destacando a saudade dos momentos felizes compartilhados com a amiga. "É uma falta muito grande, que é uma perda que não tem reparo, não tem volta, a morte dela não tem volta e é uma saudade que vai ser eterna e somente lembrar dos momentos bons, das coisas boas".
O crime
No dia 2 de março de 2023, Letycia estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna.
As duas foram socorridas para o Hospital Ferreira Machado, onde Letycia morreu logo após dar entrada. O parto de Hugo chegou a ser realizado, mas o bebê não resistiu. 
Fotos e vídeo: Rodrigo Silveira

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