Resgate de animais silvestres tem aumento em Campos
O alto índice de resgate de animais silvestres tem deixado o Grupamento Ambiental (GAM) da Guarda Civil Municipal de Campos em alerta. Só este ano, até a última quarta-feira (23), foram resgatados 379 animais. No ano de 2022, o número total de resgates foi de 428.
Segundo o gerente ambiental Ralf Xavier, esse aumento é resultado do desmatamento, mas também da falta de acesso desses animais ao alimento encontrado na natureza. “Com a falta de plantios de árvores frutíferas, esses animais estão cada vez mais buscando as casas para se alimentar, atraídos pelo cheiro da comida. A área central da cidade é onde se concentra o maior número de casos porque muitos deles vivem às margens do rio Paraíba do Sul”, disse.
A lista de resgates conta com os gambás em primeiro lugar. Só este ano foram resgatados 278 dessa espécie. Em seguida vem as cobras, com 69 resgates, e em terceiro lugar aparece as anfisbena, uma espécie de cobra com duas cabeças. “Esse tipo de resgate da anfisbena aumentou e só este ano, até o momento, foram cinco capturas”, explicou Ralf.
O gerente do GAM destacou que todos os meses, até o momento, tiveram aumento nos resgates. “Em janeiro de 2022, tivemos 16 resgates de gambás. Este ano, no mesmo mês, foram resgatados 48. Até agora, no mês de agosto foram 10 cobras e no ano passado, em todo o mês de agosto, foram sete. Isso mostra como tem aumentado o número de resgastes desses animais”, destacou.
Ele ressaltou, ainda, que o crescimento dos resgates pode estar associado a conscientização das pessoas. “É um aumento exagerado, mas é devido ao crescimento de desmatamento, entre outros fatores. A população hoje também está mais conscientizada com relação aos animais silvestres, porque antigamente as pessoas matavam os animais e hoje eles demostram uma preocupação em chamar para o resgate e isso é muito importante” disse.
A orientação, em caso de encontro de um animal silvestre, é ligar para o número (22) 981750758, mas existe algumas orientações além disso. “As pessoas precisam ligar e nos enviar fotos e vídeos para vermos o estado físico do animal, onde ele se encontra, se é um lugar de livre acesso ou não para fazer o resgate, porque nós temos os tipos de ferramentas certas para levar. Também orientamos a deixar o local isolado, não estressar o animal e vigiar para ele não sair até a nossa chegada. Nós trabalhamos com 22 agentes escalados em plantões, 24h por dia e sete dias por semana”, orientou.
Animais feridos ou filhotes sozinhos não são resgatados, como explicou o Ralf. “ Neste caso, nós passamos ao solicitante o número do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que o resgate seja feito. Campos não possui mais o convênio que tinha com a Uenf, onde os animais resgatados machucados ou filhotes eram levados e, depois de receberem os cuidados, nós os soltávamos. Por isso não temos onde cuidar deles e por consequência, nesses casos, não os resgatamos”, disse.
Animal raro - Animais como o ratão-do-banhado, extinto na natureza, já foram encontrados em Campos. Um deles aconteceu em maio deste ano, na BR 101. Em 2022, foram dois resgates.
— Esse ratão é um animal raro, extinto porque ele foi muito caçado por conta da sua pele e carne. Ele vive em beira de rio, lagos e banhados e é um animal de hábito noturno e se alimenta de capim, folhas, grãos, peixes, frutas. Tanto esse ano como no ano passado, eles foram encontrados no mesmo local da BR 101. Quando os resgatamos, fizemos contato com o núcleo de pesquisa de Macaé, para onde ele foi levado — disse Ralf.