Morre o poeta e filósofo Antonio Cicero, aos 79 anos
- Atualizado em 23/10/2024 10:20
Poeta Antonio Cicero
Poeta Antonio Cicero / Eucanãa Ferraz/Divulgação
Morreu, nesta quarta-feira (23), o poeta e filósofo Antonio Cicero, aos 79 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017, ele recebeu, nos últimos anos, um diagnóstico de Alzheimer e vinha tratando problemas neurológicos decorrentes da doença. A morte do acadêmico aconteceu por meio de procedimento de morte assistida na Suíça, onde ele estava ao lado do marido, Marcelo Pies. As informações foram confirmadas pela ABL.

A última aparição de Antonio Cicero na sede da ABL se deu na última quinta-feira (17). No dia seguinte, ele embarcou para a Europa, ao lado do companheiro, e visitou Paris para se despedir da cidade que tanto admirava.
Em comunicado a pessoas próximas, Marcelo Pies relata que o poeta vinha planejando a morte assistida há um tempo e mandando documentos, mas "insistiu muito que ninguém soubesse". O imortal da ABL foi cremado. As cinzas serão trazidas ao Brasil pelo marido, que chega ao país na próxima quinta-feira (24).

Sucessos da MPB
Antonio Cicero se dedicava à poesia desde a infância. Aos 26 anos, ele viu a própria produção, ainda desconhecida do grande público, ganhar novo fôlego depois de sua irmã, a cantora e compositora Marina Lima, decidir musicar, sem grandes pretensões, um de seus textos. Desse momento em diante, o poeta passou a escrever, além de poemas para serem lidos, letras para as melodias que a irmã — dez anos mais nova — lhe enviava. Com o tempo, outros cantores passaram a fazer o mesmo. E assim ele se consagrou como um dos maiores letristas da música popular no país.
Saíram da caneta de Antonio Cicero dezenas de pérolas e hits do cancioneiro nacional, entre as quais "Fullgás" e "Pra começar", em parceria com Marina Lima; "À francesa", feita com Cláudio Zoli; "O último romântico", sucesso realizado junto a Lulu Santos e Sérgio Souza; e "Alma caiada", gravada por Maria Bethânia em 1976, época em que a letra foi censurada pela ditadura militar.

Academia e literatura
Formado em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Cicero sempre se dividiu entre a poesia e a filosofia, a academia e a composição popular, sem realizar distinções clarividentes entre esses campos vários em suas produções.
Fonte: O GLOBO

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