Folha Letras - O poeta e a cidade: Vida e obra de Azevedo Cruz
- Atualizado em 23/10/2024 09:36
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Carlos Augusto Souto de Alencar*
O patrono da cadeira 15 da Academia Campista de Letras e da cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes teve uma vida curta e, ainda assim, deixou uma obra definitiva que será lembrada enquanto existirem os ventos da poesia sobre o plaino goitacá. Seu nome é João Antonio de Azevedo Cruz.

Azevedo Cruz nasceu na freguesia de Santa Rita da Lagoa de Cima no dia 22 de julho de 1870. Foi estudante do Colégio Cornélio e do Liceu de Humanidades de Campos. Com o término de seu estudo secundarista, foi para o Rio de Janeiro onde ingressou na Academia Livre de Direito, mas acabou por concluir seu bacharelado na cidade de São Paulo.

Ao voltar para sua terra natal, tornou-se colaborador do jornal “Monitor Campista” e exerceu seu labor como advogado. O grande historiador Waldir Pinto de Carvalho registra que Azevedo Cruz era um orador brilhante e que as pessoas compareciam às sessões do tribunal apenas para ouvir suas palavras. Tal habilidade com a oratória foi, certamente, importante para que entrasse na carreira política e fosse eleito deputado.

Além de poeta, político, jornalista e advogado, Azevedo Cruz foi teatrólogo. De sua autoria são as peças “Benta Pereira – Revista em três atos”, do ano de 1899, e “Terra da goiabada”.

A obra poética de Azevedo Cruz colocou o mesmo como líder do simbolismo em Campos, estilo literário que teve como expoentes Arthur Rimbaud e Alphonsus de Guimarães, entre outros. De toda sua obra, o poema mais importante é “Amantia verba”. Composto de 22 estrofes e 88 versos, “Amantia verba” é a melhor síntese do amor à terra campista com uma descrição lírica de suas belezas naturais, lembrando as descrições que Alexander von Humboldt fazia quando analisava a geografia física de um local, e do sentimento sublime que Azevedo Cruz nutria por Campos dos Goytacazes. Não é por acaso que versos deste poema serviram para a composição do hino da cidade.

A última atividade profissional de Azevedo Cruz foi como chefe de polícia. Segundo registro feito por Waldir Pinto de Carvalho, muitos lamentaram que o poeta estivesse com suas forças voltadas para a política e o trabalho na polícia. Devido a isso, sua produção literária teve uma redução.

No dia 22 de janeiro de 1905, Azevedo Cruz morreu em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro. É interessante como Waldir Pinto de Carvalho registra o cortejo fúnebre do poeta. O brilhante historiador mostra a comoção que tomou conta da cidade de Campos, mostrando que Azevedo Cruz era muito querido e admirado. A obra memorável do poeta está presente nos livros “Profissão de fé”, de 1901, e “Sonhos”, lançado pela Academia Campista de Letras em 1943. As palavras apaixonadas de Azevedo Cruz tornaram-se as chaves de sua imortalidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CARVALHO, Waldir Pinto de: “Gente que é nome de rua” Volume 1. Campos dos Goytacazes, Edição do autor, 1985.

*Segundo vice-presidente da Academia
Campista de Letras

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