A goleada de 11 a 1 do Goytacaz, no Coppam
No último dia 23, o Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam) decidiu pelo tombamento do estádio Ary de Oliveira e Souza (veja aqui), a casa do Goytacaz Futebol Clube, um dos clubes centenários de Campos.
Não foi uma reunião apenas de conselheiros do órgão. Pelo seu caráter público, as reuniões são abertas, e os visitantes, além de ouvir os votos e as discussões dos que possuem assento no Conselho, têm direito à fala. E assim ocorreu, com alguns torcedores do clube externando as memórias afetivas com o patrimônio material que estava em discussão.
O Coppam não tem o poder de impedir que o estádio seja vendido, ou determinar quais ações a diretoria do Goytacaz deve ou não colocar em prática. O órgão de preservação discute se um patrimônio — material ou imaterial — possui as características necessárias para receber uma proteção legal que impede, aqui sim, a descaracterização e a demolição.
O Aryzão — apelido pelo qual o estádio Ary de Oliveira e Souza é conhecido — foi a leilão há cerca de dois meses, com lance inicial determinado em mais de R$ 51 milhões. No segundo certame, pela metade do preço: quase R$ 26 milhões (veja aqui). Em nenhuma das oportunidades houve proposta de compradores interessados.
O clube mudou sua diretoria em movimentação recente (veja aqui), tendo alterado também a decisão de leiloar o estádio. O grupo que administra a agremiação atualmente não concorda com a venda, e se diz favorável à preservação. Não sem polêmica, a mudança da diretoria do Goytacaz ainda é contestada pelo grupo que comandava anteriormente, e que queria o leilão do estádio para sanar as dívidas que se acumularam.
A decisão de vender o patrimônio para pagar dívidas não é algo condenável. Se há obrigações a serem pagas, o que restou de pé de uma empresa ou de um clube de futebol pode ser usado. Porém, é preciso saber se há viabilidade em continuar um clube com tamanha história em Campos. Se é possível criar fontes de receitas para mantê-lo em funcionamento.
O Coppam ‘quase’ unânime
O que foi decidido na reunião do dia 23 é que o Aryzão é relevante cultural e historicamente em Campos. A despeito de toda situação econômica do clube, o que o Coppam determinou é que cabe a proteção à uma construção na Rua do Gás onde tantos campistas viveram grandes momentos. O que o Coppam discutiu foi a necessidade de preservar uma história, uma página da cidade que ainda deve ser escrita e vista por novas gerações.
É bastante claro que há interesse econômico e especulação imobiliária quando se pretende leiloar uma grande área na região central da cidade. Substituir um estádio de futebol por um condomínio pode parecer lógico financeiramente, mas não atende ao interesse público. Basta olharmos estádios emblemáticos em outras cidades, que geram divisas, turismo e preservam a memória de uma sociedade.
Após diversas falas — de conselheiros do Coppam e de convidados — o órgão decidiu pelo tombamento do estádio do Goytacaz, ou seja, decidiu por sua proteção, que impede a demolição ou a descaracterização. Foram 11 votos favoráveis e uma abstenção, vinda do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG).
A abstenção vinda de uma instituição que se pretende ser de “pesquisa, memória, difusão do conhecimento sobre história e geografia e proteção de acervos históricos” é estranha, mas segue uma lógica anti-preservacionista em Campos, uma cidade que deixou tanto se perder.
Além da proteção ao estádio, a reunião mostrou que o Coppam pode e deve agir ouvindo a sociedade, e de forma também técnica, decidir. O interesse público deve ser a tônica, e a preservação de elementos culturais e históricos como o Aryzão, a regra. Exceções podem existir, mas sempre a confirmam.
No último dia 23, o Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam) decidiu pelo tombamento do estádio Ary de Oliveira e Souza (veja aqui), a casa do Goytacaz Futebol Clube, um dos clubes centenários de Campos.
Não foi uma reunião apenas de conselheiros do órgão. Pelo seu caráter público, as reuniões são abertas, e os visitantes, além de ouvir os votos e as discussões dos que possuem assento no Conselho, têm direito à fala. E assim ocorreu, com alguns torcedores do clube externando as memórias afetivas com o patrimônio material que estava em discussão.
O Coppam não tem o poder de impedir que o estádio seja vendido, ou determinar quais ações a diretoria do Goytacaz deve ou não colocar em prática. O órgão de preservação discute se um patrimônio — material ou imaterial — possui as características necessárias para receber uma proteção legal que impede, aqui sim, a descaracterização e a demolição.
O Aryzão — apelido pelo qual o estádio Ary de Oliveira e Souza é conhecido — foi a leilão há cerca de dois meses, com lance inicial determinado em mais de R$ 51 milhões. No segundo certame, pela metade do preço: quase R$ 26 milhões (veja aqui). Em nenhuma das oportunidades houve proposta de compradores interessados.
O clube mudou sua diretoria em movimentação recente (veja aqui), tendo alterado também a decisão de leiloar o estádio. O grupo que administra a agremiação atualmente não concorda com a venda, e se diz favorável à preservação. Não sem polêmica, a mudança da diretoria do Goytacaz ainda é contestada pelo grupo que comandava anteriormente, e que queria o leilão do estádio para sanar as dívidas que se acumularam.
A decisão de vender o patrimônio para pagar dívidas não é algo condenável. Se há obrigações a serem pagas, o que restou de pé de uma empresa ou de um clube de futebol pode ser usado. Porém, é preciso saber se há viabilidade em continuar um clube com tamanha história em Campos. Se é possível criar fontes de receitas para mantê-lo em funcionamento.
O Coppam ‘quase’ unânime
O que foi decidido na reunião do dia 23 é que o Aryzão é relevante cultural e historicamente em Campos. A despeito de toda situação econômica do clube, o que o Coppam determinou é que cabe a proteção à uma construção na Rua do Gás onde tantos campistas viveram grandes momentos. O que o Coppam discutiu foi a necessidade de preservar uma história, uma página da cidade que ainda deve ser escrita e vista por novas gerações.
É bastante claro que há interesse econômico e especulação imobiliária quando se pretende leiloar uma grande área na região central da cidade. Substituir um estádio de futebol por um condomínio pode parecer lógico financeiramente, mas não atende ao interesse público. Basta olharmos estádios emblemáticos em outras cidades, que geram divisas, turismo e preservam a memória de uma sociedade.
Após diversas falas — de conselheiros do Coppam e de convidados — o órgão decidiu pelo tombamento do estádio do Goytacaz, ou seja, decidiu por sua proteção, que impede a demolição ou a descaracterização. Foram 11 votos favoráveis e uma abstenção, vinda do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG).
A abstenção vinda de uma instituição que se pretende ser de “pesquisa, memória, difusão do conhecimento sobre história e geografia e proteção de acervos históricos” é estranha, mas segue uma lógica anti-preservacionista em Campos, uma cidade que deixou tanto se perder.
Além da proteção ao estádio, a reunião mostrou que o Coppam pode e deve agir ouvindo a sociedade, e de forma também técnica, decidir. O interesse público deve ser a tônica, e a preservação de elementos culturais e históricos como o Aryzão, a regra. Exceções podem existir, mas sempre a confirmam.
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