As promessas de Wladimir e da oposição
Edmundo Siqueira 21/07/2023 21:53 - Atualizado em 21/07/2023 22:09
Reprodução/PMCG
A democracia é antes de tudo uma promessa. Esse modo de viver em sociedade exige que acreditemos na promessa de bem estar social e que os governantes representem da melhor forma possível o interesse de todos — não se trata de atender os desejos da maioria, mas sim definir prioridades, dirimir desigualdades e dar voz aos excluídos.

A Constituição de 1988 é repleta de promessas, como “erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais” e “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, definidas já em seus primeiros artigos. Em Campos, as promessas do governante — e da oposição — podem ter peso determinante.

A eleição de 2024 em Campos se desenha para ter um caráter plebiscitário. Wladimir Garotinho se mantém como um prefeito bem avaliado, e com a persistência dos interesses mútuos que resultaram na chamada “pacificação”, o cenário eleitoral tende a ser protagonizado por Wladimir. Portanto, e caso se concretize, a população deverá decidir essencialmente entre a permanência ou não do governo.

Na última pesquisa divulgada pela Folha, feita pelo Instituto GPP entre 10 e 12 de março, Wladimir teve avaliação “ótima” ou “boa” por 55,5% dos campistas, enquanto 34,8% regular.  Outros 8,8% avaliaram como ruim (3,3%) ou péssima (5,5%). Nas intenções de voto o prefeito liderou com 50,4% (61,4% dos votos válidos).

Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.
A oposição e o primeiro turno


A força eleitoral da oposição irá depender de conjunturas: altas taxas de aprovação do Governo Federal pode levar ao impulsionamento de uma possível candidatura do PT em Campos (tudo indica que as convenções escolham o reitor do IFF, Jefferson Manhães, como candidato), o azedamento da pacificação levando algum Bacellar ao jogo, ou abrindo campo para outras possíveis candidaturas como a do deputado Thiago Rangel e o ex-prefeito Sérgio Mendes, ou algum tropeço sério do prefeito.  Mas, hoje, são apenas promessas.

Para Wladimir interessa mais a vitória em primeiro turno. Caso a disputa seja em dois, tudo pode acontecer. Claro que inclusive nada, como diria Marco Maciel, ex-governador de Pernambuco. A ida de um dos candidatos de oposição para o segundo turno pode significar que a cidade ficou satisfeita com a arrumação da casa por Wladimir, mas pensa em mudar o administrador.

Apesar de ser seu primeiro mandato no executivo, Wladimir é um político forjado nos bastidores, acompanhando seus pais em Campos e no Estado. E se mostra habilidoso politicamente e administrativamente, com excelente presença nas ruas. Manteve um ritmo de campanha com a máquina funcionando azeitada. Conjunção difícil de acontecer; uma olhada em suas redes sociais e isso se confirma.

As promessas de Wladimir e da Oposição

Para que o melhor dos cenários aconteça para Wladimir, a vitória no primeiro turno, o prefeito precisará manejar expectativas e usar o tempo a seu favor. Obras e ações de zeladoria — como o asfaltamento da área central e a pintura no cais da Lapa — devem estar prontas e conservadas em ano eleitoral, e as obras estruturantes — como transporte público, estradas e pontes — devem ser entregues parcialmente. Assim, as promessas de manter e concluir ficam factíveis ao eleitor.

Além das promessas factíveis, Wladimir tem o desafio de manter promessas de continuidade de governo. A revitalização do Centro Histórico, o restauro do Solar dos Airizes e do Colégio, o Novo Mercado, a alavancagem do turismo e do comércio, a continuidade da administração dos hospitais e a reformulação no ensino, como exemplos, podem servir para um acordo da população para que a vitória seja concedida no primeiro turno, decidindo o plebiscito favoravelmente ao governo.

Para a oposição, as promessas e expectativas devem superar as do governo. Em um governo bem avaliado, as promessas oposicionistas devem ser, ou parecer, melhores para o eleitor. Mostrar erros do governo sem apresentar promessas melhores, pode levar a desconfiança nesse cenário.

A democracia é feita de promessas. E cabe ao eleitor escolher em quais acreditar. Porém, é um sistema social e político que exige participação e cidadania — votar é apenas uma das formas delas acontecerem. E que fique claro: promessas, na democracia, devem ser cumpridas.
 

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