
O Museu Olavo Cardoso é uma casa. É, sim, um relevante equipamento cultural de Campos dos Goytacazes, mas é apenas uma casa na área central da cidade. Pertence à municipalidade por ter sido doada em testamento, assim que morresse seu último herdeiro, pelo usineiro que batiza a instituição museística.
A ideia de Olavo era que sua residência servisse como um local de preservação da memória e da história de Campos. Não conseguiu. Apesar de sua boa intenção, o museu-casa está abandonado há anos. No final de 2020, um caminhão baú levava boa parte do que havia sobrado no Olavo Cardoso, mas não era para restauro ou alguma exposição; criminosos furtavam a mobília, livros, quadros, peças de arte, objetos de decoração e itens históricos de alto valor.

Ontem, sábado (4), o Olavo Cardoso sofreu outra ação criminosa. Dessa vez os alvos foram as estruturas de ferro que compõem o entorno da casa, que ainda estão gradeando o belo jardim, e que o deixam visível para quem transita pela rua dos Goitacazes e pela avenida Sete de Setembro. Durante a tentativa, os golpes de marreta dos bandidos foram impedidos por uma equipe de policiais militares que faziam a ronda pelo local, impedindo que um novo furto acontecesse.
Campos tem uma longa — e trágica — história de descaso com seus patrimônios. Explicado por vários motivos, mas que destacam-se a vontade frustrada de ser capital do Estado do Rio de Janeiro, processos de modernização cafonas e superficiais, distanciamentos propositais da população campista de sua história e de suas origens rurais, ausência histórica de um projeto de educação patrimonial e problematização dos processos de exploração humana que construíram a cidade, e por uma característica usual dos personagens que sempre estiveram envolvidos com a questão cultural em Campos: a vaidade.
O antigo Cine Teatro Trianon, com suas galerias que lembravam o Municipal, do Rio, veio ao chão para que desse lugar à uma agência bancária. O prédio da antiga Santa Casa de Campos, na praça São Salvador, da Irmandade de Nossa Senhora Mãe dos Homens, com sua emblemática Roda dos Expostos, transformou-se em ruínas para que um estacionamento fosse instalado. O Hotel Flávio, também no centro, palco de importantes acontecimentos, foi consumido pelo fogo há pouco tempo. Tudo isso sob muitos olhares inertes e inexplicavelmente vaidosos.
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Hoje, ano 23 do século XXI, o Olavo Cardoso agoniza, totalmente abandonado, com ruína iminente. O Solar dos Airizes, importante construção de valor nacional, às margens da BR 356 (Campos x São João da Barra), apresenta a mesma situação. Ambos, de total responsabilidade da prefeitura. O primeiro por pertencimento, o segundo por decisão judicial com trânsito em julgado.

Em uma cidade que gasta 100 milhões de reais em um sambódromo que nunca foi usado devidamente — outra prova inequívoca de cópia sem razão de ser da capital —, e que outros bilhões já passaram pelos seus cofres, precisa repensar como cuidar de seu patrimônio histórico-cultural.
O que não é possível, é que continue assim.
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Edmundo Siqueira
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