Edmundo Siqueira
27/07/2022 20:42 - Atualizado em 27/07/2022 20:44
O melhor — e único — jeito de salvar um patrimônio histórico é lhe conferindo uso. E para isso, a sociedade deve ser ouvida, já que se trata de um bem de valor coletivo, e por isso muitas vezes protegido pelo tombamento.
Campos tem vários exemplos de patrimônios que estão em risco de ruína. Muitos deles já tratados por aqui, no blog e na Folha da Manhã. A casa que abriga o Museu Olavo Cardoso (MOC), localizada na avenida 7 de setembro e construída no final do século XIX, é um deles.
O MOC foi criado em 2006. O campista que batiza o museu-casa, foi um usineiro e filantropo. Olavo Cardoso conferiu uso ao patrimônio ainda em testamento. Pelo instrumento público, determinou que sua residência deveria ser destinada à conservação da memória e história de Campos dos Goytacazes, após a morte de seu último herdeiro. Assim nascia o Museu Olavo Cardoso.
Trata-se de um equipamento cultural no centro da cidade. Significativo e que pode conferir acessibilidade a visitantes de vários bairros da cidade. Cultura e educação, andando em conjunto, que são deveres do poder público. Porém, o restauro do MOC pode vir da própria sociedade.
Campos possui três instituições de ensino superior que oferecem curso de Arquitetura. E um sem número de empresas de material de construção. Uma parceria entre esses atores e a prefeitura pode resultar em devolver o Museu Olavo Cardoso para a cidade. Acredito ser possível.
A casa, com 12 cômodos, face de rua, com um belo jardim no seu entorno, encontra-se em estado de abandono. Uma intervenção ali pode ser feita com a expertise dos profissionais docentes dos cursos, que podem orientar seus alunos, numa espécie de oficina. Em troca de visibilidade e outros retornos intangíveis, empresas podem fornecer os materiais necessários. A prefeitura, detentora do Museu, pode abrir edital para os interessados.
Olavo Cardoso foi um filantropo. Filantropia significa “amor à humanidade”. Seguindo seu exemplo, esforços podem ser empreendidos para que o MOC volte a existir, de fato. E volte a cumprir os objetivos em sua certidão de nascimento testamental.
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O MOC está fechado desde 2014. Para completar, no final do ano passado, ele foi arrombado. Havia na casa-museu vários móveis e itens históricos, possivelmente levados pelos criminosos em um caminhão baú que teria parado na lateral da casa. O caso está sendo investigado pela 134ª Delegacia de Polícia Civil, que já tem informações sobre o furto, mas ainda não teve solução (aqui, aqui e aqui).