Primeiro jogo entre Brasil e Inglaterra teve gols de dois campistas, em 1956
Matheus Berriel 23/03/2024 11:23 - Atualizado em 23/03/2024 11:56
Seleção Brasileira no estádio de Wembley em 1956. Paulinho é o primeiro agachado, e Didi, o quarto
Seleção Brasileira no estádio de Wembley em 1956. Paulinho é o primeiro agachado, e Didi, o quarto / Foto: Reprodução/Old Football Photos
As seleções masculinas de futebol de Brasil e Inglaterra se enfrentam neste sábado (23), às 16h (de Brasília), pela 27ª vez na história. Será na Grande Londres, em amistoso que abre o atual período de Datas Fifa. O que pouca gente sabe — ou ao menos lembra — é que o primeiro encontro de brasileiros e ingleses teve dois campistas em campo, ambos balançando a rede, há 68 anos. Ali, Paulinho Almeida e Didi deixavam os seus nomes marcados na história de um confronto envolvendo dois países que revolucionaram o futebol.
O fato ocorreu no dia 9 de maio de 1956, no mítico estádio de Wembley, que, embora tenha sido demolido em 2003, ficava no mesmo local e emprestou seu nome ao palco do amistoso deste sábado. Naquela ocasião, a Seleção Brasileira fechava a sua primeira excursão à Europa para amistosos.
— A excursão ocorreu em abril e maio, e constou de sete jogos, com três vitórias, dois empates e duas derrotas — recorda o jornalista campista Péris Ribeiro, na época um pré-adolescente de 11 anos. 
Então estudante do Liceu de Humanidades de Campos, Péris Ribeiro deixou a escola apressado e pegou dois bondes para chegar à casa a tempo de ouvir Inglaterra x Brasil. Num tempo em que o rádio dominava a audiência em eventos esportivos, a emissora Continental, do Rio de Janeiro, enviou o narrador Waldir Amaral a Londres para transmitir a partida. Foi por intermédio da voz de Waldir que Péris acompanhou o que acontecia em Wembley.
Desde o dia 8 de abril, o Brasil já havia vencido Portugal, empatado com a Suíça, superado a Áustria, ficado na igualdade com a Thecoslováquia, perdido para a Itália e derrotado a Turquia, respectivamente. Diante dos ingleses, um revés brasileiro já estava desenhado desde os seis minutos de jogo, pois Tommy Taylor abriu o placar aos três, e Colin Grainger ampliou logo em seguida. Acontece que o escrete canarinho tinha nomes de respeito, como Gilmar, Djalma Santos, Pavão, Nilton Santos, Dequinha, Paulinho Almeida e, especialmente, o seu camisa 10: Didi.
Apesar do início ruim, o Brasil reagiu no início do segundo tempo. E a reação foi protagonizada por dois jogadores nascidos na mesma cidade, começando por Paulinho Almeida. Ainda com 22 anos, o jovem atacante campista tinha no currículo os feitos de ter dado ao Flamengo o bicampeonato carioca em 1954, fazendo o gol do título contra o Vasco, e de ter sido o artilheiro na campanha do tri de 1955. No amistoso em Londres, Paulinho anotou o seu único gol pela Seleção Brasileira, descontando aos oito minutos da etapa complementar. Apenas dois minutos se passaram até Didi, outro campista, fazer 2 a 2. Então atleta do Fluminense, o meia já ostentava um futebol que, dois anos mais tarde, lhe daria o prêmio de melhor jogador da Copa do Mundo de 1958, a primeira vencida pelo Brasil.
Voltando a Wembley, pouco adiantaram os gols de Paulinho e Didi. Jogando em casa, os ingleses acabaram vencendo por 4 a 2. John Atyeo e Roger Byrne ainda desperdiçaram dois pênaltis — um deles cometido por Didi, mas ambos defendidos por Gilmar — antes de Tommy Taylor e Colin Grainger marcarem mais uma vez, cada. Ainda assim, tratou-se de um jogo histórico para o futebol brasileiro.
Em junho de 1957 — portanto, pouco mais de um ano depois —, dois jogadores campistas voltaram a balançar a rede pela Seleção em um só jogo. Novamente, Didi foi um deles, dessa vez contando com o auxílio do ponta-esquerta Tite, do Santos, para garantir a vitória por 2 a 1 sobre Portugal. Ocorrido no Maracanã, o confronto teve caráter amistoso e fez parte da programação pela visita do então presidente português, Francisco Craveiro Lopes, ao Brasil.

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