Wladimir Garotinho: 'Rodrigo não tem voto'
Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel - Atualizado em 23/03/2024 09:36
Wladimir no Folha no Ar
Wladimir no Folha no Ar / Folha da Manhã/Arquivo
“Rodrigo não tem voto! Se ele tivesse voto, ele não estava querendo arrumar cinco, seis candidatos para disputar eleição; ele botava o irmão dele para disputar comigo”. A declaração foi dada pelo prefeito de Campos e pré-candidato à reeleição, Wladimir Garotinho (PL), durante sua participação no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM, nessa sexta-feira (22), em relação à força política do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em sua cidade natal. Na entrevista, Wladimir também questionou a pré-candidatura da delegada Madeleine Dykeman pelo União Brasil, lançada por Bacellar no último dia 14, mesmo dia em que o deputado assumiu a presidência do partido. Para o prefeito, política não deve se misturar com polícia e seria um risco de carreira para ela e para o processo eleitoral. Além de política e cenário eleitoral, o prefeito destacou avanços do governo e anunciou que a construção do Parque Ecológico Municipal será iniciada em maio deste ano, na avenida Arthur Bernardes. A Folha da Manhã abriu espaço para Rodrigo Bacellar, Madeleine, Bruno Vianna, Marquinhos Bacellar, Marcos Bacellar e Cristiano Dykeman, que ainda não se pronunciaram.
Nominatas — Não tem dificuldade. Nós vamos ter sete nominatas de vereador fortes no nosso grupo. Estamos falando de 186 candidatos. Na nossa conta, vamos eleger 18 ou 19 vereadores. Política não é matemática, mas eleição é. Acho que as outras seis cadeiras ficam na disputa dos Bacellar; Thiago Rangel deve lançar uma nominata para tentar eleger a filha; PT pode tentar eleger um. Sobram seis cadeiras, talvez sete, para a disputa dos outros partidos. Acho que a Natália (Soares, do Psol) vai ser muito bem votada, mas a dificuldade é conseguir montar nominata. Acho que a esquerda em Campos, de uma forma geral, sempre teve um limite de votos. E nesse campo do Psol, que é uma esquerda um pouco mais à esquerda, menor ainda. Acho ela uma boa pessoa. Dentro do campo em que ela milita, milita muito bem. Natália tem o meu respeito. O PT eu acho que pode voltar a fazer vereador. Já não faz desde 2012. O último eleito direto foi Marcão. Acho que o PT tem total condição, até porque tem o presidente da República, vai ter voto de legenda. E as outras vagas estão ali no grupo dos Bacellar, que, para mim, tem a situação mais delicada hoje. Eles têm nove vereadores, e eu não consigo enxergar três chapas fortes, porque a ideia deles é 3-3-3: três vereadores em cada chapa. Mas, pelo que a gente conhece de política, das pessoas envolvidas, de pessoas já testadas na urna, eles vão ter dificuldade. Acho que, no final, podem acabar juntando nove vereadores em duas chapas. O que eu ouço também, mas acho que não vai acontecer, é uma forçação para que Thiago Rangel junte a chapa dele à dos Bacellar, para, aí sim, fazer três chapas fortes. Porém, o grupo que está na chapa do Thiago não aceita isso, e o próprio Thiago tem receio de fazer, porque ele quer eleger a filha. Com certeza, nós faremos 18, brigando pela 19ª cadeira na Câmara.

Grupo Bacellar para 2024 — Ninguém em sã consciência que quer disputar uma eleição para ganhar pode entrar lá. O que a gente ouve na rua é que estão fazendo canto da sereia para que pessoas entrem na nominata para fazer escada a nove vereadores. E depois de outubro, qual é o projeto? Na máquina você tem projeto. O governo é bem avaliado. As pesquisas mostram, possivelmente, que a eleição pode ser decidida em primeiro turno. Estando na nominata da máquina, se não ganhar a eleição de vereador, vai estar na máquina por quatro anos, junto do governo. Política se faz assim: construindo. É diferente da situação de Rafael, que tinha um governo muito mal avaliado. No caso de Rafael, os cabos eleitorais do governo e os secretários não ficaram na chapa de Rafael, vários deles ficaram na chapa de Rodrigo. Cada momento histórico é um momento histórico. Naquela eleição, você tinha a família Garotinho com muita rejeição, saímos mal da máquina; você tinha Caio Vianna como uma aposta; e você tinha Rafael muito mal no governo. Então, as pessoas acreditavam que Bruno Calil pudesse ir para o segundo turno, até porque não acreditavam que eu era candidato. Rodrigo falou isso para mim: “Você não é candidato”. Eu disse que ia ser. Ele disse: “Você não vai largar o seu mandato (de deputado) para entrar numa furada dessa”. Na época, eu tentei o entendimento. Não acreditavam que eu fosse. E aí, achavam que ia dar Bruno Calil e Caio no segundo turno. No final, eu vim candidato. Mesmo assim, as pessoas achavam que Bruno tinha chance real de ir para o segundo turno. Nesta eleição, diferentemente da outra, a máquina está bem avaliada. As pesquisas de intenção de voto mostram que a gente pode vencer a eleição no primeiro turno. Isso pode mudar. A eleição não é hoje, a política é dinâmica. Mas, é o que se mostra. Na política a gente tem que ter voto. O capital do político é o voto. Eu não vou entrar em canto da sereia como a oposição está fazendo por aí, encantadores de serpente para um projeto até outubro. Vamos montar as nossas chapas e vamos eleger a nossa bancada.

Pré-candidaturas de oposição — Na minha opinião, na opinião dos juristas e na opinião de duas consultas feitas recentemente aos tribunais — no TRE e no TSE —, Carla (Machado) não pode ser candidata, pela tese do prefeito itinerante, que não mudou e não vai mudar só por causa de Campos. Então, na minha opinião, Carla não está na disputa. Conhecendo Jefferson (Manhães), e eu gosto muito dele como pessoa, eu acho que ele não vai se sujeitar a ser trocado na última hora. Jefferson é uma pessoa de construção coletiva. É uma pessoa de quem eu gosto e respeito muito. E se Carla vier candidata com todo mundo sabendo que ela não pode ser, que ela vai ser trocada, acho que fica até feio para ela, sabendo que não pode, entrar numa disputa para ser trocada. Helinho Anomal, eu ouvi recentemente, não tinha sido ventilado o nome dele antes. Acho, então, que o candidato (do PT) é Jefferson. É um professor, um estudioso. É uma missão partidária que está sendo dada a ele, uma questão de tentativa de reestruturação do PT a nível nacional. Mas há o risco de ele fazer uma votação pequena e atrapalhar o futuro que ele podia ter no Legislativo. E essa vontade eu sei que ele tem. Clodomir (Crespo), Magal, Sérgio Mendes são vias alternativas que o grupo de Bacellar está arrumando para me bater na eleição, para tentar me desconstruir, para tentar criar rejeição. Sejam bem-vindos! Chances eleitorais irrisórias, mas são candidatos dentro de uma estratégia para me atacar. (Alexandre) Buchaul é um nome que apareceu agora, do Partido Novo, que nunca teve candidatura posta em Campos, vai também tentar uma construção partidária. É uma pessoa também que eu respeito, me apoiou no segundo turno da eleição a prefeito. O Novo está se montando no interior do Rio, tanto que tem o Danilo em São João da Barra e tem o Buchaul em Campos. Nós vamos agora para a novidade, que é a Madeleine, lançada por Rodrigo (Bacellar) recentemente como a candidata dele. Eu não vi Cláudio Castro anunciar, eu vi Rodrigo. Então, para mim, é a candidata dele. Até Castro dizer que é a candidata dele, eu vou acreditar que ele não vai se envolver na eleição em Campos, como ele havia combinado comigo. Se ele se envolver na eleição em Campos contra mim, vai ser uma decepção, porque eu, inclusive, enfrentei a minha família para ficar do lado dele por gratidão, porque ele me ajudou. A minha família brigou comigo, porque eu bati o pé que eu ia apoiar Cláudio Castro. Nós estamos com inúmeros problemas em Campos por conta de compromissos que o Estado não vem cumprindo adequadamente, mas eu não estou aqui atacando o governador. Estou trabalhando para tentar resolver, até às vezes antecipando pagamentos a instituições de saúde quando o Governo do Estado não paga. Se ele resolver tomar partido contra mim, eu também não devo mais lealdade a ele. Eu cumpri o meu compromisso, o apoiei para governador. Ele fez 78% dos votos na cidade. Eu espero que o governador cumpra comigo também e, no máximo, não apoie o candidato declaradamente. Sobre Madeleine (Dykeman), é uma pessoa que eu conheço há muito tempo, desde a adolescência. Não tenho nada para falar da pessoa dela. Mas, eu acho um risco muito grande para ela a candidatura. Primeiro, porque ela é delegada da Polícia Civil, tem uma carreira. Diferentemente das outras corporações, onde você é reformado, ela continua delegada após a eleição. Segundo, e aí é uma preocupação que vai ser colocada tanto agora quanto no período eleitoral, a Polícia Civil, da qual ela é membro e o marido dela também, participa ativamente do processo eleitoral, junto à Justiça Eleitoral. Como é que vai ser isso? Não estou dizendo que vai acontecer nada, mas a gente fica preocupado. Terceiro, com todo respeito, a quem ela se aliou? Ela é candidata de Rodrigo. Ela é uma delegada que tem a sua carreira baseada na defesa das mulheres. E ela se aliou a um grupo que ataca mulheres. Ela tem que explicar isso. Só isso que eu acho dela. Me dou muito bem com ela, minha esposa se dá muito bem com ela. Agora, minha esposa, por exemplo, foi atacada por Rodrigo. Publicamente. Minha mãe foi ofendida por seu Marco (Bacellar). Desculpe pelo termo, mas minha mãe foi chamada de vaca vadia publicamente. E Madeleine agora, sendo uma delegada que tem a sua carreira baseada na defesa das mulheres, se aliou a esse pessoal. Então, ela vai ter que se defender disso, porque isso vai ser posto, não só por mim, mas por todos. Eu ouço isso de todo mundo. Inclusive, no caso da minha mãe, ela foi prestar depoimento na Deam a Madeleine. E qual foi o desfecho até hoje? Nenhum. E para encerrar, é muito perigoso a gente misturar as estações. Vou dar aqui um exemplo claro: antes de Frederico Paes aceitar ser o meu vice, eu convidei o Geraldão (Geraldo Rangel), delegado, numa composição com Gil Vianna. Geraldão é meu amigo, pessoa por quem eu tenho muito respeito. É uma pessoa correta, de bem. Geraldão pediu um tempo para poder pensar e voltou com a seguinte resposta: “Wladimir, não vou poder. Eu consultei meus parceiros aqui de corporação. Não é prudente misturar política com polícia. Se eu quiser entrar no processo político, eu tenho que sair da Polícia Civil, porque, no histórico, o policial que se envolveu com política deu ruim ao longo da história”. Vou citar dois exemplos. Alan Turnowski, chefe de Polícia Civil de Cláudio Castro, chegou a ser preso. Se ele tem culpa ou não tem culpa, eu não estou dizendo isso. Mas, por conta da política interna da Polícia Civil, porque também se faz política de corporação, queimaram e prenderam o cara. É ruim para a corporação, porque o cara virou um policial político. Vou dar outro exemplo mais antigo: Álvaro Lins foi chefe de Polícia Civil, virou o deputado mais votado da cidade do Rio e depois foi preso. Hoje, para quem não sabe, o crime de Álvaro prescreveu. Ele vai ser reintegrado à Polícia Civil como delegado classe A. Mas, misturou política com polícia.

E Martha Rocha? — Martha tem um estilo. Ela ainda é delegada ou ela deixou de ser delegada? Martha deixou de ser policial, virou política. Então, Madeleine quer seguir carreira política? Deixa a Polícia Civil e vem ser política. Eu fico preocupado com essa mistura. É ruim, isso é muito ruim. E a gente vai disputar uma eleição contra uma delegada que o marido (Cristiano Dykeman) continua dentro da Polícia Civil. Inclusive, para quem não sabe, o marido dela foi da segurança de Rafael Diniz nos quatro anos. Então, tem um dedinho de Rafael por trás ali também na candidatura. Eu vou disputar uma eleição contra uma delegada, que tem uma carreira, e que o marido dela continua dentro da Polícia Civil. Não tem jeito, eleição é feita de confrontação de ideias. Aí, na confrontação de ideias, o marido vai ficar chateado. O que é que vai acontecer dentro da Polícia Civil durante o processo eleitoral? Não estou dizendo que ele vai fazer, mas é uma preocupação que a gente tem que levantar.

Rodrigo Bacellar a governador — Vou repetir o que eu disse: o capital do político é o voto. Rodrigo não tem voto. Todo mundo diz que Rodrigo é o homem mais poderoso do Estado. Em Campos, o meu candidato dobrou ele de voto. Ele sendo o homem mais poderoso do estado, controlando o Ceperj aqui em Campos. Rodrigo não tem voto! Se ele tivesse voto, ele não estava querendo arrumar cinco, seis candidatos para disputar eleição; ele botava o irmão dele, que é o presidente da Câmara, para disputar comigo. Bota para disputar, Rodrigo! Qual é o problema? Então, eu não tenho preocupação eleitoral com o Rodrigo, nem tenho preocupação se ele vai ser governador ou não, porque eu não estou disputando eleição de governador, estou disputando eleição de prefeito de Campos. Se ele tivesse tanto voto assim na cidade dele, ele botava o irmão candidato a prefeito. Bota para disputar, não fica tentando inventar candidato. Foi igual na eleição passada: tentou seis nomes e, só na última hora, lançou Bruno Calil. Agora, nesta eleição, a mesma coisa: está tentando um monte de nome e está tentando pulverizar. Os momentos históricos são diferentes. Uma coisa é ter uma candidatura de apoio. Rodrigo quer lançar cinco, seis candidatos. Não é para ver quem decola. A intenção é colocar para me dar pancada, tentar aumentar a minha rejeição e tentar levar uma eleição para o segundo turno pulverizando. Essa é a estratégia dele. Acho até que Marquinho pode ser o vereador mais votado de Campos, mas não tem envergadura. Tanto que Rodrigo não quer colocar o irmão para ser candidato a prefeito. E repito: o capital do político é o voto. Então, se Rodrigo tem toda essa força política no estado, como realmente hoje tem, na cidade dele ele carece de voto.

Força nacional? — Uma pessoa importante que estava no evento de filiação, presidente de um partido, me disse: “Wladimir, do que adianta ele trazer Ronaldo Caiado ao Rio de Janeiro? O que Ronaldo Caiado interfere no Rio? Nada”. Do que adianta ele trazer ACM Neto, da Bahia, ao Rio? Rodrigo é candidato a presidente da República? Rodrigo hoje é candidato a quê? Hoje, ele pode assumir o mandato em caso de afastamento do governador e do vice. Ele é o presidente da Assembleia, e só é presidente da Assembleia porque o governador interviu. Ele ia perder aquela eleição. Inclusive, eu liguei para Rodrigo, de vídeo, e falei: “Rodrigo, ganhando ou perdendo, o voto de Bruno (Dauaire) vai ser em você”. E Bruno votou nele. Mas ele ia perder aquela eleição se Cláudio (Castro) não interferisse. Cláudio ia viajar para Portugal. Ele desmarcou a viagem e foi para dentro do Palácio, chamou todos os deputados, refez o desenho do governo todo para Rodrigo ganhar aquela eleição. Quem seria o presidente de hoje seria Jair Bittencourt. Tinha voto, eu via a computação de voto. Jair me ligou, eu sou amigo de Jair. Falei: “Jair, eu não posso. Eu tenho um compromisso. Eu dei a palavra ao governador e a Rodrigo de que o voto de Bruno era neles”. André Ceciliano me ligou na época, e eu falei: “Eu não posso”. Ele ganhou porque o governador interferiu.
Fim da pacificação — Nós fizemos um entendimento político na cidade que não foi rompido por mim. Eu não falo com o Rodrigo desde julho do ano passado, por opção dele, que não atende o telefone, não retorna ligação, não retorna mensagem. Também já desisti de procurar, até porque as atitudes do grupo político dele na cidade são de rompimento. Eles agora resolveram lançar cinco, seis, quatro, três candidatos. Que lancem! Não tenho problema de disputar eleição com ninguém. Eleição a gente vai para o debate. Vamos mostrar proposta, mostrar a realização, mostrar o antes e depois, como encaramos a cidade, como a cidade está hoje, como ela está organizada, o que podemos melhorar. Vamos para o debate! Está tudo bem. De estratégia, de política e comunicação, a gente conhece. Ele lança cinco, seis candidatos, e eles perdem, ele quer dizer que não foi ele quem perdeu. Então, lança o irmão! É simples! Mas, se ele perde com o irmão, foi ele quem perdeu.

Cassação de vereadores — A gente tem que entender que foram seis vereadores cassados, mas por motivos diferentes. Apesar de todos estarem enquadrados na fraude à cota de gênero, são três partidos, cada um com dois vereadores, e cada um tem o seu motivo. No PSC, Pastor Marcos Elias e Maicon Cruz, à época. Duas mulheres; uma teve seis votos e a outra, sete votos. Foi presumido que elas teriam sido candidatas laranjas. Desculpa, mas a alegação é muito fraca para cassar dois vereadores. Foi presumido. E olha que eu estou falando de um dos vereadores de oposição mais combativos a mim. Decisão judicial se cumpre. O que eu estou dizendo é o que eu li dentro do processo. Outro caso é o do DEM, dos vereadores Marcione e Rogério Matoso, também um da situação e um da oposição. Ali, foi um erro do partido, não dos vereadores. O partido não fez o cálculo correto e faltou uma mulher para completar 30%. Então, dois vereadores estão sendo afastados porque é um critério objetivo. Agora, o caso do PSL é grave e também tem um da situação e um da oposição. Para quem lê o processo, e eu li, ali houve fraude. Três mulheres receberam dinheiro do fundo eleitoral para fazer campanha para um vereador. Tem foto, tem vídeo. Bruno Vianna! Não estou falando só porque é de oposição, está no processo. Três mulheres do PSL receberam dinheiro, foram candidatas e fizeram campanha para um vereador. Isso é crime! Nildo Cardoso entrou de gaiato na história, porque assumiu um partido e, como presidente, assinou o DRAP (Demonstrativo de Regularidade de Ato Partidário). A fraude não foi cometida por Nildo, mas ele era o presidente do partido. Mas, ali, sim, houve uma fraude. Dos seis vereadores afastados, na minha visão e na dos advogados que me acompanham, teve um que cometeu ato ilegal. E aconteceu uma coisa inusitada. A decisão cassou e afastou, mas deixou todos elegíveis. É difícil ver isso acontecer, mas todos eles vão poder disputar a eleição, justificar para o seu eleitor e ter a oportunidade de voltar para a Câmara. Apesar do afastamento, eu acho que eles ganharam um presente. O normal nesses casos é a inelegibilidade. Aí você vê a que nível chegou a política em Campos: seis vereadores afastados por fraude à cota feminina e assumem seis homens, não assume mulher nenhuma. Você vê o absurdo que a gente vive na cidade. Campos é uma cidade em que as mulheres têm história. Estou trabalhando muito para eleger mulher vereadora na próxima eleição.

Câmara após cassação — Mudando a composição da Câmara, se muda um pouco a correlação de forças. A gente espera ter uma boa relação com os que vão entrar. Se a gente for pela lógica do que se tem hoje, nós perdemos três e ganhamos quatro. Dos seis que entram, quatro, hoje, estão alinhados com o governo. Então, a gente ganha mais um. Nós temos Álvaro César, subsecretário (de Agricultura); o Fabinho Almeida, nomeado na secretaria de Governo; André Oliveira, que é diretor técnico da secretaria de Meio Ambiente; e temos o Beto Abençoado, que está numa aliança política com o secretário e vereador Fábio Ribeiro. Agora, tem que ver se o Beto vai ser candidato ou não, mas ele estava num alinhamento com o nosso grupo para apoiar a minha reeleição e o vereador Fábio Ribeiro. Com Jorginho Virgílio, a gente conversou antes desse fato. Política é feita de diálogo. Vou ligar para dar os parabéns por ele assumir e chamar para conversar. Com Tony, não tenho contato. Não tenho nada contra, não posso falar dele. Só que ele é ligado ao grupo do ex-prefeito Rafael. A raiz dele hoje está com Rafael ainda, porque Rafael também está com os Bacellar. Algumas pessoas até me falaram: “Quer que eu leve o Tony para conversar com você?”. Eu falei que se ele quiser conversar, vai ser sempre bom conversar, dialogar, não tem problema nenhum.

Atritos com o pai — O que aconteceu, de fato, com o PL? Eu já vinha conversando com o Altineu há bastante tempo. No ano passado, teve uma reunião da Executiva Nacional, em que todos os membros do PL estavam, e foi deliberado o apoio a mim em Campos, por unanimidade. Quem me ligou para dizer isso foi Cláudio Castro, que estava na reunião. Então, para mim, o PL estava resolvido desde o início do ano passado. Com o passar do tempo, o PL, no Rio, faz uma aliança com o União Brasil, Rodrigo e Altineu Côrtes, depois de eles terem brigado. Vocês lembram que teve uma briga pública por conta da presidência da Alerj, depois eles se repactuaram e fizeram uma aliança a nível estadual de apoios mútuos do União com o PL nos principais municípios. E eu comecei a questionar. Fiz carreata e comício para Bolsonaro em Campos. Eu não vi Rodrigo no palanque nem na carreata. Ele foi convidado por mim e disse que viria, mas não veio. E eu comecei a questionar isso nacionalmente, não a nível estadual, porque eu sabia que não ia furar a aliança estadual. No segundo turno, eu votei e me coloquei ao lado de Bolsonaro. Flávio é muito grato a mim por isso. E eu comecei: “Flávio, eu tinha um apoio incondicional por uma construção política. De repente, mudam o acordo no Rio e me tiram para fazer aliança com uma pessoa em Campos, no caso, que nem na carreata e no comício estava. Eu comecei a questionar, e o tempo foi passando. Meu pai fez um movimento, através de Eduardo Bolsonaro, para falar com o Jair. Via Eduardo, ele falou com o Jair para cobrar o apoio em Campos pelo apoio que a gente tinha dado a ele aqui. O Jair terceirizou isso para o Flávio, que, então, me chama em Brasília. “Estou te devendo uma emenda ao município de Campos”, deu R$ 5,5 milhões para compra de equipamentos para os hospitais, “e precisamos conversar sobre partido. Em Brasília, conversamos. Expus toda a situação, e ele falou: “Meu pai pediu pra eu conversar com você. É mais do que justo que o PL te apoie em Campos. Nós, em Campos, vamos com você. A decisão é minha. Meu pai me delegou isso”. Eu falei: “Posso te mandar os nomes e você publica?”. “Não, vamos gravar um vídeo agora”. E aí, ele me fez um único pedido: “Seu pai tinha dito que queria ser presidente do diretório em Campos. Não pode ser seu pai”. Eu falei: “Vai me criar outro problema, mas eu vou matar no peito”. “Não pode ser seu pai por conta de Cláudio Castro”. Não era por causa de Rodrigo. “Cláudio é governador do PL, e o seu pai tem alguns problemas com Cláudio. O acordo não está sendo feito com Anthony, está sendo feito com Wladimir. Apesar de Cláudio ter um acordo com o Rodrigo, com você ele não tem problema. Ele tem com o seu pai. Então, não pode ser seu pai”. Eu falei: “Está bom, Flávio”. Mas acho até que, para o tamanho que o meu pai tem, já foi candidato a presidente, não justifica ele ser presidente de um partido em Campos. Achei, sinceramente, que meu pai tivesse um convencimento mais tranquilo em relação a isso. Mas, ele não teve. Isso já está superado, passou. E por que eu coloquei Ferrugem naquele momento? Primeiro, porque Ferrugem é meu chefe de gabinete, uma pessoa em quem confio; segundo, porque ele é afilhado do meu pai. Eu achei que colocando Ferrugem, que foi chefe de gabinete de Clarissa enquanto deputada, hoje é meu chefe de gabinete e é afilhado do meu pai, eu iria conseguir contornar a situação mais facilmente. Nem assim, naquela época, foi fácil. Meu pai ficou muito irritado. Enfim, o desgaste passou.

Pré-candidatura de Garotinho — Eu acho que ele tomou uma decisão acertada de ser candidato a vereador no Rio. Ele é um nome nacional. É um nome que, para mim, vai disputar para ser o mais votado da capital. Quando ele foi candidato a deputado federal, ele fez quase 190 mil votos na capital. Ele volta para o cenário político estadual, porque ser vereador na capital é muito grande. Em qualquer pesquisa séria que você fizer a nível estadual, o Garotinho vai bater 10 pontos. Ele tem o eleitor dele. Tem no interior, Região Serrana, Baixada, Zona Oeste do Rio... Ele tem uma rejeição na capital, na Região Metropolitana, talvez. Mas, ele tem uma história, tem uma trajetória brilhante. Entre erros e acertos, ele é um vitorioso. Produziu muita coisa, ajudou muita gente, muitas cidades. Quem criou a política pública de verdade de proteção social no estado do Rio foi o governo Garotinho. Ele tem um legado de obras por todo o estado. Washington Reis fala isso comigo: “Eu chamo seu pai para caminhar comigo no calçadão de Caxias, e seu pai parece artista da Globo”. Então, acho que ele, se não for o mais votado, vai ficar entre os mais votados.

Pendência jurídica de Garotinho — Acho que vai resolver. Só tem essa pendência porque o advogado perdeu prazo. Mas por que perdeu prazo? E aí tem discussão. Porque era feriado no Rio de Janeiro, de São Sebastião, e não era feriado em Brasília. O advogado esqueceu de juntar no processo que era feriado no Rio. Então, há discussão quanto à defesa. Por isso a gente acha que o caso será resolvido.

Legado político — Meu pai tem a trajetória dele construída, eu tenho a minha trajetória sendo construída e não tenho vergonha do meu sobrenome. Sempre que eu disputar eleição, vou disputar com o sobrenome Garotinho. Meu pai abriu a estrada, pavimentou o caminho. Rosinha tirou em 2008, como Clarissa agora tirou para senadora e perdeu no interior todo, só ganhou em Campos, São João da Barra e Cardoso. Eu não vou tirar. Eu tenho orgulho do que meus pais construíram. Erraram em muita coisa? Eu, como filho e como pessoa que militava ali no entorno, vi alguns erros e procuro não cometê-los. Prefiro aperfeiçoar o que deu certo. O que eu acho que não tem que ser feito, eu não faço. Por isso, às vezes, alguns embates. Nós temos questões geracionais envolvidas, de métodos. Mas, jamais vou desonrar os meus pais, jamais vou desonrar a minha família, jamais vou expor a situações que eu considere que não deva. Fico chateado como filho, muitas vezes, em ser exposto. Mas, é temperamento de cada um. Eu prefiro tentar resolver, mesmo com briga, internamente, porque eu acho que família se resolve internamente. Mas, meu pai é de um temperamento diferente. É o jeito dele, é assim a vida inteira. Eu amo a minha família, só que são quatro políticos da mesma família. Às vezes, pensando diferente, não é fácil conciliar isso. Mas, enfim, vamos seguir em frente. Esse assunto (dos atritos em família) está superado.

Caio Vianna — É uma pessoa com quem eu tenho relação desde que sou criança. Nossos pais foram aliados há muito tempo, se desentenderam, foram ferrenhos adversários. E eu e o Caio estamos tentando reconstruir uma relação histórica que nossos pais não conseguiram reconstruir. Temos conversas boas, avançadas, a nível nacional, partidário. Inclusive, eu fui do PSD, Caio está lá hoje. Conheço as lideranças nacionais. Eu me elegi prefeito pelo PSD. Temos pessoas a nível nacional que são amigas em comum e estão nos ajudando nessa construção. Não posso afirmar nada, mas acho que Caio deve me apoiar. Pelo que eu conheço do PSD a nível nacional, na sua cidade, quem manda é o deputado federal. Era assim comigo e com os outros deputados. Caio é deputado, tem cumprido as missões que o partido dá a ele, vota. Não estou dizendo que não possa acontecer (de não apoiar se Eduardo Paes não quiser), estou dizendo que é como eu conheço o PSD. O que Rodrigo (Bacellar) está oferecendo a Eduardo é uma coisa que não vai acontecer. Pedro Paulo não se filiará ao União Brasil. E mesmo que Eduardo tenha que abrir a vice para algum partido, a prioridade é do PT. Eu acho muito pouco provável que essa composição União Brasil e PSD aconteça na capital. Então, tem muita coisa para acontecer.

Respostas contundentes — Nós estamos num período pré-eleitoral. As coisas precisam ser debatidas e confrontadas. Repito, eu não ofendi ninguém aqui, não falei exagero nenhum. Eu falei o que eu acho. Nós já estamos em ano eleitoral, já estamos no debate. O debate eleitoral já começou, porque os pré-candidatos estão postos. Até lá, alguém pode desistir, pode aparecer outro, mas o debate está posto. E a militância política, que os dois lados têm, precisa de informação. Como é que você massifica a informação? Falando. Em oportunidade como essa, através da rede social, através das reuniões, você massifica a informação e o discurso político.


LOA — Acho que a LOA é um assunto que foi bastante discutido, teve muita repercussão. A sociedade se mobilizou, foi importante naquele momento. Mesmo o assunto já tendo sido superado, é importante lembrar as lições que deixou. Uma coisa é disputa política, outra coisa é inviabilizar a cidade. E era o que o grupo de oposição naquele momento estava fazendo, porque não havia problema técnico, como eles alegavam. Era apenas uma questão de inviabilizar o governo em ano eleitoral, mas com consequências gravíssimas para a cidade, como paralisação de serviços públicos, não pagamento a servidores, não pagamento a entidades e instituições, a ponto de o Ministério Público meio que enquadrar a Câmara. A doutora Anik (Rebello, promotora de Tutela Coletiva da Infância e Juventude) e a doutora Maristela (Naurath, promotora de Tutela Coletiva) e também a doutora Patrícia (Monteiro Alves Moreira, promotora), que deu parecer do Ministério Público, para que se colocasse em pauta. Das cinco promotorias, três estavam ali imbuídas no espírito de que se colocasse em votação, porque não havia problema. Inclusive, estava-se descumprindo o regimento interno da Câmara. Então, foi votada com atraso. Isso atrasou um pouco também o planejamento do governo para algumas ações que estavam em curso, mas conseguimos superar esse momento.

CPI da Educação — A CPI da Educação é basicamente eleitoreira. O que ela produziu até agora? Só um vídeo de três vereadores de colete. Foram para lá, olharam os documentos e não levaram nada. Eu tenho confiança no trabalho do professor Marcelo (Feres), na equipe que está lá. Nossa rede de educação evoluiu muito. Nós começamos com 53 mil alunos, já estamos batendo 60 mil. É muita gente, é muita criança, é muita responsabilidade. A procura aumentou porque a qualidade das escolas está melhorando, a qualidade dos materiais está melhorando, a qualidade da merenda melhorou. Então, é uma CPI para dar palanque político a uma oposição que não tem o que mostrar e quer atacar. Se abriu uma CPI e estão dizendo aí que vão abrir outra. Podem abrir, não tem nada para esconder. Os vereadores (que contestaram a CPI) foram à Justiça porque não se respeitou o regimento da Câmara. A questão é regimental, não é contra a CPI. Existe uma fila de pedidos de CPI, e o presidente simplesmente arquivou os pedidos e não deu direito, que é regimental, ao autor do pedido de recorrer em plenário. Então, o problema não é essa CPI. Se quer investigar, quer falar, cumpra-se o regimento da Câmara. Para mim, é uma CPI para fazer barulho.

Falta de ar-condicionado no Colégio Pequeno Jornaleiro — A Enel não liga, não reforça o padrão. É um absurdo! Eu não consigo ter boa relação com a Enel. Tem escola que está pronta há seis meses e eu não consigo inaugurar a escola porque a Enel não reforça o padrão de luz. Eu não consigo instalar ar-condicionado em escolas, e a Prefeitura já está pedindo há um ano. Nós estamos com todos os aparelhos de ar condicionado comprados para as escolas e creches, e não conseguimos instalar porque não suportam a carga.

Dengue e polêmica — Nós estamos num momento de desaceleração da dengue em Campos, mas tem um grupo de agentes de endemia que, no apagar das luzes do governo Rafael, ele botou para dentro. Mais de 300. Quando a gente assumiu, criou uma comissão, e essa comissão comprovou que esses agentes não teriam direito, porque não tinham um documento específico. E agora, com a epidemia de dengue, essas mesmas pessoas estão tentando entrar. Se houvesse uma grande epidemia e a gente tivesse que contratar, poderíamos até contratar. Mas, a dengue está desacelerando. Se voltar, der um pico, aí vamos ter que fazer processo seletivo. Eu não posso nem contratar essas pessoas.

Parque Ecológico — Já vamos começar as obras. Queria dar essa boa notícia aqui em primeira mão. Nós fizemos, no final do ano passado, um termo aditivo no contrato da Águas do Paraíba, em que demos várias obrigações a ela além do que está previsto em contrato. Uma das obrigações é o início da construção do pórtico do Parque Ecológico Municipal, na Arthur Bernardes. O Parque Ecológico começa a ser construído no mês de maio. O projeto do pórtico, inclusive, já está pronto. A Águas do Paraíba está na fase interna de finalização de licitação para a contratação da empresa que vai começar a fazer.

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