Um majestoso solar construído no século XIX, que foi residência do ilustre campista Alberto Lamego, desponta na paisagem de quem transita na BR-356, entre Campos e São João da Barra. O Solar dos Airizes foi o primeiro imóvel tombado em Campos. Por inciativa do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 1940, o tombamento demonstrou que a manutenção do casarão era de interesse nacional. O purismo arquitetônico e sua imponência fazem do Solar de Airizes um valioso patrimônio campista. Além do – também objeto do tombamento – mobiliário e a pinacoteca de Alberto Lamego, localizada hoje no Museu Antônio Parreiras, em Niterói.
O solar e as “suas” terras foram vendidos pela família Lamego a uma empresa sulista ligada ao ramo imobiliário. Hoje, encontra-se em situação precária. Caso nenhuma intervenção seja proposta e realizada, a probabilidade de o campista acordar com a notícia de que o Solar veio ao chão é cada vez maior.
O mesmo órgão que realizou seu tombamento na década de 1940, O Iphan, responsável pela preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial do país, atravessa um momento de crise. Na última segunda (11) foi nomeada para a presidência da instituição Larissa Peixoto, mulher de um ex-segurança do presidente Bolsonaro e com formação em Turismo e Hotelaria. Sua nomeação foi questionada pelo Ministério Público Federal nesta quarta (13) para que o governo se justifique, uma vez que a nomeação não atenderia aos critérios definidos pelo 9.727/2019: “perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo ou a função para o qual tenha sido indicado”.
Uma crise sanitária mundial devastadora, grave crise econômica anterior e prevista, crise institucional e social, presidência do Iphan contestada. Somando-se o recente fechamento do Museu e do Arquivo Público em Campos, pode ser uma tempestade perfeita para a cultura e o patrimônio histórico do município. A ruína do Solar dos Airizes pode ser uma de suas consequências. Principalmente em momentos de grave crise a defesa dos elementos de identidade nacional ultrapassa a questão cultural. Torna-se a uma questão social. Além de ser a preservação do patrimônio, quando bem planejada, possibilitar o desenvolvimento do país, gerar empregos e ser um importante elemento da sustentabilidade de cidades.